Eu sabia que não era uma boa ideia dar uma carona para Monalisa e odeio o facto dela estar sendo hipócrita o suficiente para me perguntar quem é Kíria, ela sabe que é minha esposa. Eu deveria ter ido directo para casa, mas o que eu poderia fazer? Não poderia prever que Kíria estaria na mesma maldita cafeteria e usando uma maldita calça legging.
A vejo subindo as escadas exibindo, inocentemente, sua bunda empinada dentro da calça legging e fodendo com os meus pensamentos; totalmente, magoada e fico muito chateado por ter permitido isso novamente, mas também por ela não estar acreditando em mim. O que ela acha que eu iria fazer? Foder com Monalisa? Meu pau já não sobe para outra desde que a conheci, porra.
Pego um copo e o encho até a borda com whisky e me sento no sofá da minha sala de estar. Dou um gole e me recosto no apoio do sofá, totalmente, aborrecido. Como se já não bastasse ter que lidar com a merda do Marco e com a suspeita de que meu pai é o cabeça de quem tem nos seguido, sobre isso, Sávio precisa me ouvir por ter deixado Kíria sozinha, mas no momento estou sem energia; mas é claro que eu vi os seguranças atrás dela o tempo todo.
--- Senhor --- ouço e reconheço logo a voz de Lucy.
--- Sim --- respondo com os olhos fechados.
--- Sua esposa está passando mal.
Aperto os olhos, logo os abrindo e focando em Lucy que me encara, totalmente, com ar de indignação. O que eu fiz?
--- Onde ela está? --- me levanto, agora sentindo meu coração falhar.
--- No banheiro do seu quarto.
--- Ligue para o médico --- falo e saio correndo sem ouvir o que ela disse depois.
Pulo alguns degraus e fico pensando no nível de mal que ela está; será que é por minha causa? Empurro a porta do quarto e vou directo para o banheiro onde Kíria está encolhida contra uma parede, sentada no chão, o rabo de cavalo em sua cabeça já não existe, seus lábios e queixo estão tremendo. Contenho o ar e me sento no chão, bem ao seu lado.
--- O que você está sentindo? --- pergunto.
Ela não me responde e sequer olha para mim. Tento puxar seu queixo e virá-la para mim, mas ela se afasta.
--- Não toque em mim --- disse firme.
--- Kíria...
--- O quê? --- ela olhou para mim. --- O que vocês querem de mim? Por que vocês me fazem pensar que estou bem, segura, feliz, quando na verdade vocês mesmos causam o meu mal?! --- ela afasta o cabelo do rosto. --- Eu não quero ver você, Andrew. Sai daqui. Não toque em mim. Não diga o meu nome.
--- Me deixe explicar --- peço.
--- Sai daqui --- pede num sussurro. --- Sai daqui, Andrew.
--- Foda-se --- expludo irritado.
Saio do banheiro e bato a porta, volto a descer a escada e caminho para o meu escritório, sento na minha cadeira e apoio os cotovelos sobre a mesa, massageando minhas têmporas. Eu sempre soube que essa história de casamento é uma merda! Ela tirou suas próprias conclusões e mal me deu o benefício da dúvida, por que eu iria querer ajudá-la? Que se foda.
--- Bem-vindo de volta, meu amigo --- ouço.
--- Não estou com paciência para aturar você --- resmungo.
--- Quando você está? --- ele ri e alguém o acompanha.
Abro os olhos, desgostosamente, e vejo Enzo e sua esposa Safira sentando a minha frente e segurando um copo de whisky cada um. Eu preciso estabelecer limites.
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AGAIN
RomanceÀs vezes, é necessário erguer a voz e dizer não, mas... cadê a voz? é tão difícil dizer não, quando seu coração bate amedrontado e sua mente tão escura quanto um breu.