Capítulo 10 - Les Deux Magots Café

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POV ANITA BERLINGER

O despertador ao lado da minha cama irrompeu em sua melodia estridente, interrompendo a tranquilidade do domingo. Uma pontada de desgosto percorreu meu corpo ao me lembrar que, sim, eu tinha que trabalhar. Torres, já estaria me aguardando no Les Deux Magots há uma hora. Uma mistura de sono e antecipação me envolveu enquanto eu me esticava na cama, revivendo os acontecimentos da noite anterior. Um sorriso se alargou em meu rosto ao recordar Verô, e como ela conseguia extrair tanto de mim. Cada detalhe do toque dela ecoava em minha mente, despertando sensações intensas. "Como ela consegue mexer tanto comigo?" -  pensei, sentindo o calor da lembrança me envolver. Seu ar desafiador, sua postura firme... tudo nela me atraía de forma irresistível.

"Pare de pensar nela, Anita." - repreendi a mim mesma enquanto me erguia da cama e me dirigia ao banheiro.

Minutos depois, eu estava pronta, vestindo uma calça preta, uma regata cinza, um blazer preto e saltos da mesma cor, complementados por meus óculos de sol Ray-Ban. Rapidamente, fiz o trajeto até o Les Deux Magots, estacionando a algumas quadras de distância. O ambiente tranquilo da manhã dominical permeava as ruas vazias.

Ao adentrar o estabelecimento, fui envolvida pelo aconchego do lugar, que, para minha sorte, não estava lotado naquele momento. O aroma do café fresco pairava no ar, mesclando-se com o suave murmúrio das conversas ao redor. O Les Deux Magots, com sua atmosfera reminiscente de Paris, era um refúgio familiar para mim em meio ao agito de São Paulo. A decoração, com móveis de madeira e grandes luminárias, criava um ambiente acolhedor, adornado por quadros que evocavam a Cidade Luz.

"Anita, minha querida!" - saudou-me o senhor de cabelos grisalhos, se aproximando com um sorriso caloroso.

"Bom dia, seu Geraldo" - respondi, retribuindo o cumprimento com igual simpatia.

"Tão cedo aqui... a que devo a honra?" - perguntou ele, com seu sotaque francês inconfundível.

"Estava precisando de um lugar tranquilo para trabalhar, e este foi minha primeira escolha" -  expliquei.

"Perfeito! Está esperando alguém?" - ele indagou, com um brilho travesso nos olhos. "Tenho a última mesa disponível, bem reservada. Posso garantir que ninguém irá lhe perturbar."

"Sim, isso seria maravilhoso. Estou aguardando minha escrivã." - respondi, ansiosa para começar o dia.

"Parece que ela já chegou. Uma moça muito bonita entrou aqui hoje, e tenho certeza de que nunca a vi por aqui antes." - comentou seu Geraldo, com um olhar curioso.

"Onde ela está?" - interroguei.

"No andar de cima, querida. Sabe que temos uma ótima visão do parque lá na frente." - disse o homem, seu tom repleto de humor.

"Com toda certeza, Geraldo, mande alguém nos atender, por favor?" - respondi, enquanto seguia-o pelas escadas até o segundo andar do café.

"Eu mesmo lhe atenderei, menina Anita" - afirmou ele com um sorriso gentil.

Retribuí o sorriso ao senhor, agradecida pela atenção, enquanto ele me conduzia até a mesa onde Verônica estaria. E ele não estava errado, lá estava ela. Verônica estava absorta em um livro quando me aproximei, mas ao me ver, ergueu-se da cadeira com um sorriso radiante.

"Bom dia, delegada Berlinger!"

Hoje ela estava diferente. Verônica vestia uma calça preta que realçava as curvas de suas pernas esguias, uma regata branca e sua inseparável jaqueta de couro. Seus cabelos estavam arrumados em ondas suaves, contornando seu rosto delicado, enquanto um par de óculos de sol adicionava um toque de mistério ao seu olhar. Ela estava, como sempre, irresistivelmente atraente.

The Stripper - VeronitaOnde histórias criam vida. Descubra agora