VIII

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A rotina de Jisung aos poucos voltava ao normal. Suas noites ainda era perturbada por pesadelos que ainda se insistiam em invadir seu subconsciente; os sabores das comidas se tornaram amargo ao seu paladar, o vento frio arrepiava sua pele como sinal do vazio que se instalou em seu coração. Mas ele estava tentando. Dia após dia.

Com muita insistência dos amigos e da senhora Lee, o Han voltou as aulas. Diziam que apesar de tudo ele não podia deixar seu sonho de lado e parar de lutar pelo que foi fazer naquele lugar. Se levantava todos os dias com o pouco de força que ainda existia em sua derme, o café quente e mesmo com todo açúcar que colocava era amargo e o caminho até o campo carregado de lembranças que um dia viveu.

Alguns dias tinha se passado, para ser mais exato, um mês.

Um mês que Jisung tentava voltar a sua rotina normal com toda a ajuda e apoio de seus amigos próximos e carinho da senhora Lee que jamais esqueceu dele. As faltas na faculdade logo começaram a ser preenchida, seus dias logo foi voltando a ter mais de sua antiga rotina com trabalhos, professores, ônibus cheio, mas ainda um vazio existente que era insubstituível. Jisung tinha em sua mente a vontade de seguir em frente apesar de tudo, sabia que Minho em seu processo de recuperação não estava muito a fim de vê-lo e forçar um contato estava em última questão.

Nos corredores do prédio ouvia sempre um burburinho de um ou outro sobre o acidente e todas as memorias e a saudade voltava à tona em seu peito. Várias vezes se pegou vagando durante alguma explicação da disciplina em uma lembrança junto ao moreno e os olhos cheios de lagrimas não escondiam a dor que causava em seu íntimo. Todos os dias entrava em contato com a senhora Lee em busca de notícias sobre Minho, sempre era informado que ele estava se recuperando, indo as sessões de terapia, porém ainda não tinha voltado a frequentar as aulas do seu curso por não se sentir preparado por conta de alguns conteúdos que também esqueceu por conta da perca da memória. Para ele, ainda estava cursando o terceiro ano do seu curso, e não o último em que se encontrava.

Após o fim de uma de suas aulas buscou o rumo de uma das arvores do campo aberto que ficava bem ao centro da área de convivência dos alunos. Mesmo em um grande movimento da manhã, lá ainda continuava sendo o seu lugar favorito. Sentia o ar fresco bater em seu rosto, o quente dos raios do sol acariciar a sua pele com delicadeza como se o consolasse de todas as suas aflições. Ao seu lado, seu velho companheiro de cordas, protegido por sua capa protetora que logo foi tirada e apoiado seu corpo em seu colo, passando em seguida delicadamente a ponta de seus dedos pelas cordas lembrando das notas que havia composto a alguns dias.

A brisa leve levava embora a melodia doce das notas músicas que saia do violão através de seus dedos ágeis, sua boca fechada cantarolava baixinho uma letra que somente ele conhecia intimamente e entendia o real significado. A música para Jisung era como um refúgio, onde ele poderia expor em suas composições suas dores, amores, segredos e desabafos. Em um pequeno caderno de folhas amareladas gastas havia algumas palavras escritas onde ali sua história era contada nas entrelinhas.

─ Sung? ─ sua melodia foi interrompida por uma voz baixa o chamando.

─ Ah! Olá, Chan. ─ sorriu mínimo na direção do amigo que logo sentou-se ao seu lado.

─ Nunca tinha ouvido essa melodia que estava tocando... É nova?

─ Ah, não é nada... ─ sorriu ─ Tinha escrito ela quando estava com o Minho no hospital.

─ Hum... E como ele está? Soube do que aconteceu e de quando ele acordou. O Jeongin me contou...

─ Ele está bem. Tenho notícias todos os dias, só não vi ele depois que saiu do hospital. ─ Jisung direcionou seus olhos para um ponto qualquer o que foi percebido pelo loiro ao seu lado.

─ E você, como está?

─ Eu??! ─ Jisung arqueou suas sobrancelhas ─ Na medida do possível. Estou tentando voltar a rotina.

─ Não pensa em falar com ele? Tentar ajudar a recuperar a memória? ─ Chan buscava ajudar da forma que estivesse ao seu alcance mesmo sabendo de toda a situação não favorável para o seu amigo.

─ Não sei se seria o certo... Eu tenho medo de forçar, tenho medo de tentar. Quando ele me viu no hospital seus olhos foram de repulsa... ─ suspirou ─ Não sei exatamente. Ele não ficou muito interessado em falar comigo.

─ Ele está confuso Sung. É normal. ─ passou o braço pelos ombros do menor ─ Você devia tentar. Mesmo que não lembre de você, ainda existe a chance de começar de novo. De se conhecerem, de você mostrar que existe uma história juntos. Por que não faz uma visita?

─ Não pensei nessa possibilidade..., mas eu sei que não é o certo e que ao invés de ajudar pode acabar piorando mais ainda a situação.

─ Então pense! Bote essa cachola pra funcionar. ─ o loiro levou a ponta do dedo indicador a testa do castanho o tirando um pequeno sorriso ─ Não aguento mais te ver cabisbaixo por aí. Enfim, eu tenho que ir, o Minnie está me esperando. Já deve ter acabado sua aula.

─ Tudo bem. Vou pensar no que me disse.

─ Se cuide meu amigo. ─ Chan deixou um beijo estalado na bochecha do menor e saiu o deixando perdido em seus pensamentos.

Jisung considerou a ideia do loiro e pensou em porque não fazer uma visita breve. Rapidamente guardou seu material e saiu em direção a cafeteria mais próxima pra comprar um americano pensando em cada palavra que ouviu seus pontos positivos e negativos, e no momento sua negatividade e autossabotagem estava ganhando espaço. E se não desse certo? E se também desse certo? Já não teria mais nada a perder então, poderia arriscar mesmo sentindo medo.

─ Vamos Jisung, não desista! ─ pensou consigo saindo da cafeteria com seu americano em mãos destinado ao que fazer.

Enquanto caminhava sentiu uma leve brisa que carregava um aroma tão admirado por si. Flores.

Jisung sempre foi um amante e admirador de flores. Como um bom artista que adorava todas as cores e achava o conforto da vida nas mesmas. Seus olhos rapidamente buscaram de onde vinha o delicioso aroma e logo seguiu em sua direção após a ideia que passou por sua mente barulhenta.

─ Boa tarde querido, procurando algo em especial? ─ uma senhorinha simpática lhe abordou.

─ Hum... Acho que lírios. ─ Jisung lembrou o quando Minho adorava aquele tipo de flor.

─ Uma ótima escolha! ─ a senhorinha simpática sorriu em sua direção entrando no estabelecimento, mas logo saindo com alguns lírios em sua mão em um delicado e pequeno buque.

─ Muito obrigado! ─ sorriu fechado.

─ Espero que a pessoa amada goste do presente. ─ o brilho nos olhos da senhorinha o deixou confortável em seguir em frente com sua ideia.

─ Como? ─ a cabeça levemente para o lado mostrou a sua confusão.

─ O lírio é cheio de significado querido. ─ a senhorinha falou enquanto ajeitava algumas flores a sua frente ─ As pessoas que vem aqui comprar sempre levam para presentear a pessoa amada. Acredito que esteja comprado com esse propósito. Significa principalmente o amor puro entre duas pessoas. Ao presentear alguém com um lírio, significa que a quer manter por muito tempo ao seu lado.

Jisung sorriu ao escutar aquelas palavras da mais velha e logo fazendo uma breve referência ao sair do local recebendo um grande sorriso de volta. Não sabia do significado e com certeza Minho também não. Estava animado por poder vê-lo novamente e ainda entregar-lhe um presente tão significativo.

Ao chegar em frente à casa do mais velho, Jisung hesitou bastante antes de tocar a campainha. Respirando fundo uma, duas, três vezes seguidas para se acalmar seu coração iniciou uma verdadeira batedeira desritmada. Parecia como se fosse a primeira vez; o mesmo frio na barriga, o mesmo tremor nas mãos, a mesma boca seca. Ao arrancar toda a coragem de dentro de si, levou seu dedinho ao botão do lado da porta logo apertando em seguida. As batidas do seu coração pareciam ser visível a quem o visse.

─ O-oi Minho...

─ O que você está fazendo aqui?

Várias Versões de Você • MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora