29 | Bong.

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Nayeon deixa todas as janelas do carro abertas

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Nayeon deixa todas as janelas do carro abertas.

— Não tenho ar-condicionado — explica ela, dirigindo.

Deixei minha bicicleta na lojinha e estou sentindo o ar quente esvoaçar meu cabelo. Faço um rabo de cavalo com um elástico que eu tinha no pulso, mas mesmo assim alguns os continuam voando com o vento.

O carro dela é a definição de lata-velha. Não que eu possa julgar, já que só ando de bicicleta, mas o espelho retrovisor está preso com fita adesiva e o banco traseiro é mais remendado do que uma calça antiga.

Nayeon coloca um CD no aparelho de som, e em seguida uma música da Nine Inch Nails começa a tocar num volume estrondoso.

— Moro perto do riacho — anuncia Nayeon, como se eu devesse saber onde fica.

Sério, às vezes acho que os habitantes desse lugar não conseguem conceber a ideia de que algumas pessoas não conhecem a cidade.

— Ah, que legal — respondo.

O que mais eu poderia dizer? Perguntar "Que riacho?", talvez? Mas então Nayeon perguntaria onde eu morava e eu começaria a pensar na minha mãe, e então...

Quero esquecer. De tudo. Só por um segundo. A ideia de ficar chapada parece ser o paraíso. Quero rir de um desenho animado e comer toneladas de Cheetos.

Nayeon não parece achar ruim que a gente não converse muito no caminho. É meio estranho, mas fico aliviada.

Quanto mais nos afastamos da cidade, mais percebo que "o riacho" é bem longe. Ela faz uma curva e entra numa estrada de terra.

— Caramba, você mora bem longe — comento. Nayeon dá uma risada.

— Ninguém nunca reclamou.

— Ficou chateada?

Ela balança a cabeça e estaciona em frente a uma casa meio antiga com telhado enferrujado. Estreito os olhos para ter certeza, mas sim, as telhas são bem nas. Acho que pensei que telhados assim não eram usados há muito tempo.

Um cachorro late do outro lado da cerca que rodeia a casa.

Ela me leva para dentro. Lá está fresco graças às arvores ao redor. Ela me conduz por um corredor escuro com carpete bege. E, quando chegamos ao quarto dela, percebo que o cômodo é escuro também. Ela tem cortinas pretas e um cobertor do Buzz Lightyear. A única fonte de luz lá dentro é uma lâmpada de lava.

Nayeon se joga na cama, e eu dou uma olhada em volta, observando os livros e todas as coisas empilhadas nos cantos.

— Você gosta de ler? — pergunto.

— Às vezes — responde ela. — Gosto de fantasia. E você?

— Não gosto tanto — confesso. — Mas talvez eu não tenha lido o livro certo.

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