Capítulo 3

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O Prédio Central tem sete andares, e apenas caçadores tem acesso a eles. No primeiro andar, tem dois Caçadores de primeira classe como segurança na porta de entrada. Dentro do primeiro andar tem um corredor que dá acesso a sala de painel de controle. Essa sala tem piso apenas nas laterais, pois no meio do piso existe uma abertura com uma grade, para que possamos ter visão das celas de energia azul que ficam abaixo.
No segundo andar, ficam duas salas: uma é o refeitório, aonde estamos indo, a outra é a sala de treinamento; onde tem um tatame para lutar e aparelhos de treino de academia.
No terceiro andar, tem um laboratório de pesquisa onde apenas Tohru tem acesso, juntamente com os pesquisadores de confiança dele. A porta do laboratório é grande e feita de aço reforçado; é protegida por dois caçadores de classe especial que ficam pelo lado de fora, e nem mesmo eles podem entrar. O Máximo que outros caçadores podem fazer, é passar pelo corredor do terceiro andar para ter acesso ao quarto. Queria tanto saber o que eles escondem lá. Por que será que é tão protegido assim?
No quarto andar, fica a sala de reunião; ali tem uma mesa grande com várias cadeiras. Também é a sala de café da manhã dos Caçadores de primeira classe e classe especial. Todos tomamos café da manhã juntos e discutimos sobre algo importante caso for necessário. Os outros caçadores tomam café da manhã no refeitório.
No quinto e sexto andar, ficam os quartos dos caçadores; alguns tem sua própria casa, mas a maioria mora ali. Eu moro em um quarto do quinto andar, e o de Breezy fica perto do meu.
No sétimo andar, ficam vários caçadores de várias classes, trabalhando juntos para manter a ordem dentro da Muralha. Eles quem resolvem os problemas que acontece ali dentro como: brigas entre pessoas comuns, organizam os lugares onde novas casas podem ser construídas; cuidam das plantações e criações de animais juntamente com as pessoas que trabalham nisso; afinal é assim que conseguimos nosso alimento. Plantamos vários tipos de verduras, legumes e vegetais, e criamos alguns animais para nos alimentarmos; também caçamos alguns animais na floresta.
No sétimo andar também tem uma sala reservada, onde fica Tohru. Ali ele resolve todos os tipos de problemas que aparece; é ele quem escolhe as tarefas para cada Caçador. Dentro da sala dele tem uma porta que dá acesso ao seu quarto, onde claramente apenas ele pode entrar.

Chegamos ao refeitório do Prédio Central, e vários caçadores já estavam almoçando. O refeitório é enorme: tem várias mesas e um buffet igual um restaurante, a diferença é que ali ficam apenas os Caçadores, e não precisamos pagar para comer.
Fui me servir e Breezy me acompanhou, mas não quis comer nada além de uma fatia de melão.
- Tem certeza de que não vai ficar com fome comendo apenas isso? - perguntei, um pouco preocupada.
- Sim, preciso manter a forma - respondeu Breezy, cortando um quadradinho de melão e o levando a boca com uma faca.
- Comendo desse jeito, você vai manter a forma de um arame - tentei segurar minha risada, mas a maneira como ela me olhou fez com que eu gargalhasse muito alto, chamando a atenção de todos que estavam no refeitório. Quando notei que todos estavam olhando para nossa mesa, me encolhi na cadeira, envergonhada e olhando para baixo.
- Você é muito escandalosa - disse Breezy, rindo baixinho e cortando outro quadradinho de melão.
- É que você precisava ter visto sua cara quando falei aquilo - comecei a rir de novo, mas dessa vez sem emitir som algum.
- Já você, vai ficar em forma de esfera se continuar comendo igual um pedreiro - disse ela, rindo baixinho novamente enquanto me encarava.
Eu a encarei boquiaberta, semicerrando os olhos e balançando a cabeça bem devagar gesticulando um não.
- Você não presta - falei, enquanto pegava uma coxa de frango com os dedos, então dei uma bela mordida, enchendo a boca.
- Vai com calma aí - disse ela, levantando a sobrancelha.
- Você quer manter o corpo e eu quero me manter forte - argumentei, e dei outra mordida, tirando um belo pedaço daquela coxa de frango.
- Não vou ficar fraca por controlar minha alimentação - disse ela cortando outro quadradinho de melão.
- Sheal está ficando fraca por você dar apenas sopa de legumes para ela. Mesmo que um Slayer possa comer frutas e legumes, eles se enfraquecem se não comerem carne.
- Eu não me importo com aquela baixinha irritante.
- O que estou querendo dizer é que eu preciso de carne para me manter forte. Sou metade Slayer lembra? - falei, terminando de comer aquela coxa de frango e depois servi um bife em meu prato. - A propósito; fiquei até com dó da Sheal por ela estar comendo apenas sopa de legumes. Você é muito malvada com ela.
- Por mim, ela já poderia estar morta.
- Mas deixá-la sem comer carne é maldade. Eu não sei o que eu faria se ficasse sem comer carne por mais de um dia.
- Acho que você tem sorte por ser uma mestiça. Pode comer carne a vontade que não vai te fazer mal algum.
- Não me acho alguém sortuda; na verdade... já fui chamada até de aberração - falei olhando para baixo, me lembrando daquela cena de dez anos atrás; isso fez eu começar a me sentir mal.
- Você não é uma aberração, dona Azuki Ayumi! Não precisa ficar assim por causa das palavras de um Slayer idiota!
- Eu sei disso, mas... foi esse Slayer idiota... quem matou meus pais - falei, tentando conter uma lágrima, mas ela escapou dos meus olhos e desceu lentamente pelo meu rosto. Por que fui me lembrar disso logo agora? Me levantei e fui levar meu prato à cozinha. Breezy me seguiu em silêncio.
Assim que saímos da cozinha, fomos até o telhado do Prédio Central. Ficamos deitadas no telhado, olhando para o céu.
- Está tudo bem? - perguntou Breezy, virando o rosto para mim.
- Sim. Apenas me lembrei de algo que não queria. Logo vai passar - falei olhando para as nuvens, enquanto arrumava minhas mãos sobre minha cabeça, tentando ficar mais confortável.
- Eu sei que é difícil, embora eu não me lembre muito bem de minha mãe... nem de meu pai, mas queria poder estar com eles. Apenas me lembro dos longos cabelos pretos de minha mãe.
- Pretos? - indaguei, franzindo minhas sobrancelhas e olhando para ela.
- Sim!
- Mas como? Você é loira!
- Puxei meu pai.
- Ah, entendi! - falei com um sorriso envergonhado e desviei o olhar - Como fui burra agora!
- Parece que comer de mais está afetando seu cérebro - Breezy gargalhou muito alto.
- Ei, idiota! Não tem graça!
- Tem sim - ela continuou gargalhando sem se controlar.
Eu a encarei e disse:
- Acho que realmente estou precisando te dar uma surra na sala de treinamento.
Ela sorriu para mim e falou:
- Se você quiser podemos ir agora.
- Tudo bem - respondi animada e me levantei. - Vamos? Só não vai chorar depois que eu quebrar você ao meio.
Nesse momento Tohru apareceu.
- Acho que não vai dar - cochichou Breezy.
- Hum?! - olhei para Tohru.
- Ayumi, tenho um trabalho para você - disse Tohru.
- Oi! Sim, claro! O que preciso fazer? - perguntei conferindo se minha espada estava em minha cintura.
- Ao norte da Muralha foi detectado um Slayer. A maioria dos Caçadores estão ocupados, então preciso que você vá até lá e resolva.
- Tudo bem. Qual a distância? - perguntei animada. Finalmente um pouco de ação; não enfrento ninguém há mais de uma semana.
- De cinco a seis quilômetros - respondeu ele.
- Breezy pode vir comigo? - perguntei entusiasmada, mas o olhar que ele me deu, já pude entender que era um não.
- Tenho outra tarefa para Breezy. Agora vá - ordenou ele; de uma forma seca como sempre.
- Ah, sério? - resmunguei.
- Vá de uma vez, Ayumi! - pediu Breezy, com o corpo tenso.
- Está bem! Estou indo - respondi, então pulei do telhado do Prédio Central, em direção ao norte da Muralha.
Pousei na calçada e corri até o portão. Cumprimentei a sentinela e pedi para que ela abrisse o portão para mim, então eu passei, e corri para dentro da floresta, enquanto agradecia.

 Cumprimentei a sentinela e pedi para que ela abrisse o portão para mim, então eu passei, e corri para dentro da floresta, enquanto agradecia

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Tohru

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