P R Ó L O G O

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NEVIO FALCONE
— 12 ANOS —
15/05/2039

NEVIO FALCONE— 12 ANOS —15/05/2039

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Desde que nasci, eu sinto fome. O mais absoluto vazio dentro de meu ser, dizendo para que eu acabe com tudo ao meu redor. Desde pequeno me sinto como um furacão. Calmo quando estou sozinho, entretanto uma única faísca pode me levar a completa erupção e acabar com tudo ao meu redor.
                    Esse chamado do caos, parece com uma compulsão. Eu preciso de coisas ao meu redor. Preciso da vida, e principalmente sentir a morte em minhas mãos.
                      Preciso sentir a vida de meus inimigos se esvaindo de seus corpos, e ver o medo em seus olhos. Preciso vê-los engolir a saliva em suas gargantas, e mesmo que eles não falem, ver as perguntas rondarem suas mentes.
                    "Como será?", "Acontecerá neste exato momento?", "Ele me pegará de surpresa?".
                    Gosto de me ver como um animal, espreitando a todos, apenas observando. Posso não ser o rei da selva ainda, mas sem dúvida estou no topo da cadeia alimentar, e isso para mim é o suficiente.
                    Enquanto alguns acham que estão no poder apenas por estarem na frente de todos, eu mostro que só porque estou escondido, não significa que não tenho poder algum.
                    Nasci em um buraco negro, sendo consumido por tudo e nada ao mesmo tempo. Eu me criei no vazio que sou, e me apeguei a esse sentimento.
                    Ao sentimento de ser nada, e por isso não poder perder absolutamente nada. Se você não tem, nunca perde. Se você não sente, não há nada que possa te parar.
                    As únicas coisas que me motivam são minha família, eles são minha arte. Eles falam por mim, e eu falo por eles. Somos uma língua estrangeira, antiga e complicada. Somos antigos e por isso prevalecemos. Somos a Camorra, o início e fim de absolutamente tudo.
— Ele é seu para lidar com ele. — disse papai apontando para o homem desconhecido à minha frente. Ele estava completamente apavorado.
                    Peguei uma das facas em cima da pequena mesa, cheia de materiais de tortura para a minha escolha. O homem olhando para mim com os olhos arregalados, tentando desesperadamente soltar suas mãos e pernas amarrados a cadeira.
                    Meu sorriso se ampliou ao ver essa cena. Me aproximei mais dele, puxando seu cabelo e forçando o mesmo a ficar com a cabeça para trás enquanto levava minha faca para seu rosto, passando a lâmina delicadamente por sua pele, aproveitando a excitação do momento.
                    O homem parou de se mexer, respirando rapidamente, esperando algum ato meu. Ele olhou rapidamente para meu pai, e meus tios, Nino e Fabiano, que estavam atrás de mim e começou a chorar.
— Perdão, capo. — o homem olhava para eles com um olhar desesperado. — Por favor, eu nunca mais farei nada assim novamente.
— Você abusou da sua própria filha, que é apenas uma criança. — A voz de tio Fabiano era carregada de desprezo.
— Em meu território, vermes como você são instintos. — Papai respondeu, e o meu sorriso se ampliou.
— Nenhum deles pode te salvar. — eu disse, tombando um pouco a cabeça para o lado. — Você é meu agora, e eu faço o que quero com os meus brinquedos.
               O homem abriu a boca para falar novamente, e isso me irritou. Cravei a lâmina da faca em seu lóbulo ocular, perfurando o seu olho enquanto o mesmo gritava conforme eu removia a faca e o lóbulo de seu olho do seu crânio.
                    Olhei para a bola branca do olho perfurado, olhando para meu pai e dando uma risada, mostrando-lhe o que eu tinha acabado de fazer. Removi o lóbulo do olho da lâmina e joguei no chão, agora mais do que nunca a adrenalina estava passando por minhas veias e tudo começava a ficar interessante.
                    Os gritos do estuprador de crianças aumentou conforme eu comecei a cortar em volta do seu rosto, tirando a pele pouco a pouco, como se fosse uma máscara que qualquer um poderia usar. Não me importava em ser gentil, os gritos apenas me incentivaram a ser mais cruel.
               Uma comoção começou atrás de mim e ouvi as vozes de meus tios e papai, mas eu estava longe. Nesse momento, eu estava dentro da minha cabeça. A única coisa com a qual eu me importava era com o que estava dentro daquele homem. Eu queria desmontar seu corpo como se fosse uma espécie de brinquedo, eu queria quebrá-lo.
— Nevio. — uma voz ao longe me chamava. Ela parecia estar tão distante enquanto eu arrancava o outro olho do homem. — Nevio! — mãos me agarraram e de repente a imagem de meu pai entrou em minha frente, mas eu desviei o olhar para o homem sangrando. Seu peito subia e descia freneticamente. — Nevio, volte! — meu pai mandava mas eu não conseguia voltar minha atenção para ele, era como se eu estivesse em um sonho, do qual não queria sair. — Greta viu você.
                    Meu sorriso caiu imediatamente e meu mundo voltou à realidade. Deixei a faca em minha mão cair no chão e olhei diretamente para meu pai, observando seus olhos negros, vendo uma pitada de medo neles. Medo do que minha irmã poderia fazer depois de me ver com aquele homem.
— Greta? — minha voz era rouca enquanto a nuvem de minha mente se dissipava. — Onde ela está? — eu perguntei agitado, indo em direção ao meu pai, mas ele simplesmente balançou a cabeça. — Onde ela está, caralho?
— Olhe a boca. — ele me repreendeu, e por mais que eu tivesse um enorme respeito por meu pai, em tudo, nesse momento estava sendo difícil lhe dar ouvidos. — Nino e Fabiano saíram correndo atrás dela.
                    Eu não precisei de mais nada. Sai correndo da sala de tortura em que estávamos enquanto meu pai ainda gritava o meu nome. Passei pelos corredores do porão, subi as escadas, chegando nos fundos da mansão, e entrando na cozinha.
— Greta? — eu gritei, chamando por seu nome. Assim que não tive resposta e não a achei, fui em direção a sala. — Greta?!
— Meu deus. — mamãe reagiu horrorizada, olhando diretamente para mim.
— Você viu Greta? — perguntei, não entendo o porquê de sua reação.
— Nevio... — Tia Kiara veio até mim enquanto Tia Leona e Tia Gemma levavam Aurora, Carlotta, Massimo e Alessio para outro cômodo. — Querido, o que aconteceu com você?
                    Eu a olhei confuso. Mamãe e  Kiara olhavam para mim como se estivessem vendo a pior coisa que já viram. Eu olho para baixo, vendo minhas mãos cobertas de sangue, assim como minhas roupas e braços. Gostaria de dizer que me importei, mas neste momento a única coisa que importa é só uma. E certamente essa coisa é Greta.
— Eu preciso achar Greta. — eu disse, dando as costas para as duas enquanto corria pelo corredor, e ia até a ala de meus pais, correndo diretamente para o quarto de Greta, esperando achá-la lá, mas foi em vão.
                    O quarto estava cheio de presentes de aniversário, porém minha irmã não estava nele. Pânico começava a me rondar enquanto eu olhava por todo o lugar em seu quarto e não achava. Pela primeira vez na vida, eu senti algo parecido com culpa, por ser do jeito que era.
                  Minha irmã não era como eu.
              Greta era doce. Companheira e carinhosa, sempre espalhando amor e luz por onde quer que passasse e todos a amavam. E como não poderiam? Ela era a melhor pessoa do nosso clã, não deixando que nenhuma sujeira ou escuridão a manchasse.
                    Ela era a única coisa que poderia nos salvar quando estávamos completamente no escuro. Ela pertencia à luz, como Tia Kiara, Aurora e Carlotta, enquanto o resto de nós estava fadado a escuridão e sombras eternas.
              Já eu aprendi cedo que não era comum, meus sentimentos não conseguiam ser iguais aos dela.
                    Enquanto minha irmã ficava com toda a bondade, parecia que eu tinha ficado com toda a maldade. Que nós dois tínhamos puxado um lado totalmente diferente um do outro, e apenas nosso sangue e data de aniversário pudessem dizer que éramos irmãos.
                    Mas em nosso aniversário de doze anos, Greta tinha visto um lado meu que sempre escondi dela. Era a segunda vez que algo assim acontecia e eu lembrava muito bem como todos tinham me olhado. Como minha família me olhava com cara de espanto e medo, e agora quem me olharia assim seria a minha irmã.

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