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capítulo 15

MINHO
point of view

— Eu vi a entrevista. — Jisung e Changbin atravessaram a sala de prática e se sentaram ao meu lado.

— Você vai se retratar? — Bin perguntou.

— Eu nunca cheguei a achar que eu precisaria vir a público para explicar o porquê do meu uso contínuo de remédios. Sabe, é tão pessoal para mim e nem eu sei lidar com esse assunto ainda. Felix não tinha esse direito.

— Eu sinto muito, Lino. — Han deitou a cabeça em meu ombro e segurou minha mão, Bin fez o mesmo com a outra que estava posta sobre a minha coxa.

Fechei meus olhos e por um momento, deixei que minha mente voltasse ao passado, ao tempo em que a dor não era tão presente em mim e eu sabia lidar comigo mesmo.

[...]

— Não imaginei, em momento algum da minha vida, que estaria tendo que vir a público para desfazer um mal entendido. Se é que quem disse aquilo sobre mim, achou que era algum. — eu comecei, encarando a câmera do meu celular voltada para mim. — Primeiramente, sinto muito que essa história dita por ele tenha trazido algum gatilho para alguém, é um tópico bem sensível até mesmo para mim.

Suspirei e encarei o chão.

— Minha vida virou de cabeça para baixo nos últimos anos, tantas coisas aconteceram comigo e ao mesmo tempo que sou grato por isso, desejo voltar no tempo e nunca mais fazer as mesmas escolhas. Por favor, não interpretem mal a situação dos remédios. Eu não sou viciado, tenho problemas com insônia desde a infância e tenho dificuldade para fechar o olho desde que perdi duas pessoas muito importantes na minha vida.

Apertei a corrente que rodeava meu pulso o mais forte que pude, até sentir que a pulseira estivesse colada a minha pele.

— Foi um período bem sombrio da minha vida, não tenho mais minha família de sangue e os únicos que me restam são a minha banda. Eles são tudo para mim e não aceito que vocês ataquem eles por coisas que foram direcionadas a mim. Não havia necessidade nenhuma de eu vir me retratar sobre o que Felix disse sobre mim, mas ver vocês tão decepcionados com isso me fez sentir na obrigação de ao menos me explicar.

Só Deus sabe o quanto eu tentei não chegar ao ponto de ter que segurar o choro em frente a uma câmera.

— Tirem todas as conclusões que quiserem sobre a minha pessoa, o que eu sou ou deixei de ser é muito relativo para qualquer um. Você pode achar que sou gentil e educado, e ele pode achar que sou grosso e egoísta, varia muito de pessoa pra pessoa. Mas por favor, não afirme coisas sobre as quais você não tem a mínima ideia da profundidade delas. O mundo vai muito além do que você costuma achar que é, um sistema não gira ao seu redor. É isso que eu gostaria de esclarecer, obrigado pelos comentários positivos, espero que fiquem bem.

Desliguei a câmera e deslizei no chão, logo sentindo meu corpo trêmulo ser abraçado por Jisung.

— Elas devem estar tão decepcionadas comigo. — sussurrei em meio às lágrimas.

— Jamais, Lino. — Han acariciou meu cabelo. — Elas estão orgulhosas.