Prólogo e Capítulo 1

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Prólogo

Um mundo no qual os humanos lutam contra monstros para sobreviverem.
Estes monstros não são irracionais. Na verdade, eles se organizam da mesma forma que os humanos, inclusive com hierarquia entre eles, para poder dominar os humanos e transformá-los em escravos, ou até mesmo em alimento. Esses monstros são conhecidos como Slayers (matadores).
Do outro lado temos os Caçadores, que são humanos preparados para poder enfrentar os Slayers e proteger sua cidade, cercado por muralhas e sentinelas.
Este livro irá te apresentar Azuki Ayumi: uma garota que nasceu e cresceu neste mundo, onde perdeu seus pais quando criança e foi salva pelo líder dos caçadores, tornando-se assim membro deste grupo. Azuki Ayumi aprende a lutar para se defender, e a utilizar suas habilidades de manipulação da água.

Capítulo 1

Eu perdi meus pais quando tinha nove anos. Minha mãe era uma mulher alta com os cabelos azuis e tinha uma habilidade de manipular a água assim como eu. Mas humanos comuns não possuem habilidades assim, apenas Slayers podem utilizar alguma habilidade de elementos e alguns possuem até transformações. É muito raro existir um humano que possua alguma habilidade, a maioria utiliza apenas espadas ou outras armas.
Isso deixa claro que minha mãe era uma Slayer com a aparência muito parecida com a de um humano. E meu pai era apenas um humano comum que trabalhava nas montanhas, longe das cidades.
Meus pais se conheceram e então ficaram juntos, porém não é normal que humanos e Slayer se relacionem, não é bem-visto por nenhuma das raças. Era difícil de acreditar que existiam Slayers que não queriam apenas devorar as pessoas, mas minha mãe era assim, ela nunca fez mal algum para qualquer humano, na verdade, ela sempre esteve ao lado deles e isso fez com que nossa casa ficasse à mira de vários Slayers por muito tempo. Até que um dia, o líder de um exército de Slayers ordenou que minha mãe fosse morta.
Eu estava no campo procurando por frutas para levar para casa. Já estava escurecendo e começou a chover, então resolvi voltar. Quando retornei, chegando ao quintal, fiquei paralisada; vi ali o corpo de minha mãe caído no chão, cheio de machucados, em cima da poça do próprio sangue, enquanto a chuva caía sobre ela. Me aproximei lentamente, muito assustada e sem entender nada. Quando cheguei perto, olhei para o rosto dela; estava sangrando e muito machucado. Comecei a chorar, me ajoelhando perto dela.
- Mãe!? Mamãe!? Por favor, acorda!
Ela abriu os olhos lentamente, quase sem forças, e olhou para mim.
- Filha?! - indagou ela, com a voz quase como um sussurro.
- Mamãe, está tudo bem? - perguntei soluçando, ao mesmo tempo em que limpava as lágrimas de meu rosto; me senti aliviada por um momento em poder ouvir a voz dela.
- Filha, você precisa correr! Por favor!... saia logo daqui e se esconda - murmurou ela baixinho.
- Mas por que, mamãe?
- Por favor, filha! Eles vão te pegar se continuar aqui.
- Não vou te deixar aqui desse jeito - falei enquanto ficava em pé, para ver o que poderia tentar fazer.
Quando olhei para o lado, vi também o corpo de meu pai, totalmente dilacerado. Isso foi feito por um Slayer ou mais.
Entrei em pânico. Aquela imagem em minha cabeça me deixou completamente em choque; fiquei totalmente imobilizada, com minha respiração pesada, quando de repente senti um golpe em minhas costas.
Caí rolando sobre o chão e bati em uma árvore. Quando tentei me levantar, minha visão embaçou e eu caí mais uma vez. Olhei para frente e vi um ser totalmente assustador; ele segurava um facão com sua mão direita. Não sei por que estava armado sendo que ele tinha garras gigantes em suas mãos. Também possuía dentes enormes e pontudos; os olhos dele eram amarelos e brilhavam como se fossem ouro; as orelhas eram grandes e pontudas; possuía também uma cicatriz no rosto, como se tivesse sido feito por um golpe de espada.
Ele me encarou, enquanto caminhava em direção à minha mãe.
- Pensei que já estivesse morta, traidora! Não devia ter deixado sua raça, para se juntar a um maldito humano - disse ele, enquanto apontava o facão para ela.
- POR QUE ESTÁ FAZENDO ISSO? - perguntei, gritando com muita raiva.
Ele apenas sorriu e ergueu o facão para cima, enquanto olhava para minha mãe.
- Diga adeus! - disse ele, abaixando o facão em direção ao pescoço dela.
- NÃO! - gritei muito alto, com todas as minhas forças, mas não adiantou. Aquele monstro terminara de matar minha mãe com um sorriso macabro em seu rosto.
Aquela cena me deixou transtornada. Ver aquilo abalou todos os meus sentidos. Comecei a me levantar, tremendo e com muita raiva. Nunca havia treinado para lutar igual minha mãe, não sabia utilizar meus poderes de água, porém ver aquilo despertou algo em mim que eu nunca havia sentido. O ódio dentro de mim começou a crescer e eu comecei a gritar desesperadamente, enquanto formava um redemoinho de água em volta de meu corpo, fazendo com que aquele Slayer olhasse para mim, se desfazendo daquele sorriso.
- Por que está fazendo isso? - perguntei mais uma vez, com os punhos fechados e o encarando.
- Me chamo Ruthless! Sou do Exército de Slayers do Lord Darkhand. Ele ordenou que sua mãe fosse morta por ter traído nosso povo e se juntado aos humanos. É claro que seu pai também deveria morrer, afinal Slayers não deveriam ter filhos com humanos. E como você nasceu sendo uma híbrida... você é uma aberração - ele gargalhou muito alto depois de dizer isso.
Enquanto ele ria, surgiu mais três Slayers atrás dele, rindo também.
Aquelas palavras me atingiram, como se uma flecha tivesse sido atravessada em meu peito, e isso me deixou com muito mais ódio. Como alguém pode ser tão repugnante assim?
- Eu não sou uma aberração! - falei, segurando o choro e o encarando, enquanto mostrava os dentes.
- E a propósito, meus subordinados adoraram massacrar o seu querido papai - ele gargalhou muito alto assim que terminou de falar.
Quando ele disse isso, minha raiva explodiu e eu avancei contra ele, lançando meu redemoinho de água contra ele. Ele tentou segurar, mas meu golpe de água teve impulso sobre ele, fazendo-o voar contra uma rocha. Os outros três começaram a rir, deixando-o muito nervoso e isso fez com que ele viesse com tudo para me acertar. Tentei desviar, mas ele era muito mais rápido e me acertou com um soco em minha barriga, que me fez voar até aquela árvore mais uma vez. Minhas costas bateram com força contra a árvore, fazendo seus galhos e folhas balançarem, e eu caí de joelhos, sentindo uma dor insuportável por todo meu corpo. Abaixei minha cabeça e vi que começou a pingar sangue de minha boca. Comecei a ficar desesperada; percebi que não tinha como vencê-lo. Se aquele monstro era tão forte, a ponto de matar minha mãe e meu pai, então não havia nada que eu pudesse fazer.
Ele chegou perto de mim e me agarrou pelo pescoço, depois me ergueu, enquanto me pressionava contra a árvore; ele estava me sufocando enquanto ria.
- Me larga! - tentei dizer, mas minha voz saiu apenas como um sussurro.
Uma lágrima começou a escorrer pelo meu rosto, enquanto eu pensava que minha vida já havia acabado.
- O que foi? Pensei que você iria fazer alguma coisa contra mim, mas pelo jeito você não consegue fazer nada, não é mesmo? Você é só uma aberração! Uma frágil e inútil aberração - ele dizia isso enquanto sorria, como se adorasse fazer as pessoas sofrerem antes de acabar com elas.
Ele apertou ainda mais meu pescoço. Eu já estava completamente sem ar e minha visão estava ficando cada vez mais escura, quando de repente ele me soltou e eu caí no chão.
Enquanto tentava recuperar o fôlego, vi a cabeça do Slayer rolando sobre o chão. Assustada, olhei para frente e vi um homem de cabelos pretos, usando uma roupa de couro, e em sua mão havia uma espada enorme. Em sua espada, pude ver o sangue do Slayer que ele acabara de matar.
Com um movimento rápido ele acabou com os outros três Slayers que estavam ali, como se fazer aquilo não fosse nada para ele. Foi tão rápido que nem mesmo consegui ver seus movimentos. O caçador andou até mim e perguntou se eu estava bem; tentei responder, mas em vez disso, comecei a chorar; chorar muito e não conseguia parar. Ele entendeu o motivo de eu estar assim e não tentou insistir; em vez disso, ele pediu para eu ir com ele para a Muralha. A Muralha é o lugar onde eles abrigam as pessoas e as protegem dos Slayers. O nome é esse apenas por ser protegido por grandes muralhas e sentinelas por todos os lados.
Assim que me acalmei, olhei para o lado e vi que havia outros caçadores com ele. Um deles disse que a Muralha ainda estava sendo construída e era uma das primeiras a serem feitas para proteger as pessoas. Ele garantiu que era seguro e que estava quase pronta. Também disse que eu poderia viver lá, sem sentir medo porque que eu seria protegida.
O Caçador que me salvou olhou para mim e se apresentou:
- Meu nome é Tohru! Qual o seu?

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