🥀 - 1.0

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Não sabia exatamente quando aquele desejo por Jennie passou a ser algo a mais do que apenas atração. Não fazia ideia de quando que meu coração começou a bater acelerado toda vez que a via entrando na sala e fazendo contato visual comigo de imediato. Não imaginei que pudesse sonhar com inúmeros cenários diferentes envolvendo ela.

Mas aqui estava Lalisa Manoban, com o coração acelerado e a barriga revirada de cabeça para baixo quando Jennie entrou na sala com rabo de cavalo e uma franja recém feita.

Jennie tinha ficado tão linda daquele jeito.

A roupa era do mesmo estilo de sempre, mas para olhos apaixonados como os meus, aquela era a roupa mais bonita que Jennie já vestira na semana.

Jennie sempre ficou bem em calça skinny, apesar de eu não gostar nem um pouco do modelo, mas ali, com calça pantalona, ela parecia tão linda que chegava a ser surreal. Usava também um moletom grosso, já que não parava mais de chover e o frio já tinha dominado a pequena cidade, e uma blusa azul bebê que contrastava com o jeans claro e o casaco branco.

Mas ela sequer olhou pra mim.

Jennie Kim, pela primeira vez durante aquele mês, não olhou para mim nem um momento sequer durante as 1 hora e 40 minutos de aula. Falou com outros alunos, tirou as dúvidas deles, explicou tudo o que tinha para explicar, mas não olhou para mim. Por quê?

— Lisa, o que deu em você? — Sana perguntou assim que a professora saiu da sala após o sinal tocar. A olhei depois de encarar a porta pela qual Jennie saiu por alguns segundos e dei de ombros. — Você não passa mais o recreio com a gente — ergueu um dedo —, fica a aula inteira na sua, como sempre — e outro —, e não fala mais com a gente. — E por fim o dedo anelar foi erguido junto com o indicador e o do meio. — Quer contar pras suas únicas amigas o que aconteceu com você?

Nada, ia dizer, mas parei antes de completar o raciocínio. Sana tinha razão, afinal. Tinha negligenciado minhas duas melhores amigas apenas para ficar com uma pessoa que agora estava me ignorando.

— Desculpa — murmurei, baixando o olhar. — Nada aconteceu — menti —, eu só...

— Com quem você tem passado os recreios?

Me levantei em um solavanco e corri para fora da sala. Andei apressada pelo vasto corredor, procurando por Jennie, que por sorte não estava na sala dos professores, e sim fora dela, conversando com o professor de filosofia, cujo esse era tão alto que quase escondia Jennie.

— Com licença — pedi, e ambas as atenções se voltaram em minha direção. — Jen... Professora Kim, precisamos conversar.

— Não precisamos, não.

— Precisamos. 

— Vou deixá-las a sós — o professor avisou, abrindo a porta da sala restrita apenas para educadores e sumindo.

— Jennie...

— Lisa, precisamos parar com isso. Se nos descobrirem, vai ser ruim pra você e com certeza vai ser ruim pra mim. Então, não fale mais comigo se não for sobre algo envolvendo a matéria. As provas do quarto bimestre estão chegando, se concentre em estudar e esqueça disso, tá bom? Você é uma ótima aluna, Manoban. — Sorriu e entrou na sala.

Merda. Tinha vontade de gritar isso diversas vezes.

Merda, merda, merda. 

Mas Jennie era outra que tinha razão. Não podíamos fazer isso desde o princípio, mas fomos lá e fizemos tudo o que não era para a gente fazer. Não era para a gente ter virado amiga, nem passado tempo demais uma com a outra, quanto menos ter o tipo de intimidade que tínhamos e ter trocado muito mais do que saliva e beijos.

Se concentre em estudar e esqueça disso?

Foi o pior fora que eu já levei em toda a minha vida, mas conseguiu ser o fora que mais doeu dentre todos. Foi realmente um fora?

Respirei fundo e continuei encarando a porta por onde ela desapareceu, imaginando se ela estava machucada com a coisa que fez ou se fez aquilo pra não me machucar por não sentir a mesma coisa.

Jennie sentia a mesma coisa?

— Ela tá ali. — Ouvi Rosé murmurar e me virei imediatamente na direção dela.Vi sua expressão mudar assim que seus olhos pousaram em meu rosto. Estava tão óbvio assim?

Ela franziu a testa, parada no lugar, inclinou a cabeça para o lado, e um ponto de interrogação apareceu bem acima de sua cabeça. Era curiosa demais, e eu adorava isso nela, apesar de muitas vezes irritar.

Corri até ela, não dei tempo de ela questionar algo, não por não querer, mas por não conseguir responder nada no momento. Me encaixei em seu corpo, me abaixando um pouquinho para conseguir esconder o rosto em seu pescoço.

Ela devolveu o abraço apesar de estar irritada comigo, apesar de eu não estar sendo uma amiga presente.

Ela me confortou, me ouviu falar por alguns minutos, me aconselhou e me fez esquecer aquilo pelo menos pelo resto do dia.

Me ajudou também a focar nos estudos e me obrigou a ajudá-la a estudar, como fazíamos toda vez que as semanas de avaliações se aproximava.

Mas era impossível não pensar em Jennie sempre que eu precisava estudar sua matéria, ou toda vez que Rosé se despedia, por não poder dormir na minha casa uma outra vez, e eu ficava sozinha.

Jennie era uma paixão da qual eu não queria — nem poderia ou conseguiria — superar.

Aviso: vou mudar de user, não se esqueçam de mim, por favor.

my teacher - jenlisaOnde histórias criam vida. Descubra agora