Capítulo 7 - A Dança

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POV VERÔNICA TORRES (ESCRIVÃ)

Depois daquele almoço voltamos ao departamento e passamos a tarde inteira ao redor de inúmeros documentos. A aproximação com ela me fazia pensar em coisas que não deveria, podia ser loucura de minha parte, mas, às vezes, eu sentia os olhos dela sobre mim, de uma forma intensa, como Anita olhava para Verô. Ou talvez fosse apenas vontade do meu subconsciente que ela me olhasse assim também.

"Nós podemos revisar o caso desde o início, se preferir." - falei colocando alguns papéis em sua mesa, já passava das oito.

"Seria uma ótima ideia, são esses?" - ela falou pegando os papéis.

Ouvi algumas fracas batidas na porta, e logo avistei Paulo. Arregalei os olhos para ele, que não estava com uma cara nada boa.

"Verônica, posso falar com você?" - homem chamou.

Anita o fitou por alguns segundos, e depois a mim.

"Paulo..." - respondi.

"Atenda ele, Torres." - ela disse friamente.

Fechei os olhos e caminhei para fora da sala.

"O que aconteceu com nosso jantar?" - Paulo perguntou um tanto irritado.

"Eu sinto muito, mas acho que não vai dar." - respondi.

Ele balançou a cabeça, colocando as mãos na cintura em uma expressão irritada.

"Você esta me fazendo de idiota, me deu bolo pela segunda vez no mesmo dia!" - o homem esbravejou.

"O que você quer que eu faça? Eu não tenho escolha! Acha que gosto de ficar trabalhando até tarde?" - perguntei séria.

"Você sabe que tem escolha de ir embora, certo? Essa mulher mal entrou e está lhe explorando?"

"Shii! Fala baixo!" - o repreendi. "Você quer que ela nos escute? Eu preciso do meu emprego!" - falei brava.

"Algum problema?" - ouvi a voz de Anita atrás de mim.

"Não, doutora..." - respondi.

"Delegada Berlinger, não acha inoportuno o horário de trabalho?" - Paulo perguntou desafiante.

Pude ver as veias de Anita tufar, e seu maxilar se endurecer, ela respirou fundo e então se pronunciou.

"Sr. Paulo, devo lhe informar que eu sou a delegada titular deste departamento, devido a isso eu não tenho que me esclarecer diante os horários de meus subordinados. Se estiver achando tão tarde, por que ainda se encontra aqui?" - Anita deu a resposta certeira, eu não podia duvidar que, se Paulo tivesse como matá-la através do olhar, com certeza já teria feito.

As palavras de Anita foram precisas e arrogantes.

"Tem toda razão, Delegada. Perdoe-me pela pergunta." - ele engoliu seco.

"Sem problemas. Torres, assim que terminar sua conversa, preciso lhe mostrar alguns documentos." - ela falou.

Eu apenas assenti para a mulher que voltou à sua sala, deixando-me em silêncio ao lado do homem.

"Esses dias serão impossíveis, eu tenho que terminar de revisar alguns documentos com ela até segunda-feira, Paulo, eu sinto muito."

O homem me fitou por alguns segundos, e então concluiu.

"Certo, fique com seu trabalho, boa noite." - ele falou saindo.

Se a intenção dele era fazer eu me sentir mal? Ponto! Ele havia conseguido, sua cara de decepção com minha resposta foi enorme. Respirei fundo e voltei para sala, me deparando com a mulher mais atraente que eu já havia visto, eu já nem lembrava mais de Paulo quando a via. Ela estava sentada, com sua camisa de botão clara parcialmente desabotoada na altura dos seios. Seus cabelos estavam soltos e pareciam mais sedosos do que o normal. E ela tinha uma expressão séria, e atenta à pilha de folhas em sua mesa. Me permiti pensar que passar tantas horas sozinha com ela era um atentado à minha sanidade.

The Stripper - VeronitaOnde histórias criam vida. Descubra agora