Capítulo 9

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Meus queridinhos, é a partir desse capítulo que as coisas vão começar a se encaixar (ou não kkk). A história dessas duas mal começou, muita água ainda vai rolar. Espero que gostem, beiju!

Verônica se remexia na cama com certo desconforto, virando de um lado para o outro na esperança de conseguir descansar daquele mês extremamente exaustivo.
Mal manteve contato com Caterinne naquela semana, teve algumas provas na faculdade, além de ter subido de cargo na cafeteria.
Agora estava na gerência, administrando basicamente tudo já que o dono estava no auge da velhice e não tinha herdeiros confiáveis. Setembro se baseou numa tremenda loucura!

Verônica se recusava a aceitar que também reprimiu-se o máximo que pôde para não ligar ou simplesmente mandar uma mensagem de texto para a doce Caterinne.
Aliás, já se passavam das 3AM.
Não dando o braço a torcer, foi até o armário de seu novo e pequeno apartamento recém adquirido em busca de uma garrafa de vinho barato. Sem sucesso, remexeu nas caixas de mudança ainda espalhadas pela sala, surpresa por ter encontrado não só a bebida mas sim, um mar de memórias.

Lá estava ele, quase brilhando como nos desenhos animados. O fatídico caderno amarelado que por sua vez estava ainda mais velho, ainda mais empoeirado e mais intenso do que o comum.
Ocasionando um misto de sensações e lembranças.
Ali estavam guardados seus mais puros e sinceros sentimentos, coisas que ela havia feito questão de apagar da memória, já outras, nem que alguém a batesse na cabeça ou que fosse abduzida por extraterrestres seria capaz de esquecer.

Segurou firme por longos minutos encarando a capa desbotada pelo esquecimento. Lembrou-se de Caterinne, tudo o que havia feito para a mesma, de seu egoísmo e noites em que suas almas se amaram como amantes.

Sem nem cogitar e com seus olhos marejados pela regressão sentimental, buscou o contato de Cat na agenda até ouvir um rouco, sonolento e confuso "alô?".

- Catzinha?

- O-oi Vê? O que aconteceu?

- Relaxe, está tudo bem! Só... Saudade

- Saudade ou solidão? - Brincou Caterinne

- Desculpe te acordar, juro que é só saudade!

- Ok, estou aqui. Sou toda sua!

- Não fale isso nem de brincadeira...

- Ah é? E por que não? - Disse sarcástica

-Porque eu vou te querer todinha só pra mim e não vou te deixar escapar nunca mais...

Caterinne podia sentir os pelos de suas costas arrepiando até o couro cabeludo. Um calor a invadiu por completo, como se seu corpo conversasse com o de Verônica a quilômetros de distância. Suas almas estavam dançando sob o céu quase amanhecido.

Ela não conseguiu responder à aquela investida, abriu a janela e pôde estremecer com a brisa fresca daquele outono paulista. Seu coração ardia pela presença de Verônica. Caterinne precisava de mais, almejava pelo toque, beijo, calor e segurança que Verô poderia lhe entregar.

- E se eu estiver falando sério?

- Você quer ser minha?

  Silêncio...

- Digo, você já é sua, eu só ficaria com um pedacinho pra mim, sabe? Não quero ser obsessiva nem nada e...

- Sim, eu ainda quero lhe dar esse pedacinho, Verônica! - Sorriu abertamente

- Mas, eu quero fazer tudo certo! Vou lhe dar uma aliança, quero pedir a benção do seu pai e tem a sua avó também, não é? Podemos ir visitar a lápide da sua mãe se isso te fazer se sentir melhor, levaremos flores e o seu pai? Do que ele gosta? Aqui em minas tem cachaças maravilhosas! Posso levar uma de cada para que ele experimente! Sua avó ainda cozinha?...

Caterinne só sabia rir do nervosismo da maior, era impressionante o fato de Verônica já parecer ter tudo na ponta do lápis, como se já tivesse um plano arquitetado milimetricamente para esse memorável momento.

- Você é incrível, eu amei suas ideias, mas... Vamos com calma, pode ser?

Pôde-se ouvir o suspiro do outro lado da linha.

- Claro, podemos sim. - Respondeu Verô
- Enfim, o que nós somos então?

- Haha, o que houve com a calma? Eu não vou fugir, Verônica!

- Não quero te perder novamente, Catzinha...

Naquele momento o coração de Cat amoleceu, derreteu completamente. Como uma pessoa poderia chegar do nada e simplesmente trazer tudo à tona dessa forma?

- Eu quero te ver, isso eu posso?

Sem se dar conta de que nem tinha respondido a coitadinha, disse em prontidão:

- Claro... Estou ansiosa para finalmente conhecer a mulher que mexe comigo por quase uma vida inteira!

- Várias vidas, querida! V-Á-R-I-A-S! Entendeu?

O sorriso simultâneo nascia nos lábios de ambas até pegarem no sono, era a sensação de estar vivo. A drenalina do sentimento mais nobre existente. Aquela noite não era uma madrugada qualquer, Caterinne podia ouvir as batidas de seu coração ressonando alto pelo quarto, aquilo era paixão? Ela estava mesmo planejando vir vê-la?

- O que houve? - Disse Verônica em tom de preocupação.

- Eu não sei se estou preparada pra isso, e se você me magoar de novo? Eu sei que, o tempo passou, você mudou... É que o que aconteceu me deixou marcas profundas, Verô.

Caterinne podia ouvir os suspiros de arrependimento do outro lado da linha, Verônica parecia realmente entender a gravidade do passado naquele instante.
O medo de Cat era compreensível, mas mesmo assim, ela gostaria de uma chance, nem que a implorasse.

- Olha, eu sei que somos jovens, estamos começando nossas vidas como adultas. Mas, deixa eu te conhecer pessoalmente? Ao menos, vamos tirar a prova tudo isso.

- Ok, Verô. Mas, não quero que me avise quando vir. Me surpreenda.

- Estou pegando o próximo ônibus, ok? - Disse sarcástica fazendo Caterinne cair na gargalhada.

Os dias foram se estendendo, as duas entrando numa sintonia maravilhosa, com suas vidas mais leves e coloridas.

.

Cat estava no parque com alguns amigos, ali também, estava Tokio, repleta de tatuagens novas e seu inseparável cigarro entre os dedos.

Um lençol velho estendido no chão, música, vinho barato e uma garrafa de vodka sabor limão. Eles estavam observando o entardecer refletido num lago, com apenas alguns pescadores em volta.

Tokio não media esforços para encarar Caterinne da maneira mais absurda possível, as duas tinham um tipo de jogo, onde Tokio era a caçadora e Cat, a presa.

Obviamente, desde aquela conversa com Verônica, nada estava acontecendo entre elas. Ao menos, não até o momento...

A quantidade de garrafas foi aumentando, já a sanidade de Caterinne foi se esvaindo aos poucos.
Seu corpo se movia conforme o ritmo da melodia e Tokio mantinha o olhar semicerrado em suas curvas. De alguma forma, seja o álcool ou a sede de vingança em suas veias, ela não parou, apenas se movimentava ainda mais, se deixando levar pelo ritmo da música. 

Tokio se aproximava, tudo ia perdendo a cor, todas as cores que Verônica havia trazido para sua vida, a cada passo dado, os tons de cinza iam se intensificando, os olhos semicerrados, o coração pulsava junto das batidas da música. Seu corpo estava anestesiado, seus sentidos perdidos, quando sentiu os gélidos dedos de Tokio tocarem suas costas com força e a puxando pra perto. Seu corpo precisava daquilo, então, simplesmente aconteceu. O jogo seria inverso e um daqueles corações acabaria sendo machucado naquela noite inocente...






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⏰ Última atualização: Aug 05 ⏰

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