Capítulo 4

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Desesperada para encontrar algum retardatário, Lena acelerou ao longo do pteroma – a passagem entre as colunas externas e as paredes da parte principal do templo. Ela encontrou duas garotas aterrorizadas agachadas na cela – o santuário interno onde ficava a estátua de Apolo. Agarrando suas mãos estendidas, ela as puxou atrás dela.

As cornetas da cidade soavam seu aviso incessante: invasores se aproximando. Impedida pelo medo da garota, ela tropeçou nos degraus de pedra que levavam à entrada secreta dos túneis abaixo da cidade.

Apenas duas pessoas sabiam como abrir a entrada: ela e James. Com o pulso batendo em sua garganta como uma batida de tambor sacrificial, ela registrou a aceleração de seu coração, rápido o suficiente para vencer o cavalo imortal, Arion, em uma corrida.

Vendo Mercy esperando entre as outras sacerdotisas, algumas soluçando, outras agarradas umas às outras como se acreditassem que iriam evitar um desastre iminente, Lena soltou seu próprio soluço de alívio ao se juntar a elas.

"Venham por aqui." Ela correu em direção aos degraus que levavam mais abaixo do templo.

Um olhar mostrou que elas a seguiram sem questionar. Exceto Mercy.

Lena correu de volta para ela. Alcançando a mão de Mercy, ela puxou na direção da entrada subterrânea. Encontrando resistência, ela escorregou, os pés lutando descontroladamente para encontrar o equilíbrio. Pressionando a mão na cintura quando a recuperou, ela murmurou uma oração de agradecimento. Uma lesão seria insustentável dada a situação em que ela se encontrava.

"Qual é o problema?" Ela lançou à sacerdotisa um olhar preocupado. "Precisamos nos apressar para que eu possa selar a entrada atrás de você antes que alguém nos encontre."

"Então você deve vir conosco, Lena, ou está com fome de mais glória?" Mercy acusou com uma voz irritada. "Por que você deveria ficar aqui para ser sacrificada?"

A boca de Lena abriu e fechou, precioso tempo perdido tentando encontrar palavras.

"Que glória?" Ela olhou para Mercy, o sangue esfriando. Uma luz estranha brilhou nos olhos da outra mulher. Uma mistura de inveja e malícia, levando Lena a dar um passo para trás. "Não fico pela glória, mas para orar pela salvação da nossa cidade e de todo o nosso povo. Se você quiser ficar comigo para orar, então fique, senão eu lhe imploro, fuja para um lugar seguro."

Testemunhando o meio sorriso malicioso se espalhando pelo rosto de Mercy, um arrepio percorreu Lena.

"Eu irei se você insistir", disse Mercy, arqueando a sobrancelha. "James não ficará satisfeito por você ter escolhido ficar para trás, mas ele sempre lhe mostrou favores especiais."

"James é um tolo e você também será se não escapar imediatamente."

Por que Mercy escolheu esse momento para se entregar a ciúmes mesquinhos? Bem, ela não lhe daria a satisfação de discuti-los na frente das outras sacerdotisas, que pareciam ter esquecido o seu terror e estavam ouvindo avidamente.

"Chega dessa tolice. Agora venha."

As outras não hesitaram, agarrando-se à sua túnica na crença de que ela as levaria à salvação. Lena arrastou-as atrás dela até chegar a uma seção familiar da parede. As pontas dos dedos traçaram a rocha sólida, localizando a costura quase invisível. Usando seu peso corporal, ela empurrou contra ele. A porta oculta abria-se para uma câmara, provocando suspiros de alívio surpreso de suas companheiras.

"Este túnel irá levá-las em segurança para além da cidade e fora da vista de onde os espartanos se concentraram", ela disse a elas. "Não pare, não volte atrás, não importa o que você possa ver ou ouvir."

KARLENA - OdysseyOnde histórias criam vida. Descubra agora