Capitulo 16: conhecidos olhos dourados.

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Point of view Bárbara Palvin's

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Point of view Bárbara Palvin's

Seattle
Cidade em estado de Washington, USA

Eu era só uma puta.

Eu era só uma puta e sabia disso.

Eu sabia disso porque os homens, muitos homens, não me deixavam esquecer desse detalhe. Todos os dias, clientes dos mais diversos tipos me lembravam disso. E conforme o tempo passava, mais eu sabia que não poderia simplesmente deixar de ser só uma puta. Eu não poderia viver uma vida normal porque meu passado sempre me condenaria. Sempre seria o meu fantasma particular, e seria sempre motivo de vergonha.

Eu sabia disso. Eu sabia que era só uma puta, e nunca pensei que pudesse ser um pouco mais do que isso. Eu sabia o meu lugar, sabia o que eu fazia, e sabia que era apenas isso. Nunca tentei ser mais do que eu era para cliente nenhum.

Infelizmente, era só o que eu era. Uma puta, como tantas outras.

Então por que ele achou que eu quisesse ser mais que isso? Por que achou que eu estava tentando seduzi-lo ou ter algum tipo de controle sobre ele? Por que achou que eu iria pensar que tinha esse direito?

Por que ele disse aquilo?

Eu não queria, nunca quis ter controle de nada. De sentimento algum.
Se me fosse possível considerar qualquer utopia, seria simplesmente um Justin retribuindo os sentimentos que eu nutria por ele, mas eu já tinha descartado essa possibilidade, então estava satisfeita com a nossa amizade.
Com a nossa proximidade, com o pouco da companhia dele, com o pouco dele que eu tinha. Quando tinha.

Por que ele havia dito aquelas palavras?

Eu sabia que era só uma puta, mas ouvir essa afirmação da boca dele, com tanta raiva, tanta mágoa, doeu mais do que eu podia imaginar.

Doeu demais.

O fato de vê-lo como um cliente diferente dos outros pesava. O fato de admirá-lo e pensar nele como uma proteção, uma "mesmo que estranha" amizade, também pesava. Mas era o fato de estar completamente apaixonada por ele que fez com que suas palavras me dilacerassem. Me reduzissem a quase pó, quase nada. Fez com que eu me sentisse tão imunda e insignificante, tão descartável.

Não devia doer tanto. Não devia porque eu sabia que aquela era exatamente a verdade, mas doía porque, de alguma forma - milagre talvez - eu esperava que ele visse em mim algo além de uma prostituta. Alguém que valesse a pena, que pudesse ser legal e fazê-lo rir de piadas bobas. Alguém que ele pudesse ver não como um objeto, mas como uma pessoa.

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