Capítulo 11 - Doce Ilusão

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POV VERÔNICA TORRES (ESCRIVÃ)

"O que faz aqui?" 

Aquilo só podia ser loucura. Fechei os olhos algumas vezes para tentar ver outra pessoa. Mas era ela. Anita estava parada em frente à minha porta, com os braços encostados na soleira, usando uma roupa diferente da que estava hoje mais cedo; agora era uma regata preta, sobre ela, apenas um blazer vermelho. Seus cabelos loiros  estavam soltos, desgrenhados e extremamente sexy. Eu a fitei por longos minutos; ela não parecia estar normal, talvez tivesse bebido, só isso explicava.

"Delegada, o que faz em minha casa?" - perguntei.

"O que eu faço? Vim atrás de explicações, Verônica Torres, ou melhor, Verô, a stripper."

No instante em que ouvi aquele nome sair de sua boca, senti todo o sangue do meu corpo parar, para logo correr sobre minhas veias, bombeando meu coração tão rápido que podia ouvir suas batidas em meus ouvidos. Eu sentia meu corpo suar, a voz sumir; ela havia descoberto. A única dúvida era: Como?

"Como a dou-..."

"Não importa como eu descobri." - ela foi rápida e firme. "Achou que iria me enganar?"

Anita tinha um brilho diferente nos olhos, estavam escuros e ferozes. Ela deu passos lentos em minha direção, me acuando contra a parede. Dei alguns passos para trás, até sentir minha costa bater contra o concreto.

"Eu não tive a intenção... Anita."

"Foi bom? Brincar comigo desse jeito?"

Eu não sabia o que sentia naquele instante. Anita estava em minha frente com um sorriso diabólico, entrando em um jogo no qual eu não conhecia. O que ela queria de mim?

"Não quis, apenas... aconteceu..." - falei, dando alguns passos para dentro do apartamento.

"Aconteceu..." - ela repetiu.

Fiquei calada, enquanto ela me fitava.

"Você não devia ter feito isso, Torres, não devia." - ela falou.

Eu sentia que meu coração queria rasgar meu peito, de tão forte que batia.

Nesse exato momento, eu estava encostada na soleira da porta, enquanto a mulher cujo olhar era destruidor me fitava. Ela tinha uma mistura de raiva, ódio, desejo e tesão estampados em seu rosto. Era possível, em plena tensão, me sentir atraída por ela?

"Eu sinto muito..." - sussurrei.

"Não sinta, não se arrependa feito uma covarde." - sua voz era cortante. "Eu vou lhe ensinar a não mentir para mim."

Anita levou as mãos até meus cabelos calmamente, colocando as curtas mechas para trás, deixando meus ombros livres. Ela acariciou a pele desnuda, subindo pela extensão do meu pescoço até chegar sobre meu rosto. Encarando meus olhos que gritavam por ajuda, ela sorriu maldosa.

"Anita..." - sussurrei.

"Cala a porra da sua boca, escrivã." - seus dedos foram de encontro aos meus lábios – "Calada, acha que vai brincar comigo e sair impune, Torres? Você não me conhece."

Ela falou tão próxima de mim que pude sentir seu hálito sobre meu rosto, cheirava a uísque. Engoli em seco quando suas mãos foram de encontro à minha cintura, apertando-a com vontade.

"Me desculpe..."

Não havia perdão para Anita. Ela agora me comia com os olhos, esperando o momento certo para me atacar feito um felino raivoso.

The Stripper - VeronitaOnde histórias criam vida. Descubra agora