Hyunjin voltou para dentro de casa e dirigiu-se ao seu quarto, mas ouviu seu pai chamá-lo.
- Hyunjin? Faça companhia ao seu velho, - gritou da cozinha.
- Não tô afim, tô cansado, - respondeu Hyunjin quando se aproximou.
- Senta, - o mais velho falou e novamente bateu o punho na mesa quando viu que o filho não sentou. - Eu disse para se sentar.
Hyunjin, com medo, acabou se sentando.
- Você esses dias perguntou o motivo de eu tratar você assim, você quer saber o porquê? - O mais velho falava embolado, com os olhos quase fechados: - eu tenho raiva, ódio. E não, não é de você, é da situação. Odeio ver sua mãe assim e sei que em breve ela vai nos deixar. - Bebeu um gole de suco e continuou o monólogo.
- E por isso eu sinto raiva, porque eu não consigo ajudar, o dinheiro que eu recebo vai quase todo para essa casa. E isso me deixa com raiva e acabo descontando. Mas eu chego em casa, e vejo você... a raiva me consome, eu não sei explicar. E eu vejo como você trata e olha para sua mãe e vejo como você me trata e me olha e eu odeio esse seu olhar, esse mesmo que você está me dando. - Se virou finalmente para o filho e agarrou seu rosto, apertando cada vez mais.
- E a minha vontade é de acabar com ele no mesmo segundo, e é por isso que eu te bato. Mas você não aprende - desceu sua mão para o pescoço do filho - quanto mais eu bato, maior esse seu olhar sobre mim. - Apertou mais forte, sentindo o filho tendo dificuldade para engolir a saliva.
- Sua mãe não merecia isso, ela é uma boa pessoa - soltou o pescoço do filho e levantou - devia ser você no lugar dela.
Hyunjin também se levantou, soltava tossidas e tentava regular a respiração.
- Infelizmente não sou eu no lugar dela e quando ela morrer, você vai ter que viver com a culpa de que não ajudou ela, que deixou ela sofrendo. Se eu te olho desse jeito é porque eu tenho nojo, repulsa de você. - Parou na frente do pai - você não a merece e vai viver o resto da vida com culpa e arrependimento.
Naquele momento, viu o olhar de seu pai mudando, sabia o que viria a seguir e não demorou. O primeiro soco veio rápido e forte, fazendo Hyunjin cambalear, o segundo veio no mesmo lugar, com mais força ainda. O terceiro e último, veio para o seu maxilar, ficou tonto com o soco que acabou caindo no chão.
Achou que seu pai fosse continuar, estava no chão, encolhido e sentindo dor, mas nada veio, nenhuma palavra, nem chute, nada, apenas ouviu a porta da sala se fechando.
Minho testemunhou o exato momento em que o pai de Hyunjin saiu de casa, cambaleando e com uma expressão raivosa no rosto. A vontade de Minho era confrontar o mais velho e obter explicações, mas decidiu que seria melhor não fazê-lo. Seu foco estava em Hyunjin; ele saiu do carro e entrou na casa, para sua sorte, o mais velho não a havia trancado.
Hyunjin começou a chorar, finalmente compreendendo o motivo por trás de toda essa agressão. Ele chorou como uma criança, como se tivesse perdido o melhor brinquedo, até seus olhos e cabeça doerem. Sentia o gosto metálico entrando na boca e sua cabeça latejando. Um toque suave em sua cabeça o assustou, mas era cheio de carinho e cuidado. Tirou o cabelo do rosto e olhou para Minho, o dono daquela mão, e chorou ainda mais.
- Hyune? - Minho falou, afastando o cabelo do rosto do mais novo.
Hyunjin levantou mais rápido do que devia e se agarrou em Minho, o abraçando com tanta força que fez Minho cair sentado no chão. Hyunjin ficou entre suas pernas, o abraçando e chorando.
- Meu amor, deixa eu ver você, deixa eu ver esses machucados - Minho pediu com a voz calma, acariciando as costas do mais novo.
- Eu não quero que você me veja assim, falou entre soluços. Vai embora, me deixa sozinho. Some da minha vida.
- Para com isso, olha pra mim. - Minho puxou o rosto do mais novo e segurou entre as mãos. - Como é possível você ficar bonito até assim?
Hyunjin riu com o comentário.
- Vem, eu vou cuidar de você. - Minho se levantou e ajudou Hyunjin.
Foram caminhando até o banheiro, e o mais velho perguntou: - Você tem algodão e álcool?
- Dentro do armário, no pote de primeiro socorros - Hyunjin falou com a voz baixa.
Minho pegou o pote e voltou para Hyunjin, ajoelhou-se e pegou o elástico de cabelo que o mais novo usava no punho, prendendo seu cabelo.
- Eu vou limpar seu machucado, pode arder um pouco. Por sorte não feriu tanto - Minho falou enquanto molhava o algodão com água.
- Já tô ficando acostumado - falou rindo, mas logo fez uma cara de dor quando Minho passou o algodão em seu olho.
- Não tem graça, Hyunjin - Minho falou sério.
- Desculpa - Hyunjin ficou calado, deixando Minho terminar com a limpeza.
- "Eu vou passar o álcool agora - disse enquanto pegava o álcool e colocava no algodão. - Você ainda tem a pomada e o remédio da última vez?
- Tenho sim - Hyunjin falou e mostrou onde estavam os remédios.
Minho pegou os remédios e começou a passar a pomada no rosto de Hyunjin.
- Eu acho tão bonito quando você fica concentrado, você faz um biquinho e é tão fofo,
- Hyunjin falou, passando o dedo pela boca do mais velho.- Eu não faço isso - Minho segurou a vontade de rir.
- Faz sim, tá fazendo agora - Hyunjin riu junto com Minho, mas logo ficou sério. - Me desculpe por você ter presenciado isso, eu não queria. Me desculpe.
- Tá tudo bem, meu amor - disse olhando nos olhos vermelhos do mais novo.
- Minha mãe tem ELA - Hyunjin falou com a voz fraca - A doença está avançando mais rápido do que gostaríamos.
- Sinto muito - Hyune, abraçou o mais novo. - Queria poder fazer alguma coisa pra ajudar.
- Você já faz - Hyunjin tirou uma mecha que caia no olho de Minho.
- Você vai fazer alguma coisa com o seu pai? - perguntou e viu o mais novo com uma cara de confusão. - Denunciar? Ir embora daqui?
- Não posso, Minho, a gente não tem pra onde ir - Hyunjin viu a mente de Minho funcionando. - E antes que você fale alguma coisa, não, a gente não vai morar com você.
- Como você sabia que eu ia falar isso? - Minho riu.
- Eu te conheço, - Hyunjin disse.
- Foi pela doença da sua mãe que você trancou a faculdade? - Minho viu Hyunjin acenar com a cabeça. - Todas as vezes que você se machucou, foi seu pai?
- Não, na primeira vez que a gente se conheceu não, - Hyunjin esperou para ver se Minho falaria alguma coisa, mas o olhar dele era de quem queria ouvir mais. - Naquele dia eu tinha ido pagar um dinheiro que tinha pedido emprestado. Mas eu atrasei e eles não gostaram muito.
- Meu bem... - o mais velho abraçou o mais novo. - Se algum dia chegar a esse ponto, fala comigo, tá bom? Eu vou te ajudar. Mas não pede mais pra esses caras.
- Tá bom, Min, eu não vou fazer isso de novo, - secou uma lágrima que já ia caindo. - Você pode ficar comigo hoje?
- Claro que posso. Tudo o que você quiser, - Minho deixou um beijo na bochecha do mais novo.
- Eu vou pegar uma roupa pra você tomar banho e depois eu vou, - Hyunjin falou enquanto se levantava e saía do banheiro.
- Ou você pode tomar banho comigo? - Minho sorriu sacana.
- A gente ainda nem se beijou e você já tá pensando nisso? - Hyunjin soltou uma gargalhada e entregou uma muda de roupa e uma toalha limpa.
- Meu bem, eu já pensei em tudo, - pegou as peças da mão do mais novo e o viu sair do banheiro e fechar a porta.
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Unexpected - hyunho
FanfictionMinho, quase encerrando seu expediente na clínica veterinária, surpreende-se com um barulho na porta. Ao verificar, encontra Hyunjin desmaiado e decide socorrer o rapaz. A partir desse dia, suas vidas se entrelaçaram de forma inesperada.