Capítulo 3

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"A morte chegou à cidade!"

Pela segunda manhã consecutiva, Lena ficou acordada com o choque. Com o coração batendo como um trovão ensurdecedor em seus ouvidos, ela lutou para se orientar. Afastando os longos cabelos do rosto, ela tentou se lembrar se havia revivido o pesadelo.

Mais uma vez, o aviso reverberou pela sala. Desta vez ela ouviu as palavras claramente. A urgência na voz que os gritava fez com que ela se levantasse, com os olhos arregalados de preocupação.

Certamente os medos nebulosos que ela nutria não estavam prestes a se provar reais.

Não havia tempo para pensar na rapidez com que ela vestiu a túnica. Pegando os broches que havia preparado na noite anterior, prendeu-os nos ombros e depois prendeu-os nas dobras soltas ao redor da cintura com um cinto.

Jogando um leve xale de lã sobre os ombros, Lena correu na direção do grito tão rapidamente como se Kerberos, o cão do Submundo, corresse atrás dela com as três cabeças mordendo avidamente em seus calcanhares.

Entre as colunas externas do templo, ela encontrou Mercy, com os olhos arregalados de terror. Um dedo trêmulo apontou para as colinas que cercavam Delfos. Lena virou-se para ver o horror que ameaçava.

Ela levou a mão à garganta. Figuras com elmos cobriam quase todas as colinas.

As batidas frenéticas de seu coração abafaram as palavras que saíam dos lábios de Mercy. Ela se inclinou mais perto para ouvir a sacerdotisa resmungar uma palavra.

"Espartanos."

Um zumbido estranho encheu os ouvidos de Lena. Sua visão vacilou. Lutando para respirar, ela se exortou a não ceder ao pânico. Com os olhos olhando fixamente para longe, ela conseguia distinguir alguns dos emblemas gravados em cada escudo.

Mercy estava certa.

Delfos era uma cidade pacífica, então por que os espartanos estavam atacando?

Lena recostou-se na fria coluna de pedra, sua força sólida mantendo suas pernas eretas. Espartanos! Toda a região da Acaia, talvez toda a Hélade, tremeu diante deles. Ela sabia de sua terrível reputação em batalha, tinha ouvido hoplitas cidadãos de Delfos dizendo que preferiam lutar contra o Minotauro do que contra um espartano.

Um brilho ofuscante brilhou no canto do olho dela. Ela olhou para o leste, onde os primeiros raios do sol brilhavam no horizonte. Afastando-se da coluna, ela ergueu as mãos, virando-as em direção ao sol nascente.

Lena fechou os olhos, acolhendo o calor que penetrava em seu corpo frio. Ela era a alta sacerdotisa de Apolo. Se os espartanos estivessem empenhados em destruir Delfos, Apolo revelaria a ela como frustrar seus planos.

Gritos e berros somaram-se à cacofonia de barulho que enchia o templo. Abaixo dela ela podia ver pessoas já circulando, outras começando a correr em todas as direções. Ela precisava ir até elas, acalmar o pânico, organizar a fuga.

Antes que ela pudesse agir de acordo com a inclinação, alguém chamou seu nome.

Lena olhou por cima do ombro, estreitando os olhos. James estava correndo em sua direção. A expressão de medo em seu rosto de queixo fraco confirmou a crença que ela sempre teve nele. Um covarde.

"É hora de sair do templo", ordenou ele, agarrando-a com força pelo braço.

Soltando-se de seu aperto, ela esfregou vigorosamente a mão sobre a pele onde a impressão dos dedos dele ainda permanecia.

"Sair?" ela retrucou. "Voe para um local seguro se for necessário, James, já que você está tão determinado a salvar sua vida miserável. Ficarei para salvar o máximo que puder."

KARLENA - OdysseyOnde histórias criam vida. Descubra agora