Tae está de frente para Jennie, que está em cima da máquina de lavar com as pernas em volta dele. Os dois estão se beijando como se quisessem descobrir quanto o eletrodoméstico consegue aguentar.
Não sei se existe uma palavra para o que estou sentindo; é como se eu fosse um livro sendo folheado e as páginas fossem tristeza/traição/ciúme/mágoa/Jennie/por quê?.
Ela está beijando Tae e o segurando entre as pernas como se precisasse prendê-lo ali, mas eu sei que não precisa. Eu sei como é beijar Jennie. Dá vontade de ficar ali para sempre, sem querer perder nem um segundo.
O rosto de Jennie está seco como se ela nem tivesse chorado. Não vou aguentar. Não posso me torturar dessa forma. Isso é doentio. O que ela faz é doentio. Ele é um babaca, e talvez faça coisa até pior do que bullying. Eu não sei, mas não vou ficar aqui para descobrir.
Eu me viro antes que eles me vejam, abro a porta de deslizar e saio correndo. Não tem mais ninguém na piscina; todos estão bebendo lá dentro, e as boias utuam solitárias sobre a água.
O ideal seria pegar minha bicicleta e ir embora, mas minhas têmporas estão doendo e minha visão está escurecendo. Preciso me acalmar antes de ir.
Desmorono sobre um banquinho de cimento e enterro a cabeça nas mãos, tentando contar minha respiração e perdendo a conta no sete. Depois no três. Depois no quinze.
Merda. Não consigo parar de pensar naquela cena. Será que ele já tirou a roupa dela? Eles vão transar ali mesmo, na máquina de lavar?
Meus olhos cam marejados, então olho para o céu e pisco com força para afastar as lágrimas.
Jennie não as merece. Não mesmo. Não até que ela fale comigo.
— Tá tudo bem?
Olho para trás, e Bambam está aqui, com as mãos nos bolsos. Eu não o ouvi chegar.
Dou de ombros. Se eu tentar falar, vou começar a chorar. Ou até mais do que isso. É difícil dizer depois de hoje. Dessa semana. Da existência de Jennie em minha vida.
Ele pega um baseado e acende, sem me oferecer. Que mal-educado. Parte de mim quer experimentar. Me desligar. Suavizar as pontadas que estou sentindo no peito. Sinto que estou sangrando cada vez que inspiro, ferida por minha própria fraqueza.
— Posso? — pergunto.
— Só se falar comigo — responde ele.
Fico olhando para Bambam.
— Parece que você precisa muito conversar — explica ele.
— Que altruísta da sua parte.
Ele me passa o baseado, e eu dou uma tragada. É quase doce... um gosto que nunca senti antes. Seguro a fumaça em meus pulmões o máximo que posso, respirando devagar.
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Girls Like Girls | JENLISA
RomanceLisa sente que não é a mesma desde a morte da mãe. Forçada a morar no interior do Oregon com o pai que abandonou a família, a garota se vê sozinha em um lugar desconhecido e conservador. Não parece o melhor momento para abrir seu coração, mas tudo m...