Dezembro, 1974
Sirius balançou a varinha e as últimas peças de roupa flutuaram no ar, deslizando para dentro do antigo baú de madeira, que se fechou com um estalo suave.
Ele soltou um longo suspiro, os olhos percorrendo as paredes escarlates e os móveis que conhecia desde a infância. Sua partida da casa dos Black, finalmente, parecia real. Definitiva.
O som suave da maçaneta girando o arrancou de seus pensamentos. Pela fresta, seu irmão mais novo apareceu, espiando com uma expressão hesitante, pedindo silenciosamente permissão para entrar.
O feitiço silenciador que Sirius havia lançado antes dissipou-se no mesmo instante, trazendo de volta os gritos furiosos de Walburga, que reverberavam como uma maldição viva. A casa inteira parecia pulsar com a raiva dela, e a pressão familiar no peito de Sirius se intensificou, como uma serpente enrolada, pronta para sufocá-lo.
Com um leve aceno de cabeça, ele indicou que Regulus entrasse.
O menino hesitou por um momento, mas logo deu um passo à frente, parando a poucos centímetros de Sirius. Os olhos prateados, tão parecidos com os do irmão mais velho, piscavam com força, numa tentativa de conter as lágrimas que ameaçavam cair.
Sirius esboçou um sorriso triste e envolveu o corpo magro de Regulus num abraço apertado. Ele sentiu o irmão tremer ligeiramente, e sua própria garganta apertou, obrigando-o a fechar os olhos por um instante. O afeto por aquela casa havia desaparecido há tempos, mas o amor por seu irmão ainda resistia, quase doloroso.
— O velho caquético do Dumbledore está lá embaixo — disse Regulus com desdém, tentando soar mais firme enquanto se soltava do abraço de forma desajeitada.
Com um movimento simples da varinha, Sirius fechou a porta atrás deles, isolando a conversa do resto da casa. Seus olhos se estreitaram, endurecendo ao encarar o irmão mais novo. — Ele só está tentando ajudar, frère.
— Ajudar? Não chamaria levar você para longe de mim de ajuda.
— Nós já falamos sobre isso. Eu não estou indo para longe de você, estou indo para longe dos Black.
— Claro, me desculpe por não ter notado que meus cabelo são prateados e eu sou um Malfoy, ao invés de um Black.
— Regulus...
— Além disso, nós não conversamos sobre porra nenhuma. O que tivemos foi uma discussão idiota sobre seus devaneios de que isso não mudará nada entre nós.
— Primeiro, cuidado com a boca. Não precisa soar como Orion. — O mais velho fez uma pausa, observando o irmão com atenção. — E segundo, eu prometi que faria o possível para continuarmos a ser irmãos, não prometi? E nunca quebrei uma promessa. Nem uma vez.
— Não seja hipócrita sobre palavrões. Ou você se esqueceu que eu já me sento ao lado da sua mesa em Hogwarts e ouço você e seus amigos grifinórios berrando palavrões o tempo todo? Vocês são barulhentos demais, se querem saber.
— Isso não vem ao caso. Estamos falando sobre você, porra.
Regulus esboçou um sorriso rápido e irônico, mostrando os dentes brancos.
— Você pragueja contra papai, mas fala como um autêntico Black.
A mandíbula de Sirius se enrijeceu, e seus dedos apertaram a varinha com força, o movimento automático.
— Regulus, você não vai querer seguir por esse caminho — advertiu ele.
— Eu poderia gastar meu tempo discutindo sobre como somos dois Black filhos da puta, iguais em mais coisas do que admitimos — respondeu o caçula, com um pigarro incômodo. — Mas, ao contrário de você, eu vim aqui para levar isso a sério... me despedir do meu irmão como deve ser.
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The Great Hope for a Dinasty • SIRIUS BLACK
Hayran KurguRegulus está morto, e Sirius Black está disposto a transformar sua vingança na ruína definitiva da infame casa dos Black. Com a Grã-Bretanha mergulhada no caos de Voldemort, ele se torna um dos combatentes mais ferozes da Ordem, decidido a queimar o...