CAPÍTULO 9

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Guilherme nos trouxe até a praia, e fiquei contente com sua escolha de lugar. A brisa marinha suavizava o clima, trazendo uma sensação de calma que eu precisava desesperadamente naquele momento.

- Bella, quer tentar dirigir? - sua pergunta ecoou em minha mente, tirando-me momentaneamente de meus pensamentos. Encarei-o seriamente, sem saber o que dizer. Ele percebeu minha hesitação e continuou: - Sei que é complicado, mas estou aqui. Tudo bem? Vou cuidar de você, e além do mais, eu acredito que você vai conseguir.

Aquelas palavras reverberaram em minha mente, ecoando as vozes da tia Raquel e de Mariana, dizendo que não devo me prender ao passado. Talvez essa seja uma oportunidade para tentar superar esse trauma.

- Acho que posso tentar! - minha resposta saiu mais determinada do que eu esperava, e um sorriso involuntário surgiu em meu rosto ao ver a expressão encorajadora de Guilherme.

Mudamos de lugar, e ele me entregou a chave do carro. Respirei fundo e liguei o motor, sentindo as mãos tremerem de nervosismo. Ao pisar no acelerador, um flash de memória atormentador inundou minha mente: os dois faróis surgindo à minha frente, a sensação de descontrole. No mesmo instante, retirei as mãos do volante, incapaz de continuar.

- Ei! Ei! Calma! Tá tudo bem, estou aqui - Guilherme falou, segurando meu rosto em suas mãos. Senti-me ofegante, o coração batendo descompassado, mas sua presença ao meu lado trouxe um pouco de conforto em meio ao caos de minhas lembranças.

- OK, tudo bem! - tentei controlar a respiração, buscando encontrar alguma tranquilidade em meio à tensão que tomava conta de mim.

Levei as mãos novamente ao volante, mas quando estava prestes a retirá-las, senti as mãos de Guilherme sobre as minhas. Olhei para ele, surpresa, e aos poucos, ele se afastou. Voltei a olhar para frente, determinada. "Eu consigo!", repeti para mim mesma, e comecei a acelerar o carro. Aos poucos, ganhei confiança, e quando me senti segura o suficiente, fiz um cavalo de pau. Guilherme riu, e eu o observei rapidamente, também sorrindo, antes de parar o carro.

- Caramba, você dirige melhor do que eu! - ele disse, rindo, enquanto eu o abraçava.

- Obrigada! - respondi, sentindo-me incrivelmente aliviada.

- Não chore, Bella - ele me afastou, avaliando meu rosto com uma expressão preocupada - Não gosto de te ver chorar. Vem, vamos andar um pouco.

Caminhamos por um tempo ao longo da praia, desfrutando da brisa fresca e do som das ondas quebrando suavemente na areia. Quando finalmente nos sentamos na beira da praia, começamos a conversar sobre tudo: comida, filmes, esportes e tantos outros assuntos. Em meio à conversa descontraída, Guilherme jogou um pouco de terra em mim, rindo. Em um instante revido, joguei terra de volta nele e saí correndo, com ele logo atrás de mim. Como era de se esperar, ele me alcançou próximo da água e me abraçou, tentando me jogar na água enquanto ríamos juntos.

- Por favor, não! - implorei entre risos enquanto ele me soltava e jogava um pouco de água no meu rosto, antes de sair correndo rindo. Corri atrás dele e, num momento de impulso, pulei em suas costas. Por um instante, éramos como duas crianças, brincando despreocupadamente na praia. Ele me colocou no chão e apoiei minhas costas contra as suas, mas ele logo se afastou, me fazendo perder o equilíbrio. Ele me segurou, rindo, mas aos poucos seu sorriso diminuiu, assim como o meu, quando percebi que estávamos muito próximos.

Vagarosamente, ele me deitou na areia e acariciou meu rosto. Fechei os olhos ao sentir seu toque, absorvendo cada sensação. Quando abri os olhos lentamente, encontrei os dele, e vi seu rosto se aproximando cada vez mais, até que nossos lábios se encontraram. Uma mistura de sentimentos me invadiu naquele momento, e quando nos separamos, senti a falta do seu toque. Desviei o olhar, sentindo um sorriso involuntário se formar em meus lábios.

AMOR SOBRE RODASOnde histórias criam vida. Descubra agora