Localizada em Chelsea, uma das áreas mais cobiçadas de Londres, a mansão Seraphim chamava a atenção tando dos bruxos quanto dos trouxas que passavam por ali.
Como herdeira desse sobrenome, Celeste carregava em suas veias o sangue puro de uma linhagem de bruxos poderosos, tão influentes e ricos quanto os Black's. Não era de se admirar que sua residência espelhasse esse status.
— Senhorita Celeste — o alto auror postado à entrada da casa a cumprimentou, abrindo a porta para ela.
Colocando os pés para dentro de casa, prendeu a
respiração por um breve momento enquanto segurava firmemente a alça de seu malão.Estava oficialmente em casa.
Um elfo doméstico surgiu com um estalo e desapareceu com a bagagem antes que ela pudesse reagir.
— Lar, doce lar... — Celeste murmurou com tristeza, percebendo que, mesmo após um ano fora, seu pai, a única pessoa de sua família que lhe restava, não havia feito questão de recebê-la.
Caminhando pelo longo corredor adornado por quadros de seus ancestrais, sentiu um calafrio ao passar pelo retrato de seu bisa-avô Abel, o qual possuía olhos tão amarelos e penetrares que pareciam a queimar viva.
Encarou o retrato e deu a língua.
— Esse velho sempre pareceu ter bosta debaixo do nariz — a voz soou de repente, assustando Celeste.
Seu coração disparou e suas pernas vacilaram por um breve momento. Com os olhos mais arregalados que o normal, virou-se para a porta do escritório de seu pai, Cassian, que a encarava. Desde a chegada da carta, não tinha tido mais contato com ele. A única memória que tinha desse dia era de uma discussão que lhe desencadeou um ataque epiléptico tão intenso que a fez perder a consciência por um tempo.
— P-pai, oi — Ele parecia mais velho, as linhas de expressão mais marcadas e olheiras profundas.
— Como você está? — perguntou se aproximando devagar.
— Estou em casa novamente, não poderia estar melhor — Um atrevido sorriso de escárnio se fez presente em seus lábios.
Cassian suspirou concordando.
— Acredito que a viagem foi exaustiva. Você parece cansada. Vou pedir para prepararem algo. Relaxe com um banho e depois conversamos, tudo bem?
Concordando, ela subiu as escadas. Ao abrir a porta de seu quarto, tudo estava exatamente como ela havia deixado. Após um longo banho relaxante, onde a água quente ajudou a soltar a tensão de seus músculos, ela se vestiu e desceu as escadas.
Um elfo a avisou que a refeição seria realizada no pátio.
Ela caminhou pelo trajeto de pedras até avistar a extensa mesa de madeira, decorada com belos arranjos florais, localizada no meio do jardim.
— Sente-se — indicou seu pai, apontando para a cadeira de estofado branco a sua frente.
Um silêncio desconfortável pairava ar quebrado apenas pelo barulho dos talheres. Cassian parecia querer dizer algo, mas hesitava, como se as palavras certas lhe escapassem.
Brincando com a comida em seu prato, Celeste ergueu os olhos, observando seu pai cortar o filé de dragão dourado, uma iguaria que poucos bruxos tinham o privilégio de degustar.
Relembrando da ceia de natal, sua mente vagou para longe, até George, o coitado provavelmente nunca teria oportunidade de experimentar tal prato, sua situação financeira mal lhe permitia comprar doces no carrinho da bruxa no trem.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Let The Light In | Fred Weasley
Romance- Nós vamos ter que trabalhar nisso todos os dias, mas eu quero fazer isso! Porque eu quero você. Eu quero você. Eu quero você e eu para sempre.