Capítulo 25

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Tão perto.

Perto o suficiente para sentir o cheiro do medo deles.

Kara ignorou o suor escorrendo pelos olhos. Distrair-se agora era convidar o golpe de uma arma inimiga em um membro ou pescoço exposto. Ela gritou sobre o choque de armas, incitando seus colegas, sentindo o ar batendo em seus pulmões. Eles se moviam em uníssono, enfiando lanças com precisão mortal entre seus pesados escudos cobertos de bronze, esmagando a falange adversária.

Quase lá.

A intenção fria e impiedosa a levou cuidadosamente para mais perto dos dois homens que não escapariam da punição quando ela os alcançasse.

Murmurando uma prece para Ares, Kara apoiou todas as suas forças no escudo e empurrou. Sentiu as fileiras de homens atrás dela avançarem, como se estivessem dotados de um poder sobre-humano, empurrando-a para as linhas de guerreiros de Delfos.

Kara avançou, os inimigos caindo a seus pés como folhas secas em um vento forte.

"Vocês acham que conseguem me derrubar?!", ela rugiu.

Dois atacantes correram para desafiá-la. Atirando sua lança em um deles, Kara bateu no outro com seu escudo, despachando ambos rapidamente.

O caminho para os alvos escolhidos estava aberto.

Num piscar de olhos a cena mudou.

Ela viu um hoplita inimigo se desvencilhar da batalha principal. Viu Lionel prestes a atropelar o alto sacerdote com um xifo. Viu o hoplita derrubar Lionel com um golpe na nuca e soltar James.

Kara soltou uma maldição alta. Ninguém além dela faria o traidor pagar.

Um sussurro de movimento a avisou segundos antes de ela instintivamente se agachar e girar a tempo de se livrar de outro atacante, como se o homem não fosse mais que uma mosca.

Ela se virou e viu James boquiaberto, o horror congelando a expressão do sacerdote enquanto Kara caminhava em sua direção, com a lança manchada de sangue em punho. Ela enfrentou o olhar enlouquecido do alto sacerdote com um olhar impiedoso, acolheu com satisfação a onda de sangue que subiu à sua cabeça quando o covarde fugiu. Kara correu atrás dele, pronta para desferir um golpe fatal em qualquer um que fosse tolo o suficiente para ficar em seu caminho.

Um pensamento reinou em sua mente: matar James.

Kara manteve o ritmo constante. Quanto mais corria, mais fácil respirava, resistência cultivada ao longo de anos de corrida de longa distância. Seus pés calçados com sandálias, imunes ao desconforto, apreciavam o desafio do chão pedregoso abaixo deles. Ao contrário do alto sacerdote que estava à frente, que escorregava e tropeçava, buscando o caminho mais fácil.

Kara bufou de desgosto com essa demonstração de fraqueza.

Um campo gramado surgia à direita. Ela calculou que James chegaria primeiro e tentaria correr em direção à cobertura de árvores além. Provando que ela estava certa, James correu pelo terreno plano no momento em que a alcançou, com a capa fluindo atrás dele, traindo seu desespero para escapar.

Hora de encerrar a perseguição. Hora de ficar de pé e lutar. Nenhuma piedade suavizou seu coração quando ele aumentou sua velocidade, movendo-se para o lado para direcionar seu ataque e então jogou a arma pesada na direção de James.

A lança atingiu o alvo. Um sorriso frio e triunfante curvou a boca de Kara, vendo a capa esvoaçante perfurada, exatamente como ela pretendia, a ponta de bronze cravada no chão, acompanhada pelo grito de terror surpreso de James ao cair.

Explorando suas reservas de energia, ela correu os últimos passos até o homem caído, que puxou violentamente sua capa. A fúria consumiu Kara quando James, desistindo da capa, tentou puxar a lança do chão.

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