Naquela tarde, chego à casa de Jisoo me preparando mentalmente para o que vou encontrar.
Talvez ir não tenha sido a melhor das ideias, mas já estou quase lá. Avisto uma casa com um visual dos anos 1970 que só pode ser a dela, então pedalo até lá e deixo a bicicleta apoiada num chafariz no jardim. Quem tem um chafariz hoje em dia?
Mesmo do lado de fora consigo ouvir as conversas e o baixo de uma música.
Você pode só dar uma passadinha, digo a mim mesma à medida que avanço até a porta. Tentar falar com ela. Depois você dá o fora.
Toco a campainha, e a porta se abre surpreendentemente rápido, então mal tenho tempo para me preparar. E lá está ela. É como se os olhos de Jennie, um segundo antes tão escuros, se iluminassem.
- Você veio - diz Jennie com um suspiro.
Ela se aproxima com a intenção de me dar um abraço, mas para no meio do caminho. Seus braços ficam estendidos de um jeito desajeitado por um instante desconfortável antes de ela abaixá-los.
- Hum. Aham. Obrigada por me convidar.
- O pessoal está na sala - anuncia Jennie.
Chegando na sala, dou de cara com vários amigos delas, corpos e cerveja.
- Quer beber alguma coisa? - indaga Jennie. Balanço a cabeça.
- Não, hoje não.
Jennie sorri.
- Também não estou muito afim. Quer vir se sentar?
Assinto e me sento ao lado dela na namoradeira, mantendo nossos joelhos afastados e tomando o máximo de espaço possível. Ali não é o melhor lugar para conversar com ela. Precisamos de um lugar silencioso, e essa sala está cheia de gente.
A música muda de um som animado para um ritmo lento e arrastado, e as pessoas que antes estavam dançando reajustam os movimentos para acompanhar a nova trilha sonora. Jennie ri e aponta com a cabeça para um casal dançando perto de onde estamos.
- A gente deixa eles no chinelo - diz ela.
Dou uma risada. Não consigo evitar. Mas o riso morre depressa, porque a voz dele ecoa através da sala, arruinando o momento.
- Jennie! Vem, gatinha!
O rosto dela murcha quase instantaneamente. Tae se aproxima e se senta no braço da namoradeira, ao lado de Jennie. Ele acaricia o ombro dela, e Jennie se desvencilha do toque com um movimento ríspido.
- Vem cá - repete ele, pegando Jennie pela mão e a puxando para ele.
- Tae - repreende Jennie -, você está bêbado.
- E você também deveria estar. Vem, tem tequila. Tae puxa Jennie, e ela o segue, reclamando.
Também me levanto da namoradeira. Eu me recuso a me deixar ficar mal por causa disso outra vez. Eu me recuso a fazer parte dessa merda de ciclo innito. Tentei conversar com ela, mas não funcionou. Isso significa que é hora de ir embora.
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Girls Like Girls | JENLISA
RomanceLisa sente que não é a mesma desde a morte da mãe. Forçada a morar no interior do Oregon com o pai que abandonou a família, a garota se vê sozinha em um lugar desconhecido e conservador. Não parece o melhor momento para abrir seu coração, mas tudo m...