capítulo 31

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E mais uma vez Hyunjin estava no hospital, os dias pareciam estar rodando em loop, nada mudava, era sempre a mesma coisa. Ia para o hospital, o médico chegava e falava a mesma coisa, ficava com sua mãe e ia para casa. Ele já não aguentava mais, queria alguma mudança, alguma resposta da mais velha, mesmo que fosse mínima, mas não aconteceu, nunca acontecia.

Agora estava ele, sentado na poltrona, ao lado de sua mãe, com Jeongin do outro lado, lendo alguma notícia aleatória para a mais velha que viu no celular achando que ela iria gostar de saber. Hyunjin quis rir daquele ato, ele estava lendo para o nada, mas preferiu ficar quieto. Do lado de fora estava Minho, que não tinha ido trabalhar de novo, e Taemin, conversando sobre o caso da Sra Hwang.

Hyunjin às vezes encarava sua mãe, perdendo-se em um mar de pensamentos turbulentos. Questionava-se incessantemente sobre onde poderia ter errado e se haveria algo que pudesse ter feito de maneira diferente para evitar a situação em que se encontravam. Cada olhar para ela era um mergulho profundo em um oceano de culpa e incerteza, uma busca incessante por respostas que pareciam sempre escapar-lhe.

Sua mente estava tão repleta de preocupações e questionamentos que, por vezes, uma dor de cabeça lancinante se instalava, como se o peso de suas reflexões fosse demasiado para suportar. Sentindo-se sufocado pela atmosfera carregada do quarto de hospital, Hyunjin decidiu que precisava de um momento de alívio.

Ele saiu do quarto em busca de ar fresco, desejando temporariamente escapar da realidade sombria que o envolvia. Seus passos o levaram até seu namorado, cuja presença sempre trazia um conforto bem-vindo e uma sensação de normalidade em meio ao caos.

— Eu vou lá fora por um tempo, beber água e respirar um pouco de ar fresco... — Hyunjin falou rapidamente, ansioso para deixar para trás, ao menos por um instante, o peso esmagador da situação dentro do hospital.

— Eu vou com você — Minho levantou e segurou a mão do namorado.

Hyunjin, apesar de não querer, apenas concordou. Ele ansiava por solidão, mas estava tão exausto que não encontrou forças para expressar seus desejos.

Enquanto caminhavam em direção à saída, Hyunjin avistou alguém familiar na recepção do hospital. À medida que se aproximava, reconheceu a pessoa, e imediatamente seu sangue ferveu, seu punho se cerrou. Sentiu seu corpo tremer de raiva.

— Eu não acredito que ele teve a cara de pau de vir até aqui — Hyunjin falou entre dentes, sua voz pretendia ser baixa, mas saiu alta o suficiente para Minho ouvir.

— Está falando de quem, amor? — Minho intercalou seu olhar entre o namorado e o salão.

Antes que Hyunjin pudesse responder, viu quem se aproximava e seu maxilar se contraiu instantaneamente.

— O que você está fazendo aqui? — perguntou Minho, posicionando-se à frente de Hyunjin como uma forma de protegê-lo.

— Eu vim ver minha esposa — o mais velho respondeu com a voz baixa, suas mãos enfiadas nos bolsos da calça — e queria conversar com meu filho.

— Taemin está ocupado, melhor o senhor voltar outra hora. — Minho respondeu com uma frieza cortante, sua mandíbula tensa indicava a intensidade de suas emoções, enquanto as unhas cavavam dolorosamente em sua palma.

— Eu estava falando do Hyunjin — o mais velho respondeu.

Hyunjin, que até então estava calado e evitando o olhar, finalmente se deteve para observar o homem à sua frente, sentindo apenas repulsa ao encarar a figura diante dele.

— O que você quer comigo? — Hyunjin falou, emergindo de trás de Minho, sua voz carregada de desdém e desconfiança.

— A gente pode conversar em outro lugar? — o homem perguntou com a cabeça baixa, incapaz de encarar seu filho.

— Não, não podemos. O que você quer? Finalmente se preocupou com a sua mulher? Meio tarde para isso, não acha? — Hyunjin disparou com raiva, seu coração acelerado pulsando através de suas palavras carregadas de ressentimento.

— Hyunjin, meu filho, por favor... — o homem estava visivelmente nervoso, lutando para conter suas emoções, segurando o choro com todas as forças.

— Agora eu sou seu filho... Só vai embora, você não é bem-vindo aqui. Desaparece das nossas vidas — Hyunjin falou com amargura, virando as costas e desistindo de se afastar para o pátio do hospital.

— Me perdoa — o homem falou mais alto, buscando os olhos de Hyunjin para que pudesse ouvi-lo. — Eu quero pedir o seu perdão, meu filho, por tudo o que eu fiz. Eu errei, perdi minha família, machuquei pessoas que amava, machuquei você... Por favor, me perdoe!

Hyunjin travou instantaneamente, sentindo-se como se estivesse enraizado no chão, incapaz de se mover apesar de desejar desesperadamente fazê-lo. Ele permaneceu imóvel, lutando para controlar sua respiração acelerada, consciente do olhar atento de Minho sobre ele, o que só aumentava sua ansiedade. Depois de um tempo que pareceu uma eternidade, finalmente conseguiu reunir alguma força para reagir.

Um riso irônico escapou dos lábios de Hyunjin diante das palavras do pai, um riso carregado de amargura e incredulidade. Lentamente, ele se virou na direção do homem que um dia chamara de pai, avançando em passos hesitantes em sua direção.

Hyunjin falava com uma intensidade que parecia emanar de suas entranhas, cada palavra carregada de uma dor profunda e uma indignação palpável.

— Você não vai ter o meu perdão, não agora e nem nunca. O que você fez é imperdoável. Eu tenho nojo de você, raiva, desprezo. Sua existência me repugna. Você nunca fez nada de bom, só me maltratava, você quase me matou!! — Ele avançou na direção do pai, Minho teve que o impedir de partir para cima. Sua expressão era contorcida pela ira enquanto as palavras fluíam com uma ferocidade cortante. Seu rosto estava vermelho de tanta raiva, seus olhos injetados de emoção.

— E agora, que minha mãe está entre a vida e a morte, você vem aqui, buscar redenção, como se não tivesse feito nada, me chama de filho e pede desculpas? Sabe quanto tempo eu esperei para ouvir você me chamar de filho novamente? Era tudo o que eu mais queria, mas você parecia incapaz de fazer isso. — Sua voz tremia, carregada de mágoa e decepção.

— Agora, eu não quero ouvir essa palavra saindo da sua boca. Eu não quero ouvir sua voz. A única coisa que eu quero é que você suma... Você morreu para mim. — A última frase foi proferida com uma determinação fria, o semblante de Hyunjin marcado por uma mistura de dor e resolução.

Hyunjin saiu apressadamente, ignorando os chamados de seu namorado, sua mente mergulhada em uma tempestade de emoções. Ele correu para escapar daquela situação angustiante, ansiando por encontrar um refúgio tranquilo para estar sozinho consigo mesmo. No entanto, seu plano foi abruptamente interrompido por Minho, que segurou seu braço com firmeza.

— Amor, vamos conversar. Como você está? — Minho perguntou com voz calma, preocupação evidente em seu olhar.

— Me deixe em paz, Minho. Eu quero ficar sozinho — Hyunjin respondeu rapidamente, tentando se libertar do aperto do namorado.

— Mas eu quero te ajudar, ficar com você... Divida isso comigo — Minho se aproximou de Hyunjin e segurou delicadamente seu rosto, buscando estabelecer contato visual e transmitir seu apoio.

— Eu não quero sua ajuda, eu só quero ficar sozinho. Você pode fazer isso? Pode me deixar em paz? — Hyunjin se afastou bruscamente, não esperando por uma resposta, e saiu apressado pelo corredor do hospital, determinado a encontrar um momento de solidão para confrontar seus próprios sentimentos tumultuados.

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