Sozinha e com tesão

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CONSULTÓRIO DA DRA. THAIS

O desconforto em permanecer sentado naquela recepção já era conhecido. Ficar parado, olhando para a parede, sem fazer nada com a mente, trabalhando a ansiedade sobre o que acontecerá do outro lado daquela porta. Visitas a médicos são assim, e já havia vivido isso com Íris, mas dessa vez não seria sua urologia a atendê-lo

Os cabelos loiros, cacheados, desciam até um pouco além dos ombros. Tinha olhos pretos e um rosto fino, delicado. Ao contrário de Íris, tinha uma voz firme, quase sempre impositiva, mesmo sendo educada. Vestia uma calça bege, combinada com um fino casaco da mesma cor sobre uma blusa branca.

Thais cumprimentou seu paciente e o conduziu a se sentar em um sofá, sentando-se de frente para ele. Colocou uma prancheta no colo e iniciou uma conversa despretensiosa com ele. Assim soube de ter sido indicada por Íris, sua velha amiga. Esta foi uma de algumas surpresas em uma conversa inicial entre terapeuta e paciente.

— Roberto, você tem algum hobby?

O paciente franze o cenho durante a longa pausa antes de responder.

— Eu escrevo.

— Que tipo de escrita o senhor produz? É romancista, faz poesias?

Roberto respira fundo,

— Na verdade, são contos... eróticos.

Thais faz anotações em sua prancheta e Roberto tenta imaginar se isso seria bom ou ruim.

— Acho interessante essa forma de expressão da própria sexualidade. Acho bem saudável. Escreve com frequência?

A expressão confusa de Roberto fica sombria.

— Na verdade, parei de escrever tem algumas semanas. Perdi a vontade

— Essa desmotivação tem algum motivo?

— Muita coisa aconteceu nos últimos dias. Fui demitido, justamente por uma das mulheres com quem eu me envolvia.

— Vocês tinham um relacionamento estável, eram namorados?

— Não. De todas elas, a minha namorada é a única que continuou comigo.

— "Todas elas"? — Thais franze o cenho. 


AMANDA

Um lento abrir de olhos iniciou a segunda-feira de Amanda. Sentir o corpo de Roberto a abraçando por trás a estimulava a ficar ali, mas a contragosto ela se levantou. Vestia apenas uma calcinha branca, desajustada, parcialmente entrando em suas nádegas. Caminhou enquanto bocejava e foi tomar banho. Voltou ao quarto e vestiu outra roupa. Ao perceber o namorado acordado, vestiu a calcinha lentamente para provocá-lo. Ele sorriu, mas sem entusiasmo. Amanda ainda fez o café, deixando alguma coisa pronta para Roberto e comeu. Até sair de lá, ele ainda não levantara da cama. Ela se despediu dele, com seu charmoso sorriso, que se desfez quando ela cruzou a porta.

Havia se passado meses desde que Roberto se recuperou de seus problemas, consolidando um relacionamento com Amanda, Sandra, Íris, Rebeca e Denise. Foi uma época de muita união entre eles, regados a encontros sexuais furtivos naquela sala oculta 

Uma manhã se segunda-feira significava um escritório agitado, com pessoas falando em todos os cantos, mas para Amanda havia um vazio. Roberto não estava mais lá. Coisas simples com vê-lo trabalhar ou flagrá-lo anotando ideias para seus contos eróticos faziam uma falta tamanha. Era com ele, seu companheiro, que ela dava a maioria de suas risadas. A presença dele fazia o tempo passar mais rápido e a estimulava a trabalhar. Agora, o tempo se arrastava naquela sala solitária.

Departamento das Fantasias Secretas IIOnde histórias criam vida. Descubra agora