Capítulo 22

55 15 10
                                    


As mãos tremulas de Kate acariciavam o rosto de Tack. O homem estava deitado no chão sobre a poça do próprio sangue que se formava por baixo de seu corpo e se espalhava ao seu redor. A bala havia atravessado seu peito perfurando seu pulmão e parte do músculo do seu coração.

Os olhos de Tack estavam arregalados enquanto o homem tentava respirar, mas tinha a sensação de estar se afogando, e realmente estava. Seus brônquios eram todos preenchidos pelo sangue que jorrava pela perfuração da bala.

- SENG O QUE VOCÊ FEZ?? - Tee grita desesperada vendo a situação do amigo no chão. A mulher chorava ao notar que não tinham muito o que fazer para ajudá-lo. - CARALHO!

Freen ainda estava estática em seu lugar, parecia estar flutuando em um intenso e pavoroso pesadelo. Sentia seu peito apertar vendo o amigo agonizar sobre a madeira do chão. E se sentia pior ainda por perceber que no meio de tanta agonia ainda sentia um mínimo alívio por não terem sido ela, nem Becky e nem Li uma das vítimas de Seng. E se sentir aliviada por isso, mesmo que minimamente, pesava sua mente e coração em um nível extremo.

Ao lado de Freen, estava Becky, a Morena chorava assistindo o amigo, que dividiu tantos momentos divertidos, agonizando. Ver o estado de prantos de Kate apenas piorava. Becky queria se aproximar para tentar de alguma forma confortar Kate, mas estava segurando Li.

A pequena chorava e soluçava enquanto abraçava suas pernas. O rosto escondido em sua coxa e uma das mãos tampando uma das orelhas. A menor estava assustada e apavorada com a visão do Tio Tack sendo baleado e estar morrendo estirado no chão, bem a sua frente.

- Tack, por favor! - Kate grita. - Aguenta, não fecha os olhos! - a mulher suplica aos prantos. - POR FAVOR! - soluça. - Nós vamos te ajudar!

Mas a verdade é que todos sabiam, até mesmo Kate sabia, que não iriam ajudar o colega, isso era impossível na atual realidade em que se encontravam.

Mesmo em meio ao desespero de não conseguir respirar e a dor em seu peito se espalhar por todo seu corpo fazendo-o queimar como brasa, tack olhou para a amiga ao seu lado e apertou a mão da mulher que o segurava firmemente.

Kate olhou para o amigo com sua visão turva pelas lágrimas. Respirou fundo tentando se acalmar e entender o que o amigo queria. Tack encarou a amiga uma última vez ignorando toda dor e aflição que sentia. O homem sorriu terno e agradecido, tentando passar toda gratidão que tinha por ter conhecido aquela mulher incrível. Era uma despedida, Kate sabia que era.

A mão de Tack foi apertada por Kate que se negava a aceitar aquela situação.

- Não! Era para a gente ser os gêmeos da Beyoncé lembra? - a mulher sorri entre as lágrimas - Nós combinamos que nos apresentaríamos assim para os soldados da Marinha lá na Base. - A mulher deita seu rosto sobre o abdômen do amigo. - Não... - soluça - Por favor... - súplica em um fio de voz e observa os olhos de Tack se fecharem lentamente.

A respiração ficou fraca até se tornar inexistente. Os batimentos descompassados, pararam.

Tack se foi, estava em paz agora.

Na outra ponta do corredor Seng ainda brigava com Nop. Em um descuido do moreno, Seng se desvencilhou de seus braços e correu para fora da casa, mas antes parou por um segundo a frente do corpo de Tack analisando a merda que havia feito, sua mente corroía em remorso e arrependimento. Então Seng saiu da casa quando percebeu que Nop o alcançaria. Abriu o portão e saiu pela rua.

Freen observou a cena e sentiu seu corpo borbulhar em ódio. Olhou o corpo de Tack banhado no chão e sua respiração acelerou. Olhou novamente por onde Seng saiu e em um ato involuntário, o seguiu. Becky não precisava de muito para entender o que a loira estava prestes a fazer.

End Of TimesOnde histórias criam vida. Descubra agora