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narrator's pov



Batidas na porta ecoaram pelo andar de cima da casa de Julieta, interrompendo o ritual meticuloso de sua rotina de cuidados com a pele. Com um suspiro resignado, Julieta pausou sua aplicação de cremes e loções, seus dedos deslizando suavemente sobre a pele enquanto se dirigia à fonte do distúrbio. Cada passo rápido sobre o chão de madeira era acompanhado por um ranger suave, como se a própria casa estivesse murmurando um aviso discreto sobre a interrupção inesperada.

A morena deslizou pela escada com agilidade, seus pés descalços absorvendo a textura irregular do piso de madeira com familiaridade. Cada batida na porta ressoava no corredor, criando uma cadência de expectativa enquanto Julieta se aproximava.

Com um leve suspiro, Julieta finalmente alcançou a porta, sua mão hesitante pairando sobre a maçaneta. O chão de madeira silenciou sob seus pés, como se aguardasse o desenlace dessa breve interação antes de retomar seu murmúrio constante na casa tranquila.

Era Rafael. 

-Olha Julieta, eu não aguento mais. Eu odeio nós, só nós. Porque nós não conseguirmos ser nós sem isso de pressa ou algo? Isso esta me matando por dentro, todo santo dia. Eu não durmo, não como porque eu não paro de pensar em você. 


As palavras atravessaram a porta, atingindo Julieta como um soco no estômago. Ela recuou instintivamente, sentindo a madeira fria contra suas costas enquanto absorvia cada sílaba carregada de dor e desespero. O coração de Julieta batia descompassado, ecoando no silêncio tenso que se instalara entre ela e a pessoa do outro lado da porta.

Enquanto as palavras ecoavam em sua mente, Julieta sentiu uma onda de emoções conflitantes inundando-a. O chão de madeira parecia oscilar sob seus pés, uma metáfora física da instabilidade emocional que a consumia. Cada ranger do piso de madeira ecoava como um eco de suas próprias incertezas, suas dúvidas reverberando nas tábuas gastas como se procurassem respostas que não conseguiam encontrar.

Um nó se formou na garganta de Julieta, suas mãos tremendo enquanto lutava para encontrar as palavras certas para responder. O chão de madeira, testemunha silenciosa de sua angústia, sustentava seu peso como uma âncora em meio à tempestade emocional que rugia dentro dela.

Enquanto a conversa se desenrolava do outro lado da porta, Julieta sentiu-se enredada em um turbilhão de pensamentos e emoções. O chão de madeira continuava a apoiá-la, firme e constante, como um lembrete silencioso de que, apesar das tempestades que assolavam sua vida, ela ainda tinha um lugar sólido para se apoiar.

-Eu quero ficar com você para sempre, sabe? Fazia tempo que eu não me sentia assim com alguém...-Rafael choraminga- Eu entendo se você não quiser...-Rafael falou calmo, como se tentasse reconfortar Julieta, nesse momento estranho.  

As palavras de Rafael penetraram na quietude da sala, carregadas de uma mistura palpável de vulnerabilidade e anseio. Julieta sentiu seu coração apertar diante da sinceridade crua de suas confissões, enquanto o chão de madeira parecia vibrar sob seus pés, como se estivesse reagindo às emoções ferventes que permeavam o ambiente.

O suspiro de Rafael ressoou através da porta, um eco audível de sua agonia interna, enquanto ele lutava para expressar os turbilhões de sentimentos que fervilhavam dentro dele. Cada palavra que ele proferia era como uma peça frágil de seu próprio coração, despedaçando-se lentamente na frente de Julieta.

Julieta engoliu em seco, sentindo-se afogada por uma enxurrada de emoções conflitantes. O calor da situação era tangível, pairando no ar entre eles como uma nuvem pesada e opressiva. O chão de madeira, embora inerte sob seus pés, parecia pulsar com a energia da intensidade emocional que os envolvia.

As lágrimas de Rafael ecoaram no silêncio tenso, uma expressão tangível de sua vulnerabilidade exposta. Seu desejo ardente de conexão era palpável, enchendo o espaço entre eles com uma urgência que era quase tangível. E, no meio desse turbilhão de emoções, Julieta sentiu-se nescessitda a responder, seu próprio coração batendo em simuntaneo com o dele, enquanto ela lutava para encontrar as palavras certas para expressar sua própria verdade.

Mas, o silêncio tenso que pairava entre Julieta e Rafael foi quebrado não por palavras, mas por um gesto tão poderoso quanto eloquente. Lentamente, Julieta avançou em direção a Rafael, seu coração batendo descompassado em seu peito enquanto ela se aproximava dele. Cada passo sobre o chão de madeira ressoava como um eco das batidas frenéticas de seu coração, o som familiar agora acompanhado pela expectativa palpável que enchia o ar.

Os olhos de Rafael, úmidos de lágrimas recentes, encontraram os de Julieta, transbordando com uma mistura de surpresa e esperança. Seus lábios se entreabriram ligeiramente, como se estivessem prestes a formular uma pergunta, mas Julieta silenciou qualquer palavra potencial com um olhar intenso e decidido.

E então, sem mais hesitação, Julieta ergueu uma mão trêmula para acariciar suavemente o rosto de Rafael, seu toque transmitindo uma mensagem de conforto e compreensão. E, num movimento fluido e inevitável, ela inclinou a cabeça para frente, seus lábios encontrando os dele em um beijo que era ao mesmo tempo calmo e carregado de emoção.

O calor de seus lábios se fundiu, uma mistura de desejo contido e ternura inabalável, enquanto o tempo parecia desacelerar ao redor deles. O chão de madeira testemunhou o momento com reverência silenciosa, suas tábuas desgastadas absorvendo a energia daquele instante mágico.

-Eu gosto de você, Cellbit. -Foi a unica coisa que Julieta conseguiu falar naquele momento. 

-Eu também. Muito.-Rafael disse timido, enquanto sorria. 

𝐑𝐄𝐃𝐃𝐈𝐓, cellbit.Onde histórias criam vida. Descubra agora