39 --- Kíria

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Equilíbrio. Minha vida está precisando de uma coisa como essa. Estou sempre oscilando de um polo negativo para o outro, estou sempre recebendo estímulos que acabam com o meu psicológico e me deixam exausta. Eu nunca irei entender como uma pessoa consegue achar que tem poder sobre a vida da outra, cada é um cada um e devia ser dono de si mesmo e não viver maquinado como um boneco.

Fico parada no meio do quintal, depois de descer do carro de Andrew, agarro o cabelo com as mãos e seguro minha frustração para não gritar.

--- Só me diz qual é o seu problema --- começo, tranquilamente quando ele pára a minha frente. --- Qual é a droga do seu problema, Andrew Washington?

Ele se aproxima e inclina a cabeça, sua respiração bate no meu rosto e seus lábios quase tocam os meus.

--- Você --- respondeu.

Meu corpo foi atravessado por uma corrente fria.

--- Você bateu no meu chefe --- declarei.

--- Você mentiu para mim --- acusou.

Fiquei um tempo em silêncio. Soltei meu cabelo.

--- Você sempre mente para mim, Kíria --- apontou. --- Eu só estava tentando proteger você.

--- Eu não podia interromper meus sonhos porque você é contra --- falei.

Ele suspirou e olhou para o céu, por um momento, com os olhos fechados; a seguir, voltou a focar em mim com seus olhos escuros. Então, ele estendeu a mão e acariciou meu rosto com o polegar.

--- Estou cansado, não quero mais brigar --- disse, como se estivesse, de facto, exausto.

Ele me puxou para si, seus lábios cumprimentaram os meus de uma maneira tranquila e eu não pude evitar retribuir. Suas mãos desceram pelo meu corpo, até agarrarem minha bunda e me levarem mais na sua direção, enquanto minhas mãos acariciavam o cabelo de sua nuca. Andrew desceu seus lábios para o meu pescoço e eu não pude evitar gemer, quando ele me mordeu de leve e se esfregou em mim, me afastei para poder respirar e apoiei minha testa em seu peito.

--- Aliás, você está muito gostosa com esse jaleco --- sussurrou no meu ouvido e eu ri.

--- Hipócrita --- falei rindo.

Ele me deu mais um beijo nos lábios e apoiou sua testa na minha.

--- Que bom que você está bem --- murmurou.

--- Porque eu não estaria? --- perguntei.

--- Vamos para dentro --- segurou minha mão.

--- Andrew, me conte --- pedi nervosa. --- O que está acontecendo?

Ele girou a maçaneta e nós dois adentramos a casa.

--- Você está com fome? --- perguntou, me levando até a cozinha.

--- Só me conte o que está havendo.

Fiquei em pé ao lado da geladeira, enquanto ele tirava alguma coisa de dentro dela. Meu coração está batendo acelerado agora, como se o perigo estivesse a espreitar, na verdade, ele sempre está. Andrew pousou uma garrafa com água sobre o balcão e serviu um copo com água para si, ele deu um gole e entregou o copo para mim.

--- Alguém ligou para mim e disse que tinha uma arma apontada para você --- contou.

Arregalei os olhos e senti minhas pernas vacilarem. Tinha uma arma apontada para mim? Quando? Como?

--- Eu não entendo --- murmurei, sentindo minha bunda pousar sobre um banco.

--- Eu não sei quem é esse filho da puta e nem o que ele quer de nós, mas eu vou acabar com ele quando o encontrar --- disse Andrew, evidentemente, irritado.

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