Capítulo 24

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Apolo! Me ajude!

Lena olhou para os olhos de pedra que olhavam para ela, imóveis, mas no fundo do seu coração, ela mantinha uma crença inabalável - que neste dia, o deus a quem ela servia ouviria e concederia as suas orações.

A coroa sagrada repousava entre seus pés. Seu brilho atraiu seu olhar para a brilhante pedra de safira, seu brilho azul profundo lançando um brilho luminescente sobre as paredes da caverna. A lenda afirmava que o próprio Apolo colocou a gema dentro da argola de ouro, dotando-a do poder de adivinhar a verdade, de ver o futuro.

Um raio de sol irrompeu pela pequena fissura no teto rochoso. Ela piscou incessantemente para difundir a luz ofuscante que quase cegava seus olhos.

A energia nervosa subiu e desceu por sua espinha.

Ela permaneceria sã, mesmo viva, depois de usá-la?

Ela não queria morrer. Ela precisava viver. Para aprender o segredo de seu passado. Para deixar para trás a desolação que assolava sua vida.

Acima de tudo, ela ansiava por saber se ela e Kara tinham alguma chance de viver juntas.

Kara, a mulher que ela amava, agora luta pela sua vida, por Esparta e pelo seu direito de procurar a verdade.

Uma pontada de inquietação invadiu sua mente. Lena cerrou as mãos – ela não cederia. Juntas, ela e Kara superaram tantos obstáculos para chegar até aqui, que falhar agora era impensável.

Afastando as dúvidas malévolas, seus olhos pousaram sobre o arco cerimonial, com a aljava de flechas ao lado, apoiada em um dos lados do altar. Seus dedos coçavam para pegá -los e se juntar à batalha que acontecia lá fora. Ela queria que a justiça fosse feita, mas precisava confiar nos deuses e em Kara para distribuí-la.

Sua batalha estava aqui. Perder tempo pensando nas consequências não lhe daria o conhecimento que desejava.

Num estado de sonho, ela deslizou até o altar.

Um profundo silêncio reinou. Lena ouviu cada assobio que ela inalou, cada batida de seu coração batendo em seus ouvidos. Ela hesitou, sentindo o ar fresco fluindo das profundezas da caverna para sussurrar sobre sua pele, levantando os pelos finos de seus braços nus. A quietude a envolveu, pesando sobre seus membros, sufocando seus sentidos.

Fechando os olhos, ela alcançou profundamente o centro calmo do seu espírito. Naquele espaço tranquilo, ela reconheceu a causa de sua hesitação: o medo de descobrir que a desconhecida Morgana ainda vivia e ela perderia Kara para ela.

Lena entreabriu os olhos e puxou os ombros para trás, jurando lutar por seu amor.

Olhando para o rosto de seu deus, ela acreditou com fé inabalável que Apolo a ajudaria a alcançar a vitória.

Toda a sua consciência se concentrava nas mãos, avançando lenta e solenemente, enquanto seu pulso acelerava mais rápido que Bálios e Xantos, os cavalos imortais de Aquiles. Concentrando-se no ponto entre as sobrancelhas, onde no fundo de sua mente via através de olhos divinos, ela mergulhou em transe, dedos trêmulos alcançando a tiara de ouro.

"Não toque nisso, Lena."

Seu coração acelerado bateu nas costelas, parando momentaneamente e depois deslizando para um ritmo instável. Lena girou tão rapidamente que se desequilibrou, agarrando-se ao altar para amortecer a queda, com os olhos arregalados em descrença.

"Mercy! Como você chegou aqui!?"

"Sim", a outra mulher sorriu, aproximando-se, cada passo arrogante proclamando uma intenção ameaçadora. "James não quer que você use a tiara. Eu garanti a ele que faria tudo o que fosse necessário para impedi-la."

KARLENA - OdysseyOnde histórias criam vida. Descubra agora