CAPITÚLO 2

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Aqui no CT, um pequeno riacho bem discreto, muitos ignoram sua existência. Assim, sempre que algo me incomoda, procuro me isolar neste local. Aqui é meu refúgio, sereno e propício para relaxar e contemplar. Sentada numa pedra à beira d'água, sinto a suave carícia do vento na minha pele.

- Oi, Bella! - Apenas uma pessoa me chama assim. Eu me viro e dou de cara com Guilherme, que sorri.

- Sério cara? Como você chegou aqui? - Pergunto, claramente irritada.

- Estava apenas caminhando. Não tenho certeza de como vim parar aqui - ele responde.

- Ah, claro! Some daqui! Você é insuportável.

- Você está bem? - Sua pergunta me pega desprevenida.

- Me deixa em paz! Que saco!

- Você é sempre tão adorável? - Ele pergunta de maneira irônica.

- Como é? - Fico ainda mais irritada com a ironia.

- Eu esperava mais do grande Albuquerque, respeitado por todos. Mas, pelo visto, você é apenas uma menininha mimada que acha que pode fazer o que quiser - ele diz em tom sério.

- Espera aí, eu não admito isso. Você nem me conhece.

- Você também não me conhece. Não acredito que seus pais tenham orgulho desse seu comportamento. Será que eles sabem que você é uma estúpida quando eles não estão por perto? Aposto que não, e se souberem, são tão estúpidos quanto você.

- Sinto as lágrimas querendo vir, e as seguro. Dou um tapa em seu rosto e grito:

- NUNCA! NUNCA MAIS OUSE FALAR SOBRE MEUS PAIS! - Minha voz sai embargada, e vejo ira em seu olhar. Ele me segura com força pelos braços.

- Ai! Para! Tá me machucando! - Grito.

- Quem você pensa que é para me bater? Meus pais nunca levantaram a mão pra mim. Você parecia ser legal, agora vejo que é um lixo de pessoa. Não imagino como alguém possa te suportar! - Ele esbraveja.

A cada palavra dele, sentia suas mãos apertando cada vez mais meus braços. Engulo em seco, olhando para ele. Parece perceber que estou com dor e me solta. Minhas pernas estão fracas, acabo caindo. Ele sai sem olhar para trás. Fico um tempo ali, assimilando o que aconteceu e tudo o que ouvi. Me recomponho e decido retornar à área de treino.

- Isa? - Mari me chama - o que foi isso?

- O que? - pergunto, sem entender a pergunta dela.

- Isso - ela aponta.

Olho para meus braços e percebo que meu macacão está baixado, deixando visíveis as marcas vermelhas em meus braços. Não acredito nisso.

- Devo ter me batido em algum lugar. - digo.

- Nos dois braços? - ela retruca - Você é uma péssima mentirosa, lembra?

- Mari, eu não faço ideia do que aconteceu, não me recordo disso. Está bem? Nem havia notado. - Digo, visivelmente irritada.

- Isa, as meninas chegaram. - Anuncia Heitor se aproximando - O que aconteceu? O que houve, Isa? - Pergunta, claramente preocupado.

Quando ele toca a região afetada, sinto uma leve dor e puxo o braço instintivamente para evitar o toque.

- Está tudo bem, não foi nada. Vamos lá. - Digo, me afastando deles.

Ando poucos passos quando sou chamada por Mari. Ironicamente, acabo parando ao lado de onde Guilherme estava.

AMOR SOBRE RODASOnde histórias criam vida. Descubra agora