Primeiro encontro

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Olhos vermelhos brilhando na noite de lua cheia, pele pálida refletindo o brilho do luar, os cabelos loiros pareciam mais escuros sob a sombra das folhagens e o corpo alto que quase submeteu sua estrutura baixa fez suas pernas tremerem com a aparição logo ao lado. Ele surgiu de trás duma árvore e sobre as raízes salientes que elevavam o corpo ainda mais sobre o pobre homem.

Charlie não sabia se era aterrorizante ou atrativo. Pois, seus olhos não conseguiam desviar daquele ser medonho lhe visando contra a pouca claridade. Mal podia decifra-lo, se não fosse pelos passos gentis sobre a relva quando se aproximou para revelar-se ainda mais.

A lanterna que Charlie carregava para iluminar a trilha, foi esquecida no chão pelo susto anterior da tal aparição, e agora suas mãos deslizavam com cautela até seu cinto onde a arma descansava.

"Sozinho?"

A voz chegou profunda nos ouvidos de Charlie, e este quase engasgou para responder, paralisando seus movimentos.

"... sim..."

Não sabia se era uma resposta correta. Se estaria em perigo por revelar vulnerabilidade no meio daquela mata silenciosa. Mas quando o corpo deslizou de trás da árvore e ficou a três passos de si, seu coração acelerou e automaticamente alcançou a arma do coldre. Quando pretendeu mirar no homem, seu pulso foi agarrado e assim puxado a favor do estranho.

Estranha era a posição que agora se encontrava.

Charlie tremeu quando ele envolveu seu corpo e colou no próprio, quando abaixou o rosto e afundou o nariz na curva de seu ombro, sob o casaco impermeável, quase podendo sentir pela camisa fina o frio da ponta do nariz pálido.

Ali o outro absorveu pelas narinas o seu odor, seu suor, sua colônia e o resquício de pólvora de seu treinamento matinal.

A mão armada foi presa sobre o ombro do homem mais alto, ambos os pulsos foram segurados juntos apenas por uma mão grande e forte. Seu corpo foi imobilizado com muita facilidade e agilidade. E isso tudo foi horripilante.

Lentamente, o homem elevou o rosto, finalmente parando de cheirar a lateral do pescoço eriçado de Charlie, este, que observou de olhar atento e arregalado a face na meia luz, bonito se assim pudesse definir.

"Sabia que conhecia esse aroma. Um sangue bom."

Charlie entreabriu os lábios afim de protestar, mas não sabia por onde começava: se pedia para que lhe soltasse, se perguntava por que caralhos as irises vermelhas daquele homem quase brilhavam no escuro, ou o que diabos ele queria dizer com "sangue bom".

Só se sabe que quanto mais olhava, mais o outro parecia se aproximar de seu rosto. Respirando lentamente um ar quente e perfumado, e era como se diminuisse seu corpo também, dando uma sensação de estremecimento interior. Mas, não por medo, e sim algum tipo de encanto pela face tão perto da sua.

Até que, num susto por conta de um forte latido próximo a eles, o ser largou Charlie e fugiu na oportunidade da distração quando um cachorro surgiu de entre o matagal.

"Jacob!"

Charlie conseguiu esbravejar enquanto via o homem sumir por de trás de uma árvore grossa, e o cão que mais parecia um lobo de tão grande seguiu o restante da sombra do estranho.

Seu coração batia muito forte no eptio, e teve de se abaixar para estabilizar suas pernas trêmulas.

Charlie não era novo nesse ramo, e já enfrentou muitas situações de se perder o fôlego.

Mas, essa em questão, o assustou pela sensação confusa de desejo por algo. Sentiu curiosidde, e se perguntou o que infernos era aquele homem.


Eclipse - E se...Onde histórias criam vida. Descubra agora