A Devassidão Sobre Nossas Cabeças

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oi pessoinhas ><

hj temos daqueles caps que talvez nao pareçam tao legais, mas são necessários para conectar a história. existe a narração não muito aprofundada de cadáveres em uma parte do cap, nada mt profundo, mas deixo o aviso a quem for mais sensivel.

boa leitura e não deixem de intergir ~

👑

As lanternas penduradas nos estabelecimentos noturnos eram toda a iluminação que tínhamos enquanto caminhávamos pelas ruas mergulhadas no breu. Mulheres com maquiagem demais e roupas de menos tentavam esconder sorrisos despudorados por trás de leques de segunda mão, exibindo ombros pálidos e coxas magras em um convite escancarado antes de entrarem em algum estabelecimento que já exalava o odor pungente do álcool e do suor. Eu me encolhia quando elas se aproximavam demais, vergonhosamente enojado de suas figuras e sentindo um nó estranho em meu coração quando imaginava o que elas vendiam por trás das portas fechadas dos bares.

— Sicheng — o chamado de Yuta me fez desviar o olhar de uma dupla de mulheres que acompanhavam um soldado até as partes internas de um bar, olhando para ele para encontrar suas sobrancelhas franzidas enquanto lia a cena. Quando voltou a falar, Yuta tinha um sorriso enviesado que eu já conhecia — Quer entrar para conhecer?

— Cala a boca — o empurrei enquanto nos aproximávamos de um restaurante mais discreto do lado oposto aos bares. A madeira parecia gasta e mofada ao ponto de ranger sôfrega enquanto subíamos os degraus — Para onde estamos indo, de toda forma?

— Encontrar nossa carona — ele disse simplesmente e abriu a porta do estabelecimento, segurando-a para que nós três passássemos na frente.

Jisung tinha vestido Chenle em camadas grossas de roupa e prendido seus cabelos em um coque alto que não deixava um mísero fio para fora do lugar, o pequeno Baohuren apertado firmemente contra o corpo por um braço enquanto o outro não parecia disposto a soltar a mão do irmão mais velho. Jisung tinha uma bolsa de pano duas vezes o tamanho de Chenle nas costas — mesmo que poucos, seus pertences juntos pesavam em seus ombros e ele não cogitou a ideia de deixá-los para trás. Mesmo sem esboçar grandes reações, eu podia ver no esmero que Jisung tinha escolhido suas melhores roupas o quanto aquela mudança, apesar de assustadora, era importante para eles. Eu podia ver em seus olhos aquele brilho incandescente de esperança.

— Consegue vê-lo? — foi Jisung quem perguntou enquanto corria os olhos pequenos e redondos pelo salão lotado de mesas vazias.

Talvez as melhores atrações fossem aquelas do outro lado da rua, mas apesar do triste tom cinza que adornava as paredes de madeira velha, eu tinha certeza que me sentiria mais confortável ali do que com as mulheres de sorrisos jocosos e homens com cheiro de álcool. Pequenas lanterna de papel se penduravam debilmente em uma tentativa falha de tornar o lugar mais aconchegante para os três clientes que comiam silenciosamente seu jantar. Talvez por isso não tenha sido dificil para Yuta nos guiar até um deles, aquele sentado mais peto da porta dos fundos, concentrado em um arroz empapado que parecia descer sem graça por sua garganta.

— Senhor Liu?

O homem atendeu ao nome com apenas o arquear dos olhos, o corpo ainda inclinado para frente enquanto mastigava o arroz empapado. Pequenas porções de kimchi e um vegetal verde refogado que não reconheci esperavam a vez para serem apreciados. Apesar do "senhor" que precedeu seu nome, o comerciante quieto não parecia tão velho assim. Ele tinha lábios cheios adornados por uma barba fina, cabelos seguros por uma faixa verde musgo que já começavam a afrouxar o aperto do coque, um fio ou outro saindo do lugar. Tinha olhos duros, mas não exatamente hostis naquele formato amendoado. O nariz pequeno o tornava jovial, mas o porte forte do corpo e a postura ao nos olhar com mais atenção me fez perceber que ele provavelmente já vivia a terceira década de vida.

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