🥀 - 1.1

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Já fazia duas semanas. 

Não que eu estivesse contando os dias desde que Jennie me disse para esquecê-la. Na verdade, não andava pensando muito nisso. Mas, em consequência, afundei a cara nos estudos, focada até demais em me sair bem nas últimas provas do ano.

Ia me formar em menos de duas semanas; o baile estava sendo planejado, as pessoas estavam enlouquecendo em busca de um par para a festa, cada vez mais eu me focava em me sair bem nas avaliações, e Rosé começava a reclamar do fato de eu não parar de estudar.

— Não, Rosie. Amanhã tem prova, e é melhor você estudar também.

— Você passou a semana inteira me ajudando a estudar, você não cansa mesmo?

— Você deveria revisar o assunto.

— Já chega. Fecha esse caderno e vem comigo assistir o filme — ela pediu, já fechando o caderno e me puxando pelo punho com mais força do que realmente deveria.

Por causa dela, passei a noite fora de casa. Primeiro fomos ao shopping, entrando de loja em loja para ver roupas das quais não tínhamos dinheiro para comprar; depois de comprarmos o ingresso para o filme, cujo esse Roseanne estava louca para ver, esperamos na fila para comprar um balde de pipoca, já que Rosé não consegue assistir nada sem estar comendo algo. 

O filme não foi tão legal quanto Rosé imaginou, passou o caminho inteiro até a parte externa do shopping julgando e dizendo o quanto esperava mais daquele longa, mostrando a insatisfação de como o filme foi finalizado, dizendo que eles provavelmente ficaram com preguiça, disseram "o filme já tá ruim mesmo" e então "fizeram qualquer merda no final", de acordo com ela.

Mais tarde ela insistiu para que fôssemos à um cibercafé, usando como explicação o fato de estar começando a ficar com fome e queria jogar algo para se divertir. Pediu uma porção de Carbonara, uma Coca-Cola e, dizendo ser para completar, pediu Tanghulu, tudo isso enquanto jogava algum jogo de tiro.

— Eu não quero. — Já era de se esperar. Ela capotou de uma hora para outra assim que chegamos em casa e trocamos de roupa e agora estava reclamando sobre não querer acordar e estar com a barriga doendo e cansada demais para ir para a escola.

— Eu te falei que era melhor ficar em casa pra estudar. —Puxei ela até que estivesse sentada na minha cama.

Lembrei do dia em que ela parou de usar o colchonete que minha mãe tinha comprado apenas para ela. A lembrança me fez rir, porque lembrava de como eu insisti para fazê-la mudar de ideia e perder essa timidez de dividir a cama comigo. Dormimos abraçadas aquele dia, e acordei com os cabelos dela na minha cara.

— Tá. Eu já vou — cedeu, com a voz tristonha e sonolenta. Se levantou tão devagar que tive de empurrá-la até dentro do banheiro para apressar as coisas.

Chegamos na escola alguns minutos antes do sinal tocar e sinalizar que deveríamos estar dentro de sala.

As mesas estavam mais distantes umas das outras por precaução, já que sempre tinha aqueles atrevidos que tentavam olhar pelo dos outros, sem se ligar de que o colega ao lado pode estar pior do que si.

Olhei ao redor da sala. Uns estavam tranquilos e despreocupados — talvez confiantes o suficiente para não se importar se iria fracassar (porque sabia que não ia), talvez porque não ligavam, já que sabiam que iriam fracassar e sequer tentariam. Poucos estavam nervosos, quietos, revisando a matéria uma última vez, batucando o pé no chão, ansiosos.

Eu era um deles.

E, por incrível que pareça, Roseanne também era. Balançava o pé direito enquanto tinha as pernas cruzadas debaixo da mesa, a cabeça apoiada na mão enquanto relia as anotações que fez.

Quando a porta se abriu, depois de todos os alunos estarem sentados, levantei o olhar e lá estava ela outra vez. Linda, sempre. Elegante, profissional.

As aulas dela — depois do ocorrido que acabou comigo — costumavam ser demoradas e quase insuportáveis. Não conseguia suportar olhar para ela e saber que ela evitava procurar pelos meus olhos, porque eu sentia que ela estava fugindo de mim. Não conseguia suportar a ideia de que não daríamos certo. Não conseguia ficar longe dela daquela maneira. 

Mas agora eu conseguia conviver com aquela dor.

Não superei. É claro que não. Uma paixão não se supera tão fácil e rápido. Apenas aprendi a suportar, e ainda tentava muito ignorar, só que era difícil já que eu tinha muitas aulas com ela. Passei a aceitar o que ela aparentava sentir, apesar de sempre me pegar pensando e repensando se ela sentia mesmo aquilo que eu criei na minha cabeça.

Se realmente não sentisse nada por mim do jeito que eu imaginava, por que me deixou chegar perto? Por que me deixou conhecê-la melhor e, além de tudo, invadir seu espaço pessoal, invadir sua roupa e o meio de suas pernas?

Demorei para fazer a prova. O olhar que Jennie trocara comigo depois de fechar a porta atrás de si me deixara desconcertada e fez com que me concentrar nas palavras que lia fosse um trabalho difícil. Me esforcei para deixar meus olhos nas folhas de papel.

Meu futuro dependia daquilo.

Jennie poderia ter sido o meu futuro. Jennie era o meu futuro.

my teacher - jenlisaOnde histórias criam vida. Descubra agora