🥀 - 1.2

516 52 2
                                    

Estava tudo mais tranquilo agora.

A semana de provas fora corrida, mas ao mesmo tempo tranquila.

E mesmo que já tivesse passado, todos continuavam tensos, mesmo depois dos resultados já terem saído.

Alguns não conseguiam aceitar a realidade: estavam se formando. Estavam mesmo indo para a faculdade e começando a vida adulta. Já os que não tiveram tanta sorte não conseguiam aceitar que fariam novamente o terceiro ano.

E, naquele momento, eu não conseguia acreditar que estaria fazendo o discurso que tanto quis fazer desde que entrei no ensino médio, que estaria usando a toga junto com o capelo azul, do mesmo jeito que gostaria quando assistia filmes de romance adolescente.

Rosé estava tão incrédula quanto eu.

— A gente vai se formar juntas, dá pra acreditar? — Foi isso o que ela exclamou, sorridente, quando eu atendi a porta para ela depois de chamá-la algumas horas antes pra ir se arrumar na minha casa.

E agora estávamos ali, em meio ao amontoado de roupas jogadas no chão e produtos de maquiagem espalhados pelo colchão, cuja roupa de cama também estava desarrumada.

Um dia antes fomos atrás de uma roupa bonita e inédita para usar, andando por todas as lojas do shopping até achar alguma que nos agradasse. Depois disso fomos procurar o vestido do baile para alugar.

— Quando eu cagar dinheiro, vou comprar vários vestidos lindos — Rosie afirmou enquanto os olhinhos se iluminavam, maravilhados com a imagem dos vestidos brilhantes.

E era tão bom vê-la sorrindo daquele jeito, reclamando que não conseguia contê-lo para poder fazer a maquiagem em paz.

No primeiro trimestre do ano, havia chorado muito por causa do boletim e das notas baixas, tinha dito que não seria capaz de finalizar o ano letivo com sucesso do mesmo jeito que tinha finalizado o ano anterior.

Se afundou em lágrimas quando pensou que não iria se formar junto comigo.

Mas ela estava ali, sorrindo mais largo do que o rosto conseguia sustentar enquanto desenhava a sobrancelha com cautela. Estava tão feliz que não conseguia nem parar de falar, mesmo que sempre tivesse sido uma pessoa tagarela.

— Você acha que assim tá bom? — Ela se virou para minha direção quando, depois de ter massageado muito as bochechas para conter o sorriso, terminou de fazer a sombra clara dos olhos.

Fiz que sim, logo voltando arrumar o cinto da minha saia cargo. A roupa não era assim tão complexa mas também não era tão simples. Aceitável para uma pós formatura, já que pretendiamos sair e comemorar depois da entrega dos diplomas.

Dei graças várias vezes por ter decidido me arrumar cedo, porque Rosé demorou mais do que deveria e quase chegamos atrasadas. Minha mãe não ajudara muito e nos prendeu dentro de casa para uma pequena sessão de fotos antes pegar a estrada até o local. Depois ainda insistiu em tirar alguma polaroids. "É pra você por no seu varal" disse como desculpa.

Depois do photobook que minha mãe decidiu fazer, entramos dentro do carro e fomos. Era difícil acalmar toda aquela ansiedade. Minha mãe não parava de sorrir e olhar para nós duas pelo retrovisor interno do carro. Rosie não parava de falar, bater palminhas e me sacudir sempre que imaginava demais.

O caminho foi longo, mas agora eu estava aqui, descendo do palco com o meu diploma depois de fazer o discurso que passei no mínimo três dias fazendo e praticando e apertado a mão do paraninfo. Minhas pernas tremiam, e meu coração queria saltar para fora e mostrar a todos o quão acelerado estava.

Estava tão nervosa que travei. Travei no fim da escada. Meus ossos congelaram e eu senti o calafrio indo das pontas dos meus dedos até o resto do meu corpo. A temperatura havia caído de uma hora para a outra e tudo pareceu parar.

Eu estava morrendo?

Aquele era o céu?

Não. Aquela era a Terra. Jennie era o céu. E o céu me encarava com um sorriso orgulhoso enquanto batia palmas.

my teacher - jenlisaOnde histórias criam vida. Descubra agora