Eu olho para o ecrã do computador, depois de várias tentativas para dormir, então deslizo o dedo pelo mouse e entro no site de notícias vendo um monte de imagens minhas e de Andrew, assim como a expansão do fogo sobre o primeiro carro que dirigi. Baixo mais um pouco no feed de notícias e encontro fotos de Éric sendo algemado e entrando no carro da polícia. Meu corpo todo arrepia e eu penso que não perdi apenas a sra. Ivy, mas Éric também.
--- Eu já falei com a polícia --- Andrew disse adentrando o espaço e segurando o celular no ouvido. --- Não irei a delegacia, eles devem vir para cá --- disse e ergueu a cabeça para mim. --- Você viu o carregador do meu computador?
--- Naquela gaveta --- apontei para a gaveta ao seu lado.
Andrew abre a gaveta e puxa o cabo preto de dentro. Volto minha atenção no ecrã do computador e as notícias apenas aumentam, algumas não são tão verídicas, então eu passo e pouso uma das pernas na cadeira e apoio o queixo sobre o joelho.
--- Você gostaria de mudar de casa? --- Andrew perguntou.
Me virei para ele.
--- Eu gosto dessa casa --- falei. --- É uma casa que você arquitetou, eu gosto disso.
--- Como você sabe que eu a desenhei? --- arregala os olhos.
Eu desvio o olhar para seus tênis preto e vejo o cachorrinho passeando aí como se fosse invisível, eu me esqueci dele por algumas horas.
--- Eu vi os seu desenhos --- respondi.
--- Todos? --- cerrou os olhos.
Ele não estava feliz, porém não está chateado. Eu levanto da cadeira e vou para o seu lado. Coloco meu cabelo para trás.
--- Sim --- eu disse. --- Eu costumo vê-los quando estou triste. É como uma válvula de escape.
--- É uma válvula de escape para mim desenhar --- ele disse me encarando. --- E nunca mostrei nenhum deles para ninguém.
--- Eu os amei a todos --- falei. --- Conheci boa parte de você neles. Eu pude entender você.
Andrew me abraçou e eu, simplesmente, amo quando ele me abraça, repentinamente. Ele afaga minhas costas e eu beijo a lateral do seu braço.
--- Você é que nem o sol para mim, Kíria --- ele disse para mim. --- Você iluminou toda a minha vida e ainda trouxe vitamina. Eu sinto muito por tudo o que você passou até aqui por minha culpa.
--- Eu acho que a gente pode ficar bem agora --- eu disse, meio convicta. --- Estou tentado lidar com os últimos acontecimentos e só tem sido possível por você estar aqui. Eu te amo, Andrew.
Nós continuamos abraçados, até o cachorro começar a chorar. Andrew se afasta e me olha com os olhos arregalados. Eu mordo o interior da bochecha.
--- O que foi isso?
--- Eh... --- sorrio travessa.
--- Kíria --- chama em tom de repreensão.
--- Bom --- pigarreio e ouço o cachorro chorar, novamente, então Andrew o vê e o bicho se esfrega na perna dele. --- Eu não pude deixá-lo, Andrew. Ele estava abandonado e sofrendo com a neve.
--- Kíria, você trouxe um cachorro para casa? --- ele parecia chateado, agora.
--- Ele não tem onde ficar --- falei, diminuindo minha voz e pousando meus braços em seus ombros. --- Por favor, amor.
A expressão no rosto de Andrew mudou para inexpressiva, e só então eu percebi do que eu o chamei. Ele soltou o ar pela boca.
--- Você está se tornando uma garota irritante --- ele disse. --- Primeiro rouba meu carro e agora traz um bicho para casa.
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AGAIN
RomanceÀs vezes, é necessário erguer a voz e dizer não, mas... cadê a voz? é tão difícil dizer não, quando seu coração bate amedrontado e sua mente tão escura quanto um breu.