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╰────1232 palavras

Q sempre soube que, durante suas férias, encontraria tanto coisas maravilhosas quanto assustadoras. Mas ver Cha, sua maior heroína, caindo num poço sem fundo, jogada para a morte, foi a pior coisa que não poderia imaginar. Por isso, ele desmaiou.

Agora, finalmente voltando a si, percebe que tudo permanece escuro. Está realmente acordado? Ora, é claro que está, caso contrário seus ouvidos não se encheriam dos sons de gritos, correria, tiros e...

BUUUUUM!

Uma explosão se acende há poucos metros, fazendo a multidão verde e amarelo em pânico ficar visível pelo tempo que as chamas levaram para serem apagadas. Quer dizer que Q ainda se encontra no camarote, mas onde está o brutamontes selvagem que o capturara? E o que aconteceu com as luzes?

De repente, o breu dá lugar a um vermelho alaranjado como um bunker cheio de luzes de emergência. Ao mesmo tempo, porém, a temperatura sobe, e Q tem certeza do porquê antes mesmo do homem de chamas se erguer no ar, coberto por vapor de água como se tivesse acabado de sair de um indesejado banho. Por sinal, o que a explosão acabou de destruir foi uma mangueira de incêndio.

Uma mão subitamente pousa no ombro de Q. Às suas costas, um mascarado de cabelos em formato de chapéu de bobo da corte sussurra-lhe:

⎯⎯ Segure-se em mim, menino de lata.

Antes de responder que não era um menino, Q se vira para o brado que ecoou por toda a caverna:

⎯⎯ Pai! ⎯⎯ grita seu dono, Hellbreath, o cavaleiro de fogo, e avança como um míssil apontado para o camarote. ⎯⎯ Fique parado e queime!

⎯⎯ Fique parado você, irmão. ⎯⎯ Mesmo alto o suficiente para todos escutarem, a voz é firme e calma, como um "boa noite" paterno. Q sente imediatamente uma enorme vontade de obedecer, e mesmo lutando contra, seu corpo inteiro fica paralisado. Antes que o movimento de seus olhos se vá, olha para a direita, de onde veio a voz, e encontra o garoto magro de roupas pretas e cabelos arrepiados em pé com uma expressão de morto de sono encarando a face chamejante de um Hellbreath estacionado no ar.

É então que Q percebe que todos em volta pararam de se mexer também.

Em seguida, tudo acontece num piscar de olhos. Os movimentos retornam ao corpo do androide, assim como ao de todos ali, e ele sabe que tem menos de meio segundo para sair da rota de colisão, mas, mais rápido do que sua reação, é o fulgor arco-íris que lhe cobre a visão. Um quarto de segundo depois, Q percebe que está em outro lugar, um estrondo de explosão vários metros às suas costas.

⎯⎯ Não dava pra mandar ele se explodir logo, mano? ⎯⎯ À esquerda de Q, a garota de roupas em aquarela amarra os cabelos coloridos num rabo de cavalo enquanto alonga as pernas.

Ƭ𝚛𝚒𝚋𝚘 𝚍𝚘𝚜 𝙰𝚗𝚓𝚘𝚜 𝙲𝚊𝚒𝚍𝚘𝚜Onde histórias criam vida. Descubra agora