Capítulo XVIII - Rhaenyra

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A jovem continuava esparramada na cama sem vontade de levantar, até que resolveu levantar, escovar os dentes e tomar banho. Apesar disso ela colocou novamente a camisola e deitou com o rosto enfiado no travesseiro.

E se Daemon fosse mesmo abusivo? Era uma acusação grave. Otto e a religião estavam no meio dessa alegação e apesar do interesse em prejudicar Daemon, ela tinha que aceitar que nem tudo de ruim ou toda acusação feita seriam mentira. O relacionamento já estava provado. E essa percepção deixava seus sentimentos ainda mais confusos, ela queria que tudo isso fosse mentira, queria que essa mulher não existe e principalmente queria não estar tão envolvida em tão pouco tempo.

Ela ouviu alguém bater na porta. Essa era outra coisa que ela precisaria encarrar porque sabia que já havia prejudicado o trabalho da camareira. Ela apenas colocou um casaco comprido e foi abrir a porta.

Antes mesmo de colocar a mão na chave para abrir ela ouviu a voz de Daemon chamando por ela. Nyra preferia que fosse a camareira. Porém abriu a porta e deu espaço para ele entrar no quarto.

- Você está bem?

Ela apenas concordou com a cabeça enquanto fechava melhor o casaco com as mãos, numa tentativa de esconder melhor a camisola de alça.

- Eu fui informado que você não desceu para o café e pensei que podia ter acontecido alguma coisa.

Ela conseguia identificar o cuidado na forma dele falar com ela, mas não era só isso... ele estava inseguro? Ela resolveu contar a verdade... ou ao menos parte dela.

- Eu tive dificuldade para dormir. Acordei várias vezes. Então acabei dormindo mesmo depois que a recepcionista me avisou sobre o horário.

- Eu queria falar sobre o que você ouviu ontem...

Rhaenyra não deixou ele terminar.

- Gerardys me ligou. Ele estava preocupado com você.

- Você viu a entrevista?

Ela concordou com a cabeça.
E sem nem pedir autorização ele sentou na poltrona perto da janela com os cotovelos apoiados no joelho e as mãos no rosto. Ela conseguia ver a agitação dele pela forma que ele passava as mãos ora pelos cabelos, ora pelo queixo. Ele também parecia criar coragem para falar, mas quando falou não foi nem de perto o que ela esperava.

- Você está com medo de mim?

Antes mesmo que ela tivesse chance de responder, ele seguiu falando.

- Você disse que me ouviu ontem. E sei o estado que eu fiquei. Mas quero que saiba que eu nunca vou machucar você. Eu costumava me encontrar com Mysaria, não sei como posso chamar aquilo... mas ela sempre soube que eu não queria um relacionamento com ela e o único interesse dela parecia ser a própria carreira e se eu poderia ajudar nisso.
Rhaenyra sentou na cama e permaneceu quieta, apenas deixando ele levar o tempo dele para falar.

- Eu não sei dizer se Otto e Alicent fizeram alguma oferta para ela ou se eu deixei passar alguma coisa. Normalmente era ela que me procurava, principalmente quando estava em Londres ou sabia que eu estava de consultor para alguma série, peça... Não vou negar que por ela ser uma mulher bonita e aparentemente levar tranquilamente o fato de eu não querer me relacionar, eu respondia sempre que ela me procurava. Eu não consigo acreditar que ela iria por conta própria para a Fé dos Sete...

Nesse momento o telefone dele vibra, Rhaenyra observa ele parar de falar e já parecer mais nervoso.
Ela observou o rosto dele ficar cada vez mais vermelho e as mãos esfregarem o rosto. Ele levantou na cadeira tão rápido que assustou Rhaenyra e sentou novamente. Com um olhar triste ele olha para ela.

- Eu estou assustando você.

- Está tudo bem.

- Você está com medo de mim?

- Não, mas você precisa de acalmar. – Ela não mentiu, não estava com medo, mesmo que conhecendo o homem por pouco tempo.

- Sim, eu preciso me acalmar. Me conta alguma coisa sobre você.

- Sobre mim?

- Sim, apenas fale comigo.

Rhaenyra levantou da cama pensando no que falar, no mesmo momento que ele pediu isso pareceu que a mente dela resolveu apagar tudo que ela já passou. Foi nesse momento que ela resolveu recitar o trecho de uma música em valiriano, torcendo para que a língua que ela sabia que ele amava ajudasse.

“Drakari pykiros
Tīkummo jemiros
Yn lantyz bartossa
Saelot vāedis”

Ela não se arriscou a cantar... apenas recitou. E como parecia estar funcionando ela apenas continuou.

“Hen ñuhā elēnī:
Perzyssy vestretis
Se gēlȳn irūdaks
Ānogrose

Perzyro udrȳssi
Ezīmptos laehossi
Hārossa letagon
Aōt vāedan

Hae mērot gierūli:
Se hāros bartossi
Prūmȳsa sōvīli
Gevī dāerī”

Então Rhaenyra foi puxada de forma cuidadosa pelo quadril. Daemon acariciou o rosto dela e a beijou.

Nota final: alguém reconheceu essa música que Rhaenyra usou para acalmar o dragão??

Pensando no passado, sempre nos encontraremosOnde histórias criam vida. Descubra agora