Passos do amor

♠️Capítulo 6♠️

"Apaixonar-se pode acontecer com uma única palavra, com um único olhar."
-Ian McEwan

" O despertador toca"
06:00 horas da manhã. Um novo dia. Novos problemas.
A vontade de ficar na cama e ignorar o resto do mundo, parece a melhor opção pra mim. Mas levanto, antes que minha mãe apareça com um balde de água. Arrumo minha cama e vou em direção ao banheiro. Depois visto o uniforme da escola. Que consiste em uma blusa branca social, gravata azul escuro e uma saia pinsada azul escuro. Preciso usar um meia branca que vai até o joelho. O primeiro dia foi tranquilo. Não tinha toda essa frescura de uniforme escolar. Todo mundo foi com a roupa que queria. Vai ser estranho ver todo mundo igual hoje. Escovo o meu cabelo, e passo o mínimo possível de maquiagem. Vou até a cozinha e encontro mamãe.
Ela está super sonolenta, o cabelo todo bagunçado e de roupão.

-Oi filha, o café ta pronto. - Ela diz, bocejando.
- Bom dia. - Respondo.

Tomamos o nosso café em silêncio.

- Meu bem você vai ter que ir e volta de pés hoje. Infelizmente a Lola não vai poder te levar. - Diz ela.
- Tudo bem, já terminei. Então já vou indo pra não chegar atrasada. - Digo.

Vou até ela e lhe dou um beijo na bochecha. Ela me abraça.
Saio de casa, sem fazer barulho. Pois sei se Albert me ver vai insistir pro Alex me levar. E não é isso que eu quero, e acho que muito menos é o que Alex quer.
Não gosto de andar sozinha. Me sinto perseguida, desprotegida. Mas preciso superar meus medos. Então continuo andando. Observo as árvores, flores, as pessoas. Tento me concentrar nas coisas simples. Mas ainda assim permaneço atenta. Olho pra trás com uma certa frequência, pra ter certeza que não estou sendo seguida. Depois de uns 20 minuto começo a ver a escola de longe. Realmente é uma caminhada loga. Chego na escola e me deparo com todo mundo igual, chega dar tonteira. Encontro o Lucas.

- Oii Eloisa. - Ele diz, vindo de longe.
-Oiii Lucas, viu a Amanda? - Pergunto.
- Ainda não. Ela não é de chegar cedo. - Ele diz, já perto de mim.
- Ah, tá. Ainda são 7 horas. - Digo me dando conta do horário.
- Bom... Preciso encontrar a Bia. Temos um trabalho juntos pra apresentar hoje. - Ele explica.
- Tá bom. Manda um abraço meu pra ela. - Digo.
- Pode deixar. - Ele diz com um sorriso malicioso.

Hum, tem coisa aí. Sorrio pra ele, e ele se despede. Vai andando até se perder na multidão de pessoas. Me sento em um banquinho perto da entrada da escola. Ainda está muito cedo. As salas ainda não estão abertas. Os alunos estão aglomerados na área externa da escola.
Vejo de longe Alex entrando no portão da escola. Vestindo o uniforme. É interessante ver ele assim pela primeira vez. Usando cores diferentes pra variar. Calça azul escura igual da minha saia e uma camisa social branca com a gravata azul.
Ele caminha calmante, algumas garotas tentam falar com ele mas ele parece não dar muita atenção.
De longe, ele vira seu rosto em minha direção. Nossos olhares sem encontram. Por um momento, parece que nada aconteceu ontem, e que estamos bem. Mas esse momento se acaba. A realidade volta e ele fecha a cara pra mim e vira o rosto.

"O sinal toca"

Começo a entrar na escola, olho para os lados, tentando ver se encontro Amanda. Mas nenhum sinal dela. Me esforço pra ter bastante atenção, e acertar a minha ala. Já cansei de me perder. Consigo chegar na minha sala. Como os lugares já foram mapeados no primeiro dia de aula, sei que devo me sentar ao lado de Alex. Ele tá conversando com alguns garotos, parecem estar bem animados. Alex sorri bem alto. É estranho, a primeira vez que ouço o som da sua risada, mas pra mim ela não parece sincera. Me sento na minha cadeira, ajeito minhas coisas. Tento ser discreta. Não quero arrumar confusões com Alex. O professor de história entra na sala. E todos começam a se dirigir aos seus devidos lugares. Alex atravessa a sala e vai para o seu acento, ao meu lado. Não faço contato visual com ele. Mas ele me observa e resolve estabelecer contato. Ele se inclina pra bem perto de mim.

- Oi fujona. - Diz ele, de modo ácido.

Resolvo não responder. Sei que vamos só discutir. E a jugar por seu comportamento, ele não merece saber a verdade. Jamais entenderia o que eu passei. Aquele garotinho que eu gostava tanto, que era o melhor melhor amigo, parece não existir. Agora ele é um garoto mau morado, sem coração. Não sei o que aconteceu com ele, mas não é motivo pra me tratar assim. Eu não fiz nada pra magoar ele.
O professor começa a aula. Um assunto bem chato sobre a história das grandes civilizações. Alex parece estar um pouco agitado, se mexe várias vezes. Mas não olha em minha direção. Ao final da aula o professor passa um trabalho pra nós. Devemos descobrir a história da nossa cidade. Ele dividi a turma em duplas. E as duplas são escolhidas de acordo com os nossos colegas de mesa. É claro que eu vou ter que fazer o meu trabalho com o Alex. Mas inesperadamente, ele levanta a mão e pede ao professor pra fazer o trabalho com qualquer outro aluno da classe. O professor olha ele confuso, e não concedi o seu pedido.
Já deu pra perceber que ele não quer fazer o trabalho comigo. Então proponho uma idéia.

- Como você me repudia tanto, eu faço o trabalho sozinha, depois apenas lhe passo as suas falas da apresentação. - Digo, porque realmente não me importo de fazer o trabalho sozinha. Se for pra manter a paz entre a gente.
- Como posso confiar em você. Você só sabe fugir. Que garantia eu tenho que ao menos você vai estar no dia da apresentação?- Ele diz, sorrindo sarcasticamente
- Eu não sou fujona, e sempre compro minhas responsabilidades. - Digo, seria.

Ele me olha atentamente.

- Vamos fazer o trabalho juntos. Mas só porque preciso passar nessa matéria. -Diz ele, sério.
- Ok. - Apenas concordo.

Fico um pouco abismada com sua atitude. Mas deve ser porque o trabalho vale metade da pontuação do bimestre. Não tem outra explicação. Ele precisa de nota, eu preciso. E o trabalho tem que ser feito. Espero que isso de certo. Outro professor entra na sala e as aulas continuam.