Capítulo 9

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Sábado, 21 de março, Tailândia - TH

O raio de sol entrava pela janela e iluminava todo o quarto. As crianças e alguns Atores já tinham acordado, tomado café e estavam no extenso quintal nos fundos da casa. Yuki, Nan e Song ainda dormiam em seus colchões com as cobertas sobre o rosto tampando a claridade. Apesar da insistência das crianças, não quiseram levantar-se preferindo descansar mais um pouco antes de darem continuidade a longa viagem que tinham pela frente.

Da janela da cozinha, Lúcia observava suas crianças correrem por entre seu pomar enquanto Nop, Kate e Seng tentava pegá-las. Próximo a plantação de alface, Maria e Iza ensinava Tee, Tack e Chin a como escolher uma boa alface e qual o ponto certo das folhas serem colhidas.

Lúcia observou do alto as crianças e fez uma contagem mental percebendo a falta de uma. Uma menina especificamente, Li não tinha descido para as atividades matinais. A mulher largou a louça sobre a pia, secou suas mãos no avental e foi procurar a pequena no quarto.

A senhora entrou no quarto e parou observando a cena. No fundo do cômodo, em uma das camas de solteiro três corpos ainda dormiam pesadamente. Freen e Becky estavam deitadas viradas para o mesmo lado. Um dos braços da loira segurava firmemente a cintura de Becky por baixo da coberta. A terceira pessoa de corpinho pequeno, dormia serenamente no espaço na frente de Becky. O braço da morena abraçava a pequena que abraçava seu ursinho azul.

Lúcia se encantava com a cena. Um sorriso terno tomava seus lábios enquanto se aproximava da cama de forma cautelosa. A pequena Li tinha se apegado muito rápido àquelas mulheres.

Becky sentiu a presença da mais velha e lentamente despertou. Seus olhos, em um primeiro momento, se fecharam com a claridade. Mas ao se adaptarem às luzes, ela pode visualizar Lúcia ao lado da cama.

- Bom dia - diz com a voz rouca.

- Bom dia. - Lúcia responde sorrindo. - Como está o seu punho? - a senhora aponta o braço enfaixado.

- Está um pouco dolorido, mas bem melhor. - Ela diz olhando o curativo. - Muito obrigada. - Sorri agradecida para a mulher.

- Por nada. Depois vá até a cozinha para que eu possa trocar os curativos e tomar sua medicação. - A morena concordou.

Li se mexe na cama virando seu corpo de frente para Becky e sua mãozinha passa pela cintura da morena a abraçando. Becky apenas assiste a cena e sorri ao sentir toda aquela sensação boa tomar seu corpo novamente.

- Ela gostou muito de vocês. - Lúcia diz fazendo Becky tirar os olhos de Li e encará-la.

- Ela é uma criança muito especial. - Becky afirma acariciando os cabelos da menor.

- Ela é sim. - Lúcia concordou.

A mais velha se aproximou da cama e pegou a criança em seu colo. A menor despertou. Seus olhinhos se abriram lentamente. Os castanhos estavam clarinhos, detalhe que não passou despercebido por Becky. Foi impossível não lembrar de Freen, os olhos da loira ficavam claros como aqueles todas as manhãs. As costas das mãos de Li esfregaram seus olhos e ela encarou a cama ainda confusa pelo sono recém desperto.

Lúcia levou Li para a cozinha deixando as duas mulheres deitadas em sua cama. Becky voltou a fechar os olhos e sentiu o aperto do braço de Freen.

- Bom dia - Freen sussurrou na nuca de Becky fazendo a morena se arrepiar. Ainda no aperto do braço da loira, Becky se virou ficando de frente para a amiga. Seus rostos estavam a pouco centímetros de distância. As respirações batiam em seus rostos. O olhar castanho se perdia aos da maior. Aqueles castanhos clarinhos pela manhã. Era impossível não se perder naquela imensidão castanha.

End Of TimesOnde histórias criam vida. Descubra agora