Capítulo 7

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Corri novamente até o local da minha última luta. Tentei procurar por todas as partes, algum vestígio que pudesse me levar até aquele Slayer. Rodeei o local por horas e horas, olhando para todos os cantos. Me lembrei que da última vez ele apareceu nas sombras de uma árvore. Fiquei relembrando aquela cena; me lembrei daqueles olhos vermelhos brilhando na escuridão da noite enquanto me encaravam. Caminhei até perto de um rio que fica a sete quilômetros ao norte da Muralha; é um rio enorme e lindo com as águas claras e limpas. Chegando lá, notei que ao outro lado do rio, subia um fio de fumaça entre o meio das árvores. Aquilo com certeza é uma fogueira.
Atravessei o rio correndo por cima dele; eu consigo controlar a água de uma forma que eu possa andar sobre ela. Chegando ao outro lado, subi em uma árvore alta para ter uma melhor visão de onde estava a fogueira. Preciso chegar até lá sem ser notada. Pode haver mais que apenas um Slayer.
Olhei de cima da árvore, e consegui observar nitidamente a fogueira e algo assando sobre ela; certamente algum animal. Tentei Observar se tinha alguém por perto, quando de-repente...
— Está me procurando? — ouvi uma voz atrás de mim.
— O QUÊ?! — gritei assustada. Acabei perdendo o equilíbrio e acabei caindo da árvore, enquanto me arranhava por inteira entre os galhos. — AAAAAHHH — gritei enquanto caía, mas consegui pousar em pé.
Olhei para cima totalmente assustada e sem entender nada do que havia acontecido. Não havia ninguém lá. Mas como?
— Está tudo bem? Não se machucou?
Ele estava em minha frente. Aquele mesmo Slayer que enfrentei ontem: estava em sua forma humana, escondendo aqueles olhos vermelhos. Eu ainda não entendo! Como ele possui essa velocidade absurda?
— C-como subiu lá em cima sem que eu percebesse? E como já está aqui? Qual o seu problema? — perguntei totalmente agitada e ofegante.
— Calma, garota! Vou te responder — disse ele com a voz tranquila, como se eu não fosse inimiga dele. — Você deve ter percebido minha habilidade em nosso último encontro.
— Sim! Descobri da pior maneira — falei irritada, enquanto o encarava.
— Aquilo só aconteceu porque você não parava de me atacar.
— E você queria que eu acreditasse em tudo o que você falou?
— Não estou esperando por isso. A questão é que tenho habilidade de choque, mas não é um choque comum; se eu colocar muita força, ele tem a potência de um raio, e minha velocidade está ligada a isso. Não sou tão rápido como um raio, mas posso chegar perto.
Ouvir isso me deixou mais assustada do que antes. É uma velocidade absurda, por isso não consigo acompanhá-lo.
— Você tecnicamente me atacou com um raio?
— Tipo isso — respondeu ele, dando um pequeno sorriso de canto.
— Você quase me matou, seu idiota! Aquilo foi perigoso.
— Você é muito estressada!
— Não sou!
— Não me diga que veio me matar? — perguntou ele, levantando suas sobrancelhas.
— Digamos que sim, mas você não colabora.
— Ainda não acredita em mim?
— Não importa! Minha missão é derrotar você!
— Você não desiste mesmo — disse ele, revirando os olhos.
— Apenas estou obedecendo ordens — falei, enquanto sacava minha espada.
Ele me encarou com um olhar frio; seus olhos ficaram vermelhos; suas unhas se tornaram em garras e seus caninos cresceram, se transformando em presas pontudas.
— Pode vir — disse ele, abrindo os braços.
Eu tentei manter minhas expressões faciais calmas, sem demonstrar pânico ou medo. Eu não posso perder para ele mais uma vez! Sua velocidade é um problema, mas posso tentar detectar para onde ele se movimenta me concentrando em sua energia. Não é uma tarefa fácil de se realizar, mas não é impossível.
Avancei contra ele, esperando que ele sumisse de minha frente, mas ele permaneceu ali, me olhando fixamente. Executei um ataque com minha espada em direção ao seu pescoço. Ele desviou para o lado e segurou minha mão, tentando fazer eu soltar a espada. Utilizei minha outra mão e lancei uma rajada de água contra ele, fazendo-o se afastar enquanto arrastava seus pés pelo chão; ele manteve o equilíbrio sem muito esforço e me olhou sem muita surpresa. De repente ele sumiu. Eu já estava esperando por isso! Tentei me concentrar em descobrir para onde a energia dele estava se movimentando.
— Aqui! — falei, olhando rapidamente para minha esquerda e consegui segurar a mão dele. — Você quer machucar o outro lado do meu rosto?
— Talvez isso faça você parar de me incomodar — disse ele, tentando socar meu estômago com sua outra mão.
Rapidamente, formei um escudo de água, conseguindo evitar com que seu soco me atingisse e então me afastei, soltando a mão dele. Coloquei minha espada na bainha, e estendi minhas mãos para frente, formando uma onda de água gigante, que o atingiu e o lançou para o meio das árvores. Desfiz minha onda de água e vi que várias árvores foram destruídas com meu ataque; eu esperava que meu ataque tivesse causado o mesmo efeito contra aquele Slayer. Mas certamente ele ainda estava inteiro. Ele vai aparecer de repente como sempre. Senti uma movimentação atrás de mim, então me virei rapidamente.
— Aqui! — falei em posição defensiva, esperando seu ataque para o segurar, porém não tinha ninguém. — O quê?! Cadê ele?
— Do seu lado — disse ele, me atingindo com um chute nas costelas, me lançando contra uma árvore que quebrou ao meio assim que me choquei contra ela.
Caí rolando sobre o chão, tentando me levantar rapidamente. Assim que me levantei, ele me atingiu muito forte em meu estômago com seu joelho, me lançando para trás, e eu caí no chão novamente. Perdi o fôlego e me encolhi, fechando meus olhos com força; esse golpe doeu muito. Fiquei encolhida com os olhos fechados, tentando suportar aquela dor absurda que parecia não ter fim. Percebi que estava saindo sangue de minha boca; eu estava perdendo para ele mais uma vez.
Tentei ficar em pé, mas perdi o equilíbrio e caí de joelhos, enquanto pressionava meu estômago com a mão esquerda e tapando minha boca que não parava de sangrar com a mão direita.
— Droga! — falei olhando para minha mão direita toda suja de sangue.
— É melhor você voltar para casa. Não quero continuar com isto — disse ele, se aproximando.
— Por que não me mata de uma vez? — perguntei, olhando para minha mão.
— Eu não quero matar você. Quantas vezes preciso dizer que não quero causar mal algum?
— Se você não me matar, acho que outra pessoa vai fazer isso em seu lugar — falei formando uma pequena esfera de água e limpei minha mão, depois meu rosto. — Meu líder é muito rígido.
— Então você deveria caçar ele — o Slayer falou de forma tão natural que fez com que não parecesse uma brincadeira. — Melhor você sair daqui logo — pediu ele, se distanciando.
Me levantei bem devagar, formando um ataque de água em minha mão para lançar contra ele. Quando me preparei para fazer isso, senti alguém chutar minhas costas, fazendo eu cair rolando sobre o chão mais uma vez.
— Mas que droga! — murmurei com raiva. Como que ele conseguiu me atacar pelas costas se eu nem vi ele sair da minha frente?
Quando levantei meus olhos para a direção em que recebi o ataque, vi uma garota ruiva um pouco mais alta que Breezy: seus cabelos são ondulados e longos; seus olhos são castanhos claros como o mel, e ela possui uma espada. É uma caçadora? Não! Se fosse, não teria motivos para me atacar.
Ela empunhou sua espada e correu em minha direção enquanto me encarava. Notei que seus olhos ficaram vermelhos quando começou a correr. Ela é uma Slayer que possui a forma humana?
Me levantei empunhando minha espada. Ela me atacou com muita força utilizando sua espada. Consegui me defender com a minha, fazendo as duas espadas se chocarem. Ela chutou meu joelho, fazendo eu cair, e tentou me acertar com sua espada para acabar comigo de uma vez, mas consegui desviar para o lado no momento do ataque. Saltei para cima dela a derrubando, e fiquei por cima dela. Acertei um soco em seu rosto e depois outro, no terceiro ela conseguiu segurar minha mão e depois segurou a outra, então me virou, fazendo com que eu ficasse por baixo dela, ela soltou minhas mãos e tentou socar meu rosto, mas eu consegui me proteger com as mãos e arranhei o rosto dela, tentando tirá-la de cima de mim. Isso a deixou furiosa, e ela começou a desferir vários socos com muita força e velocidade, tentando acertar meu rosto. Tentei me defender com minhas mãos, mas um acertou meu olho direito, outro acertou meu nariz que começou a sangrar, e o outro acertou minha boca, que também começou a sangrar.
— Atrevida irritante — disse ela, enquanto me batia.
— SAI DE CIMA DE MIM! — gritei com muita raiva, tentando me defender dos socos dela.
Ela continuou me atacando sem conter sua força.
— Já chega, Hyara! Pare — ouvi a voz daquele Slayer com poder de choque dizer isso.
— Ela tentou te atacar pelas costas. Eu vi — disse Hyara.

                              Hyara

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                              Hyara

— Eu sei! Mas sai de cima dela.
— Droga! Está bem!
Hyara saiu de cima de mim enquanto me encarava com muito ódio. Eu devolvi a encarada da mesma forma. Meu rosto ficou ferido, mas deixei um belo de um arranhão em seu rosto que estava sangrando muito. Eu consigo fazer minhas unhas crescerem e se tornarem em garras, mas não gosto de utilizar isto.
— Não estamos causando problemas, então vá embora logo, antes que você se machuque ainda mais — disse o Slayer com poder de choque.
Eu mal consigo lutar contra ele sozinho, agora é ele e mais essa Hyara. Percebi que o melhor a se fazer era voltar para casa.
— Tudo bem! Eu vou embora — falei, pegando minha espada, então saí.
Chegando ao rio, mergulhei para poder me limpar de todo aquele sangue e sujeira que estava sobre mim. Atravessei até o outro lado e então utilizei minha habilidade para retirar toda a água que estava sobre meu corpo e minhas roupas; eu consigo me secar dessa forma.
Assim que me sequei, corri em direção à Muralha. Não pude correr muito rápido porque Hyara machucou meu joelho com aquele chute.
Faltando pouco para chegar à Muralha, percebi que havia um coelho preso entre os galhos de um arbusto. Me perguntei se Sheal ficaria feliz com aquilo.

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