Capítulo 10

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Me coloquei em pé e tentei observar o exército que estava vindo.
— Eles estão a mais ou menos três quilômetros daqui — disse Hyara, com sua respiração ofegante.
Pulei o mais alto que pude para tentar ver o exército. Assim que saltei, consegui ver uma nuvem de poeira, com vário Slayers correndo em nossa direção. Me lembrei das palavras de Sheal.

“— Só sei que a qualquer momento, ele pode mandar um exército para atacar essa cidade novamente. Ele provavelmente pensa que eu estou morta, já que estive presa aqui nesses últimos dois anos. Então ele pode tentar novamente, só que com um exército ainda mais forte.
— Por isso você diz que todos vamos morrer a qualquer momento?
— Quem sabe — disse ela, desviando o olhar.”

— Estão indo para a muralha! — gritei. — Preciso ir avisá-los!
Desci da montanha e comecei a correr o mais rápido que pude em direção à Muralha.
Tayden e Hyara me seguiram correndo juntamente comigo.
— Podemos ajudar vocês! — ofereceu Tayden.
— Vocês não podem! Se chegarem perto da muralha, serão vistos como ameaças. Fiquem longe! — aconselhei.
— Seria melhor você aceitar nossa ajuda — pediu Hyara. — Eles estão em muitos.
— Está bem! Mas não se aproximem muito da Muralha — pedi.
— Está bem! — concordou Hyara.
Quando faltava apenas um quilometro para chegar à muralha, eu os aconselhei para que ficassem ali, e eles obedeceram. Corri até o portão e gritei:
— Tem um exército de Slayers se aproximando. Aumentem a defesa.
Os caçadores e sentinelas ficaram agitados, e começaram a organizar a defesa. Eu corri até o Prédio Central, e assim que cheguei, entrei e procurei por Tohru. Achei ele perto do laboratório.
— Tohru! — chamei por ele. — Tem um exército se aproximando da Muralha, ao norte — falei completamente ofegante.
— O quê?! — expressou ele, espantado. — Quantos Slayers?
— Centenas, acho que pode haver até mil — falei, enquanto tentava recuperar o fôlego.
— Droga! — disse ele, correndo pelo corredor, e pediu para que tocassem o alarme. — Quero todos os Caçadores de terceira e segunda classe em volta da Muralha. Os de primeira fiquem a um quilômetro ao norte. Os de classe especiais virão comigo para enfrentar o exército.
Eu corri até ele e perguntei:
— Por que não podemos ir junto para enfrentá-los?
— Porque vão passar vários por nós — respondeu ele. — Provavelmente enfrentaremos o general deles, e os capangas irão passar. Quando isso acontecer, vocês acabam com eles.
— General? — olhei para ele, confusa.
— O líder do exército. Por exemplo a Sheal: ela era a general do último exército que nos atacou.
Fiquei paralisada por um momento, enquanto Tohru correu rapidamente para o norte junto com os Caçadores de classe especial. Fiquei ali pensando que seria um desastre encontrar um inimigo semelhante à Sheal.
Procurei por Breezy em todos os lugares do prédio, levei quase dez minutos para encontrá-la. Ela estava perto do painel de controle das celas.
— Oi! — a cumprimentei, chegando perto dela. — Você ouviu o alarme?
— Sim! Não tem como não ouvir! Mas eu estava ocupada, organizando algumas coisas. O que aconteceu?
— Precisamos ir para o norte da Muralha. Tem um exército de Slayers se aproximando.
— Não pode ser! — disse ela, espantada.
— Vamos lá! — falei, caminhando em direção à porta de saída.
— Espera! Eu preciso ir ao banheiro!
— Sério, Breezy?! — indaguei a encarando, enquanto colocava minhas mãos em minha cintura.
— Você não quer que eu faça lá no meio da luta, não é? — argumentou ela, indo ao banheiro.
— Droga! Não demora! — falei impaciente, e andando em direção ao banheiro, que fica perto do painel de controle.
Dois minutos depois ela saiu, mas aquele tempo esperando parecia uma eternidade. Eu estava aflita; pensando sobre o exército estar se aproximando, sobre Tohru já estar lutando, sobre os outros caçadores de primeira classe já estarem no lugar combinado. Será que eles podem se encontrar com Tayden e Hyara? Isso estava me deixando com medo.
— Vamos então? — perguntou ela, andando em direção ao painel de controle. Ela foi pegar sua espada que estava escorada no painel.
Assim que eu ia responder, uma explosão enorme fez o prédio todo tremer. Breezy e eu gritamos assustada. Ela se desiquilibrou e bateu no painel de controle, fazendo com que as celas de energia azul se desativassem.
— NÃO, BREEZY! — gritei. — Cuidado!
— Droga! — disse ela, tentando reativar as celas.
— Breezy! — a chamei, assustada.
— O quê, Ayumi? — disse ela, impaciente, enquanto apertava os botões do painel.
— Sheal sumiu — apontei para as celas.
— O quê?! — expressou ela, correndo até a grade para conferir. — MAS QUE DROGA! — gritou ela, enquanto socava a parede.
Vi a sombra de Sheal passar pela porta de saída.
— Ali! — falei, correndo em direção à porta.
— Eu não acredito que isso esteja acontecendo! — resmungou Breezy.
O pior de tudo é que eu não sabia como havia acontecido aquela explosão. Será que um Slayer adentrou à Muralha?
Saí para fora, e vi Sheal com suas asas vermelhas abertas, voando para o norte. Ela ativou sua segunda forma? Quando olhei para a estrada, havia fogo por toda a parte. Tudo isso aconteceu naquela única Explosão? Havia também muitas pessoas caídas e machucadas, algumas delas eram caçadores. Olhei para cima e vi um Slayer voando para perto do Prédio Central. Ele lançou uma bola de fogo pela sua boca, e eu atirei uma esfera de água para conter o ataque. Assim que meu ataque se chocou com o dele, houve uma explosão no ar. Então foi ele o responsável por tudo isso!? O ataque de fogo dele é explosivo! Ele conseguiu entrar tão rápido? Mas como ele conseguiu passar pelas sentinelas sozinho?
Ele pousou em minha frente, e me encarou. Ele possui asas negras, seus olhos são amarelos e ele é muito mais alto que eu. Deve ter quase dois metros de altura.
Breezy apareceu ao meu lado para me ajudar.
— Vá atrás da Sheal — pedi. — Eu me viro aqui.
— O que aconteceu aqui? — indagou Breezy assustada, olhando em volta.
— Vai logo! — insisti.
— Está bem! — Breezy correu para o norte o mais rápido que pôde.
Aquele Slayer lançou um ataque contra ela, mas eu me enfiei em sua frente e o bloqueei com um escudo de água.
— Você vai lutar comigo — o encarei, mantendo minhas expressões sérias.
— Você acha que tem alguma chance, mocinha? — indagou ele, me lançando um olhar desafiador.
Sua voz é rouca, mas ao mesmo tempo forte e um pouco assustadora.
— Tendo chances ou não, eu não vou permitir que você destrua este lugar! E não vou permitir que você machuque as pessoas!
Saquei minha espada e avancei contra aquele Slayer, que abriu suas asas e avançou contra mim também. Ele tentou dar um soco em meu rosto, mas eu desviei por baixo dele e o ataquei com minha espada em direção as suas costelas. Ele saltou para trás, conseguindo se esquivar, e cuspiu várias bolas de fogo contra mim. Desviei de todas elas enquanto saltava para trás, quando elas atingiam o chão, elas explodiam. Ele deve ter atirado várias delas ao mesmo tempo quando acertou o Prédio Central, por isso a explosão pareceu apenas uma, mas foi em vários lugares.
Eu queria lançar uma bomba de água contra ele, mas isto poderia destruir grande parte da cidade. Ele avançou contra mim novamente, tentando me acertar com suas garras. Eu desviei para o lado e tentei contra-atacar com minha espada, consegui acertar o braço dele, causando um corte bem fundo.
— Sua pestinha atrevida! — disse ele, avançando ferozmente contra mim.
Quando ele tentou me atacar, eu criei um escudo de água, e ele acertou seu soco no escudo. Rapidamente fiz meu escudo se envolver em volta dele como uma prisão de água em forma de esfera. Ele tentou escapar, mas eu consegui prendê-lo, e então, retirei todo o ar de dentro da esfera, fazendo com que ele se afogasse. Ele cuspiu uma bola de fogo tentando destruir minha esfera, mas a explosão afetou apenas a ele. Eu aumentei a pressão da água dentro da esfera para tentar esmagá-lo. Em poucos minutos consegui acabar com ele.
Desfiz minha prisão de água e fui verificá-lo. Realmente estava morto.
Olhei em volta e vi o estrago que ele fez. Ele não era tão forte assim. Mas o perigo era sua habilidade. Se uma daquelas bolas de fogo tivesse me acertado, poderia ser meu fim. Elas são muito perigosas, por isso ele conseguiu fazer tanto estrago. Mas ele não era tão rápido e nem tão forte, por isso não tive tantas dificuldades.
Me lembrei que Breezy havia ido atrás de Sheal. Corri para fora da Muralha, vi que vários caçadores estavam caídos ao chão e alguns estavam machucados. Com certeza foram pegos de surpresa pelo ataque daquele Slayer. Pensei em ajudá-los, mas ficar ali com eles não era a melhor escolha. Se eu quisesse realmente protegê-los, precisava primeiro acabar com todas as ameaças.
Corri para dentro da floresta por mais de quinhentos metros, até que vi alguns vestígios de luta: tinha duas árvores quebradas ao meio, o chão todo cheio de rastros como se fossem passos de uma luta. Ouvi um grito à minha frente e corri para ver o que era.
Meus olhos se arregalaram e eu fiquei paralisada quando vi Sheal com as asas abertas, flutuando à poucos centímetros acima do chão, segurando Breezy toda machucada pelo pescoço.
— Não! — murmurei, com a voz trêmula.

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