AMOR SOBRE RODAS

CAPÍTULO 1

... Faço uma manobra para desviar de um carro e me deparo com um par de faróis à minha frente. Estou em alta velocidade, percebo que não terei tempo suficiente para evitar a colisão. Sinto o impacto violento e o carro capota...

- Não! - desperto gritando.

- Isa, calma, está tudo bem! Você está segura, foi apenas um sonho!

Minha tia me envolve com seus braços, tentando acalmar-me. Olho ao redor, esforçando-me para aceitar que foi apenas um pesadelo e tentar recobrar a calma. Um pesadelo que na verdade, já aconteceu.

- Obrigada, tia. Peço desculpas por tê-los acordado novamente. Podem voltar a dormir. Eu vou ficar bem.

Meu tio entra no meu quarto e me estende um copo d'água, aceito e o bebo.

- Tente descansar, Isa. Você precisa de repouso - ele diz, recolhendo o copo, e eu assinto.

Eles se retiram, me deixando sozinha. Deito e fico encarando o teto. Consciente de que dormir não será fácil, decido pegar um livro e começar a ler. Não sei exatamente quando, mas eventualmente, finalmente me entrego ao sono.

Ao som insistente do despertador, desperto e me encaminho ao banheiro. Realizo minha higiene matinal e percebo, no reflexo do espelho, que meu rosto reflete a péssima noite que tive.

Visto-me, optando por uma calça jeans combinada com uma bota preta e uma regata azul-marinho. Complemento o conjunto com uma jaqueta que pego rapidamente. O espelho reflete uma imagem que, apesar da noite difícil, tento disfarçar com um pouco de maquiagem.

- Bom dia - expresso, bocejando ao entrar na cozinha.

- Bom dia - responde meu tio, sorrindo. - Você vai treinar hoje?

- Acho que não - menciono, enquanto tomo um gole de suco.

- É compreensível, Isa - minha tia acrescenta.

- Mas vou para o Centro de Treinamento - acrescento.

- Claro que vai - meu tio ri, provocando minha tia. - Vai que mude de ideia, não é mesmo?

- Bem, já estou indo. Quer ir comigo, Isa? - questiona meu tio, oferecendo carona.

- Sim, tio.

Engulo rapidamente meu café da manhã e saio apressada em direção ao carro. Ao chegarmos ao Centro de Treinamento, agradeço ao meu tio e me encaminho para as áreas de treino.

Meu tio, que agora administra o CT Albuquerque, é irmão do meu pai. Observo-o indo em direção ao seu escritório. No mesmo instante, sinto alguém pular em meu pescoço, me abraçando. Só uma pessoa teria coragem de fazer isso: Mariana, minha melhor amiga.

- Oi Isa, tudo bem? - ela diz.

- Oi Mari... - sou interrompida enquanto ela continua.

- Vamos ver os meninos novos, eles já chegaram.

Antes que eu consiga expressar minha falta de interesse, Mariana já está segurando minha mão e me arrastando em direção à proteção da pista de saltos. Alguns novatos estão tentando realizar manobras. Virando-me de costas para a pista, cruzo os braços, notando o olhar irritado de Mariana.

- Qual é, Isa? Olhar não vai te matar. Está na hora de seguir em frente.

- Não preciso de um garoto para isso. Não acredito que me trouxe aqui para arrumar alguém para mim.

- Claro que não, mas... Tudo bem, você venceu. Pelo menos, vamos ver como eles se saem com as manobras.

Reviro os olhos e volto a observar os novatos, soltando um riso ao ver algumas manobras malfeitas sendo executadas. De repente, um cara para na nossa frente.