Caterinne se levantou e foi tomar uma xícara do tão bem preparado café de sua avó, sentou-se na varanda observando as árvores que dançavam com o vento fresco da manhã. A sua cachorrinha Terê estava em seu colo recebendo carinho enquanto adormecia docemente.Ela não parava de pensar em como sua vida estava diferente depois do aparecimento de Verônica, havia descoberto que a vida ainda tinha planos para ela, existiam pessoas que a amavam e que o céu ainda estaria ali, em diferentes tons, os pássaros ainda iriam cantar quando o sol liberasse sua primeira faixa de luz, os carros ainda iriam circular e emperrar o trânsito pela manhã, tudo ainda estaria ali.
O luto é um processo que Cat já havia lidado, mas nunca esperou que tivesse que encarar tão cedo o mesmo com sua adorável mãe. Elas eram inseparáveis.
Depois de tirar um tempinho pra si, foi verificar seu celular e como de costume, Verônica já havia aparecido.
[Bom dia! Sei que ontem foi confuso, ainda estou assimilando... Mas saiba que você é incrível, a pessoa mais interessante que já conheci, Caterinne.]
Podia dizer o mesmo de Verô, aquela garota era fascinante. Mas, de alguma forma, não se sentia segura, o passado era algo difícil de se pensar. E ela não queria perder mais ninguém.
Conversaram sobre os planos para esse final de semana, Cat iria ao shopping com Leah, obviamente apenas para apreciar as livrarias. Já Verônica tinha alguns ensaios de sua banda, eles haviam marcado de ir a algum monte para ver o sol se pôr e tomar alguns vinhos baratos.
Caterinne se assustou com a ideia, mas Verônica já era quase maior de idade, então nem a questionou.
[- O Marcus vai levar a Denise e a Karen, tem problema pra você?]
Ao ler o que Verônica disse, sua insegurança só aumentou. A bebida geralmente acaba te fazendo perder os sentidos. O que as duas tiveram foi algo bem intenso pelos textos que a maior escrevia sobre Denise. Confiava em Verô, mas mesmo assim, não podia dizer que estava se sentindo confortável com a ideia, aliás, ela nem sabiam o que tinham, ou se aquilo era algo sério. Decidiu fingir costume.
[Por mim tudo bem, Verô. Espero mesmo que todos vocês aproveitem muito! :)]
Tomou um longo banho para relaxar, calçou seu coturno, colocou um vestido que ia até um pouco acima de seus joelhos na cor branca com alguns detalhes em preto e vestiu por fim os óculos escuros redondinhos que herdou de sua mãe.
Se despediu de sua avó e desceu até a rodoviária com Leah. Mandou uma mensagem para Verônica dizendo que ficaria sem área durante o trajeto, pois o shopping e localizava em uma outra cidade. Ela estava apreensiva, mexendo sem parar nas próprias mãos e estralando os dedos, o que fez sua amiga se preocupar.
- Você está bem, Cat? - Disse pousando suas mãos em cima das de Caterinne na tentativa de cessar o tremor, a olhando com ternura.
- Estou sim, Leah. Não se preocupe, só não gosto de andar nesse ônibus tão barulhento! - As duas riram e seguiram a viagem enquanto sua amiga falava dos meninos da nova escola e aproveitava para empurrar algumas garotas para Cat em tom de brincadeira.
Leah ainda não sabia da existência de Verônica, não havia contado para absolutamente ninguém. Era seu segredo valioso. Aliás, queria entender primeiro o que era aquele misto de sentimentos antes de falar para qualquer pessoa.
Chegando no destino, andaram por diversas lojas, viram as novas tendências, acompanhou Leah comprando roupas e depois a amiga a esperou na livraria distraída com um sundae de morango gigantesco sentada em uma das poltronas do imenso espaço. Caterinne se perdia em naquele paraíso, observava cada detalhe, sentia o cheiro das páginas como uma boa leitora. Comprou alguns livros de poesia nacional, e um chaveiro no caixa a chamou a atenção. Era uma borboleta azul, com um mapa estampado em suas asas. Se recordou imediatamente da pessoa na qual estava aos poucos, entregando seu coração. O segurou com ternura, e o levou também.
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Além das milhas - Romance Lésbico
Roman d'amourCaterinne e Verônica acompanham uma a outra através das telas. Uma paixão que se desenvolve da adolescência até a maturidade de ambas. São 10 anos de idas e vindas, fases e corações partidos. Um encontro de almas, uma empatia imediata, um sentiment...