Protection: A Dois Passos de Você | yuwin

À Ferro e Fogo

Olá pessoinhas ><

não vou enrolar muito, pq de enrolação já basta a espera absurda de vcs para lerem um cap pronto... peço desculpas pq, como leitora, sei o quanto é frustrante a espera e a reconexão quando rola essas demoras. tb quero que isso melhore :') 

aos que permanecem aqui, muito muito obrigada por não terem nos abandonado <3

e boa leitura ~ e não deixem de comentar e votar, porfavorzinho 

👑

A brisa era fresca e carregava um suave aroma de musgo perto do lago. O pouco que escapava do céu por entre as nuvens cinzentas formava um labirinto celeste, um quadro delicado que fazia parecer que um dia ensolarado lutava incessantemente para se libertar do presságio de chuva.

Mas sem sucesso. As nuvens continuavam cinzas, escondendo o céu e o sol. E Seulgi continuava desacordada, a luz dos olhos castanhos ainda escondida pelas pálpebras cerradas, o calor das bochechas substituído por uma palidez úmida e fria.

Fechei os olhos quando a brisa fez meus cabelos dançarem e respirei fundo. Quatro dias se passaram desde o banquete e tudo o que eu queria era ficar ao lado de Seulgi até que ela despertasse, que seus olhos me encontrassem quando ela finalmente se recuperasse e visse que eu não a tinha deixado sozinha.

— Alteza.

Eu pisquei lentamente enquanto suspirava. Minhas obrigações não me permitiam fazer o que eu queria ou estar onde eu gostaria de estar. Na verdade, nos últimos dias, tudo o que minhas obrigações fizeram foram me inundar com essa sensação de sufocamento. O príncipe Zuho ainda era nosso convidado, ainda era minha função prezar pelo seu bem-estar. Ao mesmo tempo em que precisava acalmar os ânimos nos corredores porque, desde o colapso da princesa, a atmosfera parecia ter sido contaminada por um sentimento pungente e constante de desânimo e preocupação.

O senhor Kang mal saía do lado dela, e não era como se eu não confiasse em seus talentos, mas cada dia que eu abria meus olhos e ela continuava com os dela fechados, a angústia aumentava um pouco mais e ficava um pouco mais difícil seguir com todo esse teatro.

— Precisamos voltar.

Olhei Yuta sobre meu ombro. Ele permanecia forte e confiável como uma rocha, mas eu já conseguia perceber as manchas escuras sob seus olhos. Há quatro dias eu mal dormia, o que significava que ele também não. Mesmo que não fosse seu turno de me guardar, Yuta parecia sentir quando eu não estava bem. Na noite em que fugi do meu quarto e me esgueirei até o Pavilhão Perdido, nem mesmo o guarda em minha porta percebeu. Mas Yuta estava lá, dez minutos depois de eu mesmo ter chegado e acendido todas as velas. Ele não disse nada, eu também não o questionei. Apenas usei seus braços de abrigo e senti o calor do seu peito derreter 1% da angústia corrosiva que parecia me matar lentamente nos últimos dias.

— Precisamos — respondi, observando o lago pela última vez.

Eu me permitia fugir por dez minutos todos os dias. Dez minutos longe das criadas, do príncipe Zuho e do quarto de Seulgi. Yuta vinha comigo e me guardava dois passos atrás. Eu achei que continuaria sendo engolido por aquela sensação de solidão que caminhava ao meu lado, mas dessa vez, com tanto ocupando minha mente e tumultuando meu coração, era bom ter dez minutos em que eu poderia tentar desembaraçar minha própria bagunça. Yuta não estava me deixando sozinho, ele me dava exatamente o espaço que eu precisava para lidar comigo mesmo.

Antes de voltarmos, eu o olhei solenemente. Eu podia sentir que o cansaço inundava meu rosto e a pressão pesava meus ombros. Minhas costas doíam e para cada passo que eu dava, eu sentia que precisava exercer a força de dez homens. Yuta era a minha única constante. Eu sabia que mesmo se esse peso me fizesse tropeçar, ele estaria lá para me segurar. Sempre que eu olhasse sobre os ombros, meus olhos encontrariam os seus. Ele era a única fração confiável da minha vida nesse momento e o suspiro que soltei enquanto o olhava carregava a nota mais sincera de gratidão.