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AURORA SCUDERI
— ATUAL 2039 —

                     Luz e escuridão

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                     Luz e escuridão. São dois opostos que sempre caminham de mãos dadas. Não existe luz sem escuridão, mas existe escuridão sem luz. Quando não se sobra mais nada além do vazio, a única coisa que prevalece é a escuridão.
                    Mas quando olho para Greta e Nevio atrás da mesa do bolo, a minha percepção muda completamente. Nevio é pura escuridão, como um buraco negro que consome qualquer luz ao seu redor. Enquanto Greta era como um raio de sol que iluminava tudo ao seu redor.
                     Greta é luz e Nevio escuridão. Greta consegue existir sem Nevio, mas Nevio consegue existir sem Greta?
                     A música do parabéns termina e Greta assopra suas velas de aniversário de 21 anos, Nevio estava ao seu lado apenas observando sua irmã com a mesma postura sombria de sempre. Ele não parecia estar tão animado na festa, provavelmente porque ele estava apenas esperando o sol se pôr e a noite surgir.
                    Para comemorar seu aniversário de 21 anos, Nevio chamou quase metade de Las Vegas para sua festa em um galpão abandonado que antigamente servia como um grande armazém de materiais de obra. Conhecendo Nevio e suas festas, tudo de mais ilegal estaria acontecendo naquele lugar. Isso faz seu estilo.
                    Mas essa festa de agora? Era apenas uma pequena festa para Greta em sua casa, já que ela odiaria ir para uma festa com músicas capazes de deixar alguém surdo e lotado de pessoas que ela nem conhece.
                    Apesar de gostar da Greta, tenho que admitir que a festa de Nevio parece ser muito mais interessante e divertida. Por isso, meu pai já deixou muito claro pra mim que a festa de Nevio estava totalmente fora de cogitação, então todas as minhas esperanças de ir a festa já tinham ido por água abaixo.
—Fez um pedido? — Serafina perguntou com um sorriso doce em seu rosto.
— Se eu disser ele não vai se realizar. —Respondeu Greta.
                    Eu imaginava o que poderia ser seu pedido. Mais cedo eu fui acordada com uma ligação de um número desconhecido de Nova York, quando eu atendi, era Amo Vitiello do outro lado da linha, minha tia Aria havia passado meu número para ele. Não entendi muito bem o motivo de sua ligação e muito menos o porquê dele querer falar com Greta, parecia ser importante. Então fui até a casa de Greta e retornei a ligação para Amo, como ele tinha me pedido. Tudo depois disso me fez ficar em completo choque, Amo ia se casar em algumas semanas e ele estava saindo com Greta?
                    Minha cabeça parecia que ia explodir e eu ao menos podia falar isso pra alguém.
                    Precisava tomar um ar, relembrar os acontecimentos de mais cedo estavam começando a me deixar maluca.
                    Saí da área da mesa do bolo e fui em direção ao jardim. Sentia minha cabeça girando pensando no que aconteceria se Greta ficasse com Amo. De uma coisa eu tinha certeza, teria derramamento de sangue e uma possível guerra a caminho.
                    O cheiro da grama recém aparada me trouxe um pouco mais de calma. Fechei meus olhos aproveitando aquela brisa fresca e o sol do fim da tarde batendo em meu rosto enquanto minha mão brincava com meu colar com pingente de skate.
                    Meu pai tinha me dado aquele colar quando eu ainda era criança e ele meio que virou meu porto seguro, segurava ele sempre que precisava me acalmar.
— Estressada? — A voz grossa de Nevio irrompeu minha paz e me fez virar para ele rapidamente.
                    Passava quase todos os dias torcendo para ficar perto, mas sempre que ele aparece, eu sinto como se meu coração estivesse a um segundo de pular da minha boca. Eu tentava disfarçar isso mas acho que Nevio sabia o efeito que tinha sobre mim.
— Agora que você chegou? Com certeza. — Me virei pra frente novamente e tentei ignorar sua presença.
— Ah Rory, você sempre foi boa em muitas coisas, mas mentir não é uma delas. — Pude sentir sua aproximação até que seus lábios ficassem a centímetros do meu ouvido — Principalmente de mim.
                    Me virei para ele novamente — Você não tem a menor ideia do que eu sou capaz. Agora por que você não vai logo para a sua festinha e fica com as suas vadias?
— Você queria ser uma das minhas vadias da festa? — Seu tom sugestivo me fez encara aquilo como um desafio
—Talvez eu seja uma das vadias da festa, mas definitivamente não vou ser uma se suas vadias.
                    Eu nem iria a festa, meu pai já tinha me barrado no momento que soube que iria acontecer, mas ver o rosto irritado de Nevio até que estava sendo uma vista agradável
— Você não vai a festa. — Respondeu sério.
— E quem disse que não? Até onde eu sei, você meio que tornou sua festinha algo público para toda a cidade. — Cruzei os braços. Por que eu estava discutindo isso?
— Você não vai a festa porque eu estou mandando que não vá. — Ele se aproximou me olhando com seus profundos olhos negros. Muitas pessoas desviavam o olhar e evitavam olhar Nevio nos olhos, mas sempre tinha algo em seu olhar que me trazia uma curiosidade de saber o que tinha por trás daquela escuridão e eu simplesmente não conseguia desviar meu olhar de suas orbes escuras.
— Espere e veja. — Falei seca e sem recuar um segundo, até me afastar dele e voltar pra dentro da casa, o deixando sozinho.
                    Minha mãe sempre me dizia que minha teimosia iria acabar me metendo em grandes problemas. Ela estava certa, porque agora eu iria nessa festa de uma forma ou de outra e ninguém iria me impedir de fazer isso. Eu não ia deixar Nevio achar que tem esse tipo de controle por mim.
                    Fui até a mesa onde Carlotta estava sentada sozinha comendo uma fatia de bolo e me sentei ao seu lado, um pouco irritada ainda por causa da discussão com Nevio.
— Vamos a festa do Nevio mais tarde. — Falei em um tom bem decidido.
                    Carlotta parecia chocada e mal conseguia terminar de engolir o bolo antes de dizer: — Como assim? Achei que estivéssemos proibidas e achei que você tivesse aceitado isso.
— Bom, eu mudei de ideia. Não vamos ficar mais uma noite trancadas na sala de cinema maratonando todas as temporadas de “Friends”, nós vamos sair e curtir uma festa igual o restante das pessoas da nossa idade.
                    Talvez fosse uma medida um pouco exagerada, eu sabia como essas festas eram perigosas por causa de todas as fofocas que eu ouvia na escola. Mas a sensação de fugir para a festa sabendo que ela era perigosa, me deixava… eufórica.
— Tem certeza que é uma boa ideia, Rory? Além disso, os guardas do seu pai e nem do meu vão nos deixar sair, não sem escolta pelo menos — Carlotta deu de ombros, não parecia estar animada para a festa.
— Deixa que eu cuido disso, tá bom? Só confia em mim e se arrumar — Falei me levantando da mesa. — Ah, e diga ao Diego e Toni que vamos dormir na minha casa.
                    Me virei para o jardim, rumo a minha casa. Não sabia o que esperar dessa noite, mas não sou do tipo que gosta de receber ordens e não vai ser agora que eu vou começar a gostar.
                                      ⋇⋆✦⋆⋇
                       O sol já tinha se posto fazia algumas horas, e eu estava no quarto junto com Carlotta olhando as roupas que poderíamos usar para a festa. Nunca tínhamos ido a uma festa tão grande assim, não sabíamos como as meninas se vestiam ou como se arrumavam para esses lugares.
                    Perdida em meio às minhas roupas, ouço a porta do meu quarto se abrir e meu pai aparecer encostado no batente da porta. Devia estar indo trabalhar, já que estava usando um terno azul novinho. Não precisava olhar para Carlotta para saber que ela estava congelada na cama achando que tínhamos sido pegas no flagra, mas eu tentei me manter o mais calma e serena possível. Não tinha como ele saber que íamos à festa, Nevio não contaria a ele, eu acho.
— O que estão aprontando? — Ele perguntou enquanto olhava a pilha de roupas que estava no chão do meu quarto.
— Nada demais, arrumando meu armário. — Dei de ombros e me virei novamente para o meu armário, tentando disfarçar o meu nervosismo.
— Está arrumando seu armário às 23 horas da noite de um sábado? — Ele olhou um pouco suspeito e então me virei pra ele bruscamente.
— Preferiria que eu estivesse me drogando? — Ergui minha sobrancelha e ele me encarou por alguns segundos em silêncio. Sabia que usar essa cartada iria deixar ele sem palavras, não era a primeira vez que eu a usava.
— Seu tio Remo me chamou pra ajudar ele em um trabalho, devo voltar tarde. — Apenas afirmei com a cabeça e então meu pai saiu.
                    Olhei para Carlotta que estava quase no mesmo tom que meus lençois e comecei a rir e ela fez o mesmo. Meu coração ainda estava nas alturas e minhas mãos estavam tremendo levemente, mas meu pai não pareceu suspeitar.
                    Voltamos a escolher roupas mas as opções estavam tão escassas que decidi ir com o padrão que eu costumava usar. Coloquei uma calça jeans preta que era uns dois números acima do meu, uma blusa preta tomara que caia que Carlotta insistiu pra eu usar e uma jaqueta vermelha que era do meu pai e ficava enorme em mim, finalizei apenas colocando um tênis preto, branco e vermelho da nike. Carlotta também decidiu ir no básico e colocou um vestido verde junto com uma botinha. Apesar de ser um vestido básico, valorizava muito o seu corpo.
— O que fazemos agora? Se sua mãe vir aqui no seu quarto? — Carlotta parecia estar cada vez mais nervosa com a nossa fuga.
— Minha mãe trabalhou o dia inteiro em um caso, ela deve estar exausta e vai dormir logo. Não se preocupe. — Segurei em seus ombros e olhei em seus olhos pra ver se ela relaxava.
— Tudo bem, vai dar tudo certo. — Ela começou a repetir isso como um mantra, o que me arrancou uma risada.
                    Comecei a ajeitar minha cama montando uma pilha de travesseiros debaixo do cobertor para parecer que eu e Carlotta estamos na cama dormindo. Usei uma das minhas blusas para simular nossos cabelos e duas bolas de basquete para serem nossas cabeças. Voilá. Não estava muito convincente, mas duvido que meus pais vão reconhecer alguma coisa no meu quarto escuro.
— Agora qual é o plano? Como vamos sair daqui? — Ela colocou suas mãos na cintura sem esperanças de que conseguiríamos sair dessa fortaleza sem ser vistas.
— Confia em mim? — Um sorriso travesso surgiu em meu rosto.
                    O rosto de Carlotta ficou um pouco mais tenso e ela fez uma careta. — Deveria?
                    Eu sorri e peguei em sua mão conduzindo ela até a janela do meu quarto. Tinha uma árvore grande que ficava bem do lado da minha janela e dava para fugirmos por ali. Carlotta não pareceu gostar muito da ideia mas fez mesmo assim, eu fui logo atrás.
                    Seguimos pelo jardim da minha casa e fomos até a casa dos Falcone. Não tinha seguranças aparentes e mesmo que a câmera nos pegasse, podíamos dizer que estávamos apenas fazendo uma visitinha a nossos tios. Ao entrar na casa dos Falcone, fui direto com Carlotta até a garagem deles e procurei por um carro específico. Nesse momento eu estava rezando para todos os deuses existentes. Olhei para o carro no final da garagem e então eu vi a Dodge RAM de Nevio. Graças a Deus. Corri em direção a mesma e Carlotta logo parou subitamente ao ver aonde eu estava indo.
— Nem pensar! Você perdeu completamente o juízo? — De repente seu nervosismo virou medo e pude sentir o temor em sua voz.
— Ele não vai descobrir, confia em mim — Falei erguendo minha mão para ela segurar.
— Não, Aurora. Isso é loucura demais até pra você. — Ela cruzou seus braços — Se Nevio descobre que entramos no carro dele escondido, ele nos mata.
— Ótimo, então é só ele não descobrir. — Mas mesmo assim, Carlotta ainda não parecia conformada com o plano. — Olha eu prometo que ele não vai descobrir, tá legal? Eu cuido de você. Sempre cuidei, não foi? isso não vai ser diferente agora, confia em mim!
                    Carlotta me olhava ainda um pouco hesitante mas acabou dando alguns passos em minha direção, cedendo ao meu plano. Fomos para a parte de trás do carro e tirei a capa que cobria a mala de seu carro, eu e Carlotta entramos logo em seguida e fechei a capa.
                    Nevio não saia sem esse carro, então sabia que eles ainda estavam lá e que eles iriam entrar no carro a qualquer momento. Era só questão de tempo até isso acontecer.
                    Se passaram quase vinte minutos e eu já estava começando a perder a minha esperança, mas então, a voz de Alessio irrompeu o silêncio que estava na garagem.
— Quem é hoje a noite? — Sua voz parecia um pouco entediada e aumentava cada vez mais que ele se aproximava do carro.
— Relaxa Robin Hood, matá-los lhe dará todos os sentimentos aconchegantes. Não se preocupe. — Disse Massimo com o tom carregado de sarcasmo.
— Casa de metanfetamina. Vamos pra lá depois da festa. — Disse Nevio e então entrou no carro.
                    Eu sabia das caçadas que eles faziam à noite, ou pelo menos sabia o básico. Mas saber que logo depois da festa teria um banho de sangue me deu enjoo.
                    Sentimos o carro dar partida e logo em seguida começou a andar. Bom, seja lá a maluquice que eu tinha em mente, agora eu não posso mais voltar atrás. Olhei para Carlotta, ela parecia estar um pouco mais calma e brincava com um joguinho em seu celular. Eu passei o resto do trajeto pensando no que poderia acontecer nessa noite. Uma sensação de pânico invadiu o meu peito. E se tudo der errado? Essas festas são conhecidas por serem perigosas por um motivo. Afastei todos os pensamentos negativos que vagavam por minha mente foquei no trajeto.
                    Passaram-se 15 minutos e então o carro parou. A música alta no fundo me dizia que tínhamos chegado no local e eu pude sentir um frio na minha barriga. Barulhos de portas soaram e o carro deu uma leve balançada. Os meninos saíram do carro.
— Pega a caixa de whisky no porta malas — Disse Nevio para um dos meninos.
                    Meu sangue gelou e pude sentir meu coração parar. Olhei para Carlotta que demonstrava o mesmo desespero que eu. Estávamos fudidas. Fiz sinal de silêncio para Carlotta que começou a resmungar o quão ferrada estávamos
                    A luz da lua irrompeu o ambiente escuro que estávamos e pudemos ver Massimo nos encarando no porta malas. Se ele estava surpreso ou não, ele não demonstrou. Ele não olhou muito pra mim, seus olhos estavam totalmente focados em Carlotta. Massimo soltou um breve suspiro e então pegou a caixa de whisky que estava do nosso lado. Ele fechou a capa do porta malas novamente e então saiu andando junto com Alessio e Nevio.
                    Não sei porque ele não nos entregou. Talvez pensasse que Nevio iria fazer algo terrível conosco caso descobrisse que estávamos em seu porta malas. Mas não acho que eu fui o motivo de sua proteção, Carlotta talvez? Ele não tirou os olhos dela.
                    Quando finalmente nos acalmamos com o que tinha acabado de acontecer, esperei mais cinco minutos e então abri a capa do porta malas. O carro de Nevio estava um pouco mais afastado do restante, mas podia ver uma longa sequência de carros mais à frente. A música já estava alta até mesmo do lado de fora. Eu desci do carro e ajudei Carlotta a descer.
— Essa foi a maior loucura que já fizemos. — Falei em meio a risadas.
— Essa é a última vez que eu escuto uma loucura sua, isso sim. — Ela se apoiou no carro como se estivesse pegando fôlego.
                    Olhei para Carlotta então dei um sorriso colocando meu braço envolta de seu pescoço e dando um beijo na sua cabeça. — Você sabe que não é né?
                    Carlotta apenas revirou os olhos e riu. Saímos andando em direção ao galpão abandonado. A música aumentava cada vez mais que nos aproximávamos e a multidão de pessoas começava a aparecer. Lotta segurou minha mão e entramos juntas no galpão, atravessando toda a multidão que tinha por ali.
                    Não tinha muita decoração no local, eram apenas algumas leds e luzes coloridas que iluminavam o ambiente, mas mesmo assim ainda estava bem escuro. Saímos andando até achar uma área onde tinha menos gente. Seria quase impossível encontrar Nevio aqui, tinha pelo menos umas duzentas pessoas no galpão.
— Eu vou pegar alguma bebida, não sai daqui. — Carlotta gritou no meu ouvido e mesmo assim ainda estava difícil de ouvi-lá. Eu apenas afirmei com a cabeça.
                    Olhei ao meu redor procurando algum rosto familiar mas não conhecia ninguém aqui, nem mesmo da escola. Sempre tive muitos amigos, mas aparentemente nenhum era muito fã de ambientes como esse. O que caralhos eu estava fazendo aqui afinal de contas?
— Aurora? — Ouvi uma voz familiar gritar meu nome
                    Me virei em direção a voz e encontrei Miles, um dos meus amigos que andava de skate comigo sempre. Ele me ensinou a fazer várias manobras diferentes. Carlotta sempre disse que ele era bonitinho e parecia gostar de mim, mas nunca dei muita bola para o que ela dizia.
— Miles! — Disse animada e então eu o abracei. — Não sabia que vinha a esse tipo de festa.
— Digo o mesmo pra você. Pensei que tivesse falado que seu pai encrencava com você saindo para esse tipo de festa. — Disse ele.
— O que os olhos não veem, o coração não sente. — Dei de ombros e um sorriso de canto.
— Tem razão, mas que bom que você está aqui. — Ele disse se aproximando um pouco demais e pude sentir meu corpo ficar um pouco mais rígido.
                    A maioria predominante dos meus amigos sempre foi homem, algo que eu nunca dei tanta importância na verdade. Não tinha maldade com eles, eu apenas era eu mesma. Já tentei ter outras amigas mulheres, mas elas sempre me faziam me sentir deslocada e quase nunca compartilhavam dos mesmos hobbies que eu. Acabei me acostumando a ser desse jeito, ser cercada de amigos homens e Carlotta.
— O que acha de irmos dançar? — Miles perguntou em meio a aquela música alta e pegou em minha mão.
— Hm, não sei se é uma boa ideia. Não sou uma boa dançarina, e também estou esperando uma amiga minha então… — Falei meio desconfortável. Isso com certeza saia da minha zona de conforto.
— Ah vamos, só uma música. — Ele me girou e me puxou para ele fazendo nossos corpos baterem um no outro.
                    Meu corpo todo ficou tenso na mesma hora. Jesus. Nunca tinha ficado tão próxima assim de um homem em toda a minha vida. Não sabia como eu deveria reagir. Eu ria? Mexi meus braços? Brincava com ele? O que as garotas fazem em situações como essa? A voz de Carlotta chamou minha atenção e me fez recuar na mesma hora.
— Desculpa, melhor eu voltar outra hora né? — Estava um pouco escuro para ver sua expressão mas tenho certeza que sua bochecha deve estar rosada nesse momento.
— Ah não se preocupe, Lotta. Só estávamos… — Tentei explicar a ela, porém Miles logo me cortou rapidamente.
— Estávamos indo dançar, não se importa se eu roubar ela por dez minutinhos né? — Miles deu um sorrisinho e eu rezei para que Lotta me salvasse e dissesse que queria ficar comigo.
— Ah, tudo bem. — Ela retribuiu o sorriso e pude sentir Miles puxar minha mão novamente.
                    Com a minha outra mão livre, eu peguei a bebida que estava na mão de Carlotta e segui Miles para o meio da festa para onde ele estava me levando para dançar. Praticamente virei a bebida que estava dentro do meu copo na boca e senti aquela queimação descendo pela minha garganta. Lutei contra a vontade de fazer uma careta, acho que essa era a segunda vez na vida em que eu bebia álcool, se ignorarmos as poucas taças de champanhe que meu pai me deixava beber.
                    Miles finalmente parou de andar e ficamos em uma pista de dança onde tinha várias outras pessoas ao nosso redor dançando também. Eu nunca dancei antes. O que eu faço agora? Olhei para as meninas ao meu redor que estavam dançando e então olhei para Miles um pouco desesperada, ele deve ter reparado que eu estava perdida.
— Não se preocupe com seus movimentos, só solte seu corpo. Deixe a música fluir. — Suas mãos foram na minha cintura e ele começou a movimentá-la conforme o ritmo da música.
                    Nesse momento eu provavelmente recuaria ao seu toque, mas parte de mim estava começando a gostar daquilo. Deixei a música fluir dentro de mim e ignorei tudo ao redor. Miles conduzia meu corpo junto com a música e fui sentindo toda a rigidez de antes indo embora. Estava tudo parecendo ficar cada vez mais leve, como uma sensação de liberdade. Meus quadris rebolaram conforme a música e cada vez mais, Miles trazia nosso quadril mais perto um do outro, até chegar ao ponto em que estávamos colados um no outro e ele me apertava contra ele. Eu devia ter parado e impedido ele, mas eu estava me divertindo... Porque eu pararia então?
                    Miles foi chegando cada vez mais perto de mim e tentou um beijo. Pensei em negar, mas hoje a noite eu prometi a mim mesma que não seria a Aurora de sempre e iria me permitir fazer algumas loucuras. Uma de suas mãos foi na minha enquanto a outra permaneceu em minha cintura. Seu beijo era bom, suave. Mas parecia tão... sem graça, não conseguia sentir uma emoção naquilo. Mas talvez o problema fosse eu, o último garoto que eu beijei eu também não senti emoção alguma. A única vez que senti algo foi em meu primeiro beijo, mas talvez fosse euforia de uma adolescente. Continuamos o beijo por mais alguns segundos e então ele começou a descer até meu pescoço. Segurei sua nuca e fui brincando com seu cabelo enquanto ele beijava meu pescoço. Me sentia esquisita fazendo isso.
                    Uma sensação estranha de que alguém estava me encarando me perturbou um pouco. Vaguei meu olhar pela festa e pude encontrar Nevio um pouco mais atrás no meio da multidão me encarando como encarava uma de suas presas que ele iria caçar essa noite. Meu coração disparou como se fosse sair da minha boca a qualquer momento, mas não quebrei a troca de olhares e muito menos Nevio fez menção de fazer isso. Comecei a sentir uma dorzinha chata entre minhas pernas e apertei uma na outra na tentativa de aliviar aquela sensação.
                    Mesmo de longe, Nevio parecia me hipnotizar e me sugar para ele até que eu ficasse perdida em mim mesma e em seu olhar preto.
— Porra Rory, você é muito gostosa. — Miles falou em meu ouvido o que me fez cortar o olhar com Nevio.
                    Eu apenas ri já que não sabia o que dizer. “Você também é legalzinho, mas eu só fiquei excitada quando um psicopata apareceu.”. Acho que não cairia bem eu dizer isso.
                    Meu olhar voltou para Nevio mas ele já não estava mais lá. Senti meu coração apertar pensando onde ele poderia estar, ou com quem ele poderia estar, ou pior, o que ele iria fazer?
Voltei a dançar junto com Miles e suas mãos voltaram ao meu quadril. Por mais que eu estivesse tentando dançar, meu olhar ainda rodeava Nevio em meio a multidão, mas eu não o via em canto algum.
— O que foi? parece mei… — Ele parecia ficar sem ar e surpreso antes mesmo de terminar sua frase.
                    Minha atenção voltou pra ele na mesma hora e fiquei confusa com sua reação até ver quem estava atrás dele. Meu corpo inteiro paralisou vendo o canivete de Nevio enfiado no meio das costelas de Miles e não pude segurar o gritinho que escapou da minha garganta.
— Se eu tirar meu canivete de onde ele está, você vai sangrar até morrer na frente de todo mundo enquanto ninguém vai ligar para a sua vida patética. — Ele enfiou a lâmina ainda mais fundo e pude ouvir o gemido de dor de Miles.
— Puta que pariu, Nevio. Porra, você ficou maluco? — Falei desesperada vendo o olhar de Miles em pânico.
— Você não vai toca-la, falar com ela, olhar na direção dela e muito menos chegar a porra da sua boca perto dela. — Ele então olhou pra mim com um olhar frio que fazia todos os meus instintos gritarem para correr e então voltou a olhar para Miles. — Se você fizer qualquer uma dessas coisas, eu vou caçar você sozinho e vou te titular como um de meus brinquedos e você vai desejar a morte, mais e mais a cada dia.
— Nevio, por favor larga ele. — Falei um pouco desesperada. Que se dane se parecia desesperada ou não, eu não queria que um amigo meu morresse por minha causa.
                    Olhei para as pessoas ao meu redor mas sabia que ninguém faria menção de ajudar Miles, ninguém seria maluco a esse ponto. Foda-se. Dei um chute em seu pulso que fez com que ele largasse a mão do canivete e deixasse Miles cair no chão com dor. Antes que Nevio pudesse ir atrás de seu canivete eu me pus entre eles e o empurrei para longe de Miles.
— Fique longe dele. — Falei, e pude sentir o ódio em minha voz. Porra, eu odiava ele. Eu estava com tanta raiva dele naquela hora que não me importava com mais nada. E então o empurrei de novo. — Seu babaca psicopata.
                    Eu pude sentir meu sangue latejar de tanta raiva e eu queria que ele pagasse pelo o que ele fez com Miles. Bom, pelo menos um pouco. Tio Remo me ensinou a lutar desde que eu era criança, eu sabia como dar um bom soco. Com toda a força que eu tinha, preparei meu braço e dei um soco em seu rosto. Mas antes mesmo de meu braço acertar seu rosto, Nevio segurou meu punho com apenas uma mão e me encarou com aquele olhar obscuro e vazio. Merda.

₊🫧꒷꒦‧₊˚⋆ Olá gente, tudo bem? Esperamos que você, leitor, tenha gostado e continue comigo nessa viagem para conhecer esses personagens incríveis, e que se apegue a eles tanto quanto eu já estou apegada!‧₊🫧꒷꒦‧₊˚⋆ Vote e comente para que eu saiba ...

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₊🫧꒷꒦‧₊˚⋆ Olá gente, tudo bem? Esperamos que você, leitor, tenha gostado e continue comigo nessa viagem para conhecer esses personagens incríveis, e que se apegue a eles tanto quanto eu já estou apegada!
‧₊🫧꒷꒦‧₊˚⋆ Vote e comente para que eu saiba as suas opiniões, ou até mesmo ideia e especulações. Isso me ajuda demais!
‧₊🫧꒷꒦‧₊˚⋆ Um 💋 a todos e eu volto com mais um capítulo em breve!

❝◆⃘᳝࣪࣪❛͓𝕭ᵧ ⅅ⍺ɾḳ O⨏ Rυ¡ⴖ (+18)❜┆❫ ۪Onde histórias criam vida. Descubra agora