Passos do amor

♠️Capítulo 4♠️

"Ele tentou não olhar para ela, como se fosse o sol. Mas, como o sol, ele a viu mesmo sem olhar para ela."
- Liev Tolstói

Finalmente chegou a hora do intervalo. Já estou faminta. Me levanto rápido. Quero sair de perto do Alex o mais rápido possível. Saio praticamente correndo. Na pressa saio da minha ala e acabo entrando em outra. Não sei bem como entrei nela, já nem sei como sair também. Paro um segundo no meio de várias salas, tentando me localizar. Tentando achar o corretor que dá acesso a área central do colégio, mas não consigo achar nenhum bendito corredor. Decido sair andando até achar uma saída, mas antes que eu faça isso ouço uma voz famíliar me chamando.

- Eloisaaa. Esperaaa.- Uma voz súplica.

Me viro pra trás e avisto Amanda. "O Deus obrigada", alguém conhecido pra me ajudar.

- Oiii, que bom que você me achou. - Digo.
- Na verdade foi fácil, você tá na minha ala. - Ela diz sorrindo.
- Como assim? Eu nem sei como vim parar aqui. Sai correndo da minha sala. Quando percebi já estava perdida. - Digo, sem graça.
- Tudo bem. Isso é normal. Vamos, eu tô morrendo de fome. - Diz ela.
- Ah, eu também. Hoje as aulas foram super longas. Ainda mais com minha agradável companhia de estudo. - Digo revirando os olhos, só de lembrar do Alex.
- Com quem você ficou?- Ela pergunta. Parece curiosa.
- Com o Alex, acho que você não conhece aquele garoto irritante. - Digo.
- O queeee, você não sabe?- Ela pergunta.
- Não sei o que mulher?- Fico sem entender o porquê da pergunta e o porquê da cara dela tá abismada.
- Ele simplesmente é o garoto mais popular e bonito da escola. - Ela diz com os olhos arregalados e a boca aberta rindo de mim.
- Isso não é possível, aquele ser desprezível, aquele projeto de gótico? -Digo abismada com aquela afirmação dela.
- Como assim, você conhece ele? Você já falou com ele ? Porque ele não fala com quase ninguém. Todos querem ser amigos ou namorada dele, mas ele parece não ligar pra existência de ninguém. - Ela fala séria.
- Ele é meu vizinho, ele era meu melhor amigo quando éramos crianças. Mas eu voltei recentemente pra cá e já não temos a mesma intimidade. Ele só falou comigo uma vez, e foi hoje. E foi só uma discussão. - Digo meia chateada.

Ele é muito mal educado. Nem fala comigo, não me responde, nem se quer tem a coragem de olhar na minha cara, nos meus olhos. E a única vez que foi falar comigo, foi pra me julgar por algo que eu fiz sem querer.

- Dizem que ele nem sempre foi assim. Os alunos que conhecem ele a mais tempo, me falaram que ele era alegre e divertido. - Ela diz.
- Quando éramos crianças ele era exatamente assim como você tá falando, mas sinceramente, não sei o que aconteceu. Você sabe com quantos anos ele mudou ? - Pergunto pra ela.
- Olha, o pessoal fala que foi na pré adolescência. - Ela diz.
- Eita,faz tempo. - Digo.

Quando me dou conta, já estou no refeitório.

- Como foi que a gente chegou aqui? Eu nem vi. - Digo sorrindo.
- Quando se está fofocando o tempo passa mais rápido. - Diz Amanda sorrindo.

Começo a rir também. A fofoca deveria ser um patrimônio público. Olho ao redor. Há várias mesas espalhadas no grande refeitório. Tem uma fila pra pegar os alimentos onde Amanda indica que devemos ir. A fila vai seguindo. Conforme vai avançando passamos por uma comida diferente. Resolvo pegar um sanduíche frio, uma maça e um suco misterioso meio escuro. Pego uma banana também. E uma gelatina de morango, acho que é de morango. Nada aqui da pra ter certeza. Acompanho Amanda até uma mesa mais afastada. Lá encontramos alguns amigos de Amanda. Ela me apresenta a eles e nós lanchamos. A julgar pelo seu jeito e pelos amigos que tem, Amanda não deve ser muito popular, mas eu realmente gostei dela, é muito simpática e gente boa. Seus amigos também, eles parecem ser um pouco nerds, mas sem ser fanáticos. Acho que esse vai ser o meu grupinho. Amanda, Lucas o bom de matemática, Bia a que amar ler e eu a garota nova.