Andei por horas e o caminho parecia não ter fim. Não conseguia correr, afinal meu corpo inteiro doía e eu estava muito cansada.
Quando estava quase chegando, vi Breezy me esperando à frente do portão; ela me avistou e correu até mim. Alguns Caçadores que estavam como sentinelas também me viram, mas eles não saíram de seus postos porque viram Breezy vindo até mim. Quando chegou perto, ela se assustou: seus olhos se arregalaram, ela ficou de queixo caído, tapando a boca com uma das mãos e olhando para mim.
- A-Ayumi? O que aconteceu? - perguntou ela, gaguejando. Percebi o quanto ela estava espantada enquanto me olhava; seus olhos tremiam. - Quem fez isso com você?
Não consegui responder. Tentei dar mais um passo, porém perdi minhas forças e caí de frente, mas Breezy me segurou com um abraço.
- Me leva para... o meu quarto, por favor - pedi, falando baixinho e com os olhos fechados.
- Eu deveria te levar para a enfermaria. Você está péssima.
- N-não, por favor! Apenas... me leva... ao meu quarto. Por favor, Breezy! - pedi, quase sem forças.
- Ah! Tudo bem! Venha aqui - ela me pegou em seu colo. - Caramba! Você é pesada! Tem que diminuir o consumo de carne.
- Não é hora... para isso... sua idiota - falei baixinho e de forma lenta, quase sem emitir som.
- Me desculpa... irei levá-la ao seu quarto.
- Obri... gada!
Ela me carregou até o Prédio Central. Chegando lá, pedi para ela me pôr no chão, mas ela insistiu em me levar até meu quarto.
Os corredores estavam vazios, todos os caçadores já estavam dormindo exceto os que estavam como sentinelas. Quando estávamos andando pelo corredor do meu quarto ela perguntou:
- Você sabe que horas são?
- Não - respondi, massageando meus olhos com os dedos.
- Quase quatro da manhã. Você me deixou preocupada. Nunca havia demorado tanto assim para voltar.
- Me desculpa! - pedi, evitando olhar para os olhos dela.
- Não precisa se desculpar. Pelo jeito não foi nada fácil lá fora. Mas estou feliz de você estar pelo menos viva, eu diria inteira, mas...
- Cale a boca - a interrompi.
- Era brincadeira, dona Azuki.
- Eu sei, mas não estou no clima para isso.
- Está bem, vou parar. - Chegamos à porta do meu quarto e ela me pôs no chão com cuidado. - Consegue andar, né? - ela perguntou, segurando meus braços para eu não cair.
- Sim. Vou tomar banho - falei, enquanto entrava em meu quarto com o apoio dela.
Peguei minha toalha, e andei em direção ao banheiro.
- Você não quer ajuda? - perguntou ela, com um sorriso malicioso.
- Claro que não. Está ficando maluca?
- Eu só estou brincando. Seu humor está péssimo hoje.
- Olha para minha situação. Como você quer que eu fique de bom humor?
- Está bem, dona Azuki Ayumi, eu vou... - fechei a porta do banheiro, antes que ela pudesse terminar - ...esperar aqui. Nossa! Que malvada! - disse ela, em tom de ironia.
Fiquei embaixo do chuveiro por uns dez minutos, enquanto me lembrava daquela luta, daqueles olhos vermelhos, do choque, das palavras dele dizendo que não se alimentava de humanos. Será que era verdade? Se bem que se ele quisesse, ele poderia ter me matado, mas ele deixou eu voltar para casa. Será que isso é algum tipo de plano? Ou será que ele realmente estava falando a verdade?
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Fúria Das Águas
FantasyEm Fúria Das Águas, acompanhamos a vida de Ayumi, uma jovem que perde seus pais no início da história quando tinha apenas 9 anos, e foi salva pelo líder dos Caçadores, tornando-se assim membro deste grupo. Ayumi possui habilidades de manipulação da...