As vezes, dedicar-se a alguém, faz com que a gente esqueça de nós mesmos. Os olhos fundos de noites mal dormidas, o corpo cada vez mais magro por refeições mal feitas, o cabelo a ser cortado; tudo é um reflexo de um alguém que esqueceu de si próprio em prol de alguém. Assim era a rotina de Jisung.
Quem olhava se comovia com sua dedicação com Minho, seu amor e cuidado com o moreno era admirável. As Nonna's da cantina do hospital que se afeiçoaram a Jisung, o aconselhava para que o mesmo também se cuidasse na mesma intensidade, pois Minho quando estivesse de volta iria querer ele igualmente saudável. Jisung sempre dizia o mesmo murmúrio, que iria tentar ser mais prestativo consigo, que iria tentar dormir, comer, e da um jeito no grande e bagunçado cabelo que caia sobre seus ombros. Porém eram promessas vagas.
Os corredores frios do hospital já fazia parte da sua rotina e como se fosse um abraço gelado o trazia de volta a realidade que enfrentava dia após dia durante aquele último mês. A cada vez que o médico responsável pelo tratamento de Minho entrava no quarto sem cor, a chama da esperança se ascendia no peito de Jisung. E da mesma forma que ela chegava, mais depressa ainda ela se esvaia. A palavra de conforto sempre acompanhada ao ouvir mais uma vez que o estado do moreno ainda era estável.
Se permitia sair apenas na floricultura que ficava a alguns passos ao lado do grande hospital. Era de lá que sempre trazia algumas flores pra compor o cenário sem cor daquela quarto inteiramente branco e banhado no cheiro de antisséptico. As flores que Jisung cultivava minuciosamente na mesa ao lado da cabeceira da cama se destacava com suas cores vibrantes.
Jisung como um artista, sempre amou a maior diversidade de cores em um ambiente. A sintonia que elas dançavam em completa harmonia acalentava a sua alma. Porém viver em um quarto sem vida estava lhe deixando cada dia mais pra baixo. Não conseguia reproduzir uma mínima linha em seu caderno de bolso por não sentir mais a criatividade lhe invadir, como também não poderia deixar aquele ambiente o colocar mais ainda em um limbo perdido e sem cores onde a escuridão poderia o abraçar e jamais o deixar partir.
Hoje, em particular, escolheu um lindo girassol. Suas cores amarelas cintilantes em contrastes com os raios de sol daquele belo dia lhe encheu os olhos. As pétalas macias mostravam o cuidado que mantiveram até chegar ao comprador como seu destino final. Suas mãos firmas seguravam o pequeno ramo que seria amado nos próximos dias de cuidado.
Cumprimentando as recepcionistas que já o conheciam, rumou em direção ao elevador em uma pequena felicidade por está levando algo tão simbólico pra encher os dias de Minho de vida. Mesmo que ele não estivesse vendo todo o processo a sua volta.
O quarto que mais uma vez adentrou naquele dia, estava com o velho cheiro conhecido de sempre, ao fundo dançando suavemente alguns nuances do perfume de Minho que Jisung não deixava de aplicar sempre após o banho do moreno. As notas cítricas dava uma leveza ao ar pesado daquele quarto, e o aconchego se fazia presente apesar de toda a tragédia.
Posicionou o pequeno girassol próximo a janela e inalou o perfume da brisa da manhã que passava pelas cortinas juntamente com o cheiro de Minho.
Jisung não poderia negar, que apesar do lugar improvável pra se viver nos últimos meses, da situação em que se encontrava, ele estava em casa.
Pois a nossa casa não se resume a uma estrutura física de paredes de tijolos e cimento. Podemos encontrar nosso lar em um abraço, em um cheiro, em uma música. E o lar de Jisung sempre seria encontrado em Minho.
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Várias Versões de Você • Minsung
FanfictionO destino nunca faz o caminho errado e se você estiver com sua história traçada, nada impedirá dela acontecer; agora ou depois, entre vidas passadas ou futuras, nem mesmo seus sonhos escaparão se a linha do destino permanecer ligada um ao outro. Um...