No meio da noite, os ponteiros do relógio marcavam implacáveis 04:00 da manhã quando Biazinha foi despertada por um frio súbito que a arrepiou até a alma. Seus olhos se abriram lentamente, ainda embaçados pelo sono, enquanto ela tentava entender o que a tinha tirado daquele estado de paz. Um silêncio opressivo pairava sobre o dormitório, um silêncio tão profundo que parecia prenunciar algo sombrio. Biazinha então se levantou da cama, com os pés descalços tocando o chão frio. Assim que ela decide sair de seu quarto, seu coração começou a bater mais rápido.
À sua frente, cada porta estava adornada com velas, sua chama vacilante lançando sombras dançantes pelas paredes. Mas foi diante do quarto de Maria Eduarda que seu coração parou. O quarto estava transformado em um memorial macabro, com flores murchas, papeis manchados e objetos que evocavam lembranças dolorosas.
O que é isso? Por que... tudo isso? Eu... eu não entendo... eu não salvei ela?
Biazinha deu um passo para trás, sentindo um calafrio percorrer sua espinha quando uma figura começou a se materializar diante dela. Era o espectro de Maria Eduarda, cuja presença agora enchia o ar com uma aura sombria.
Maria Eduarda:
— Você poderia ter evitado isso... — Sussurrou o fantasma com uma voz trêmula e cheia de dor. — Você poderia ter me salvado. Eu estaria viva se não fosse por você.Biazinha:
— Mah... me desculpa... eu... eu achei que tinha te salvado...Maria Eduarda:
— MAS NÃO SALVOU! — Diz enfurecida e assim as chamas das velas ficam mais "agressivas". — Você me deixou pra morrer... sua covarde.O terror se apoderou de Biazinha. Ela dá meia volta e corre em direção à saída do dormitório, desesperada para escapar daquele pesadelo vivo. No entanto, assim que atravessou o limiar da porta, encontrou-se inexplicavelmente de volta ao quarto, presa em um ciclo sinistro e interminável.
Não, não, eu preciso sair daqui... eu... eu preciso acordar, isso não é real...
Maria Eduarda:
— Acha que isso não é real? Esse é o seu inferno, Ana Beatriz, me diga... você sente, isso? — diz estendendo as mãos.Em um simples levantar da palma da mão, Biazinha começa a sentir uma dor insuportável, como se sentisse seus ossos se quebrarem, chega a faltar para ela respirar, a dor que ela estava sentindo, era a dor que Maria sentiu ao cair do telhado do dormitório. Cada vez mais fica difícil para Biazinha respirar, seu coração que antes batia forte, agora diminui seu ritmo, de maneira que Biazinha decide aceitar o seu destino, a morte. Eis que então ao fechar os olhos, num passe de mágica, ela se sente bem novamente, ao abrir seus olhos, ela não podia acreditar no que estava a sua frente. Além do lugar conhecido, a lanchonete do parque São Francisco, a sua frente estava Adrian, mas não exatamente o Adrian que ela esperava.
Biazinha:
— Você é só outra ilusão da minha cabeça, né?Adrian:
— Infelizmente sim, eu sou um espectro do seu sonho... mas... eu ainda tenho a minha própria consciência digamos assim...Biazinha:
— Aquilo... eu... eu ia morrer... por que não me deixou?Adrian:
— Porque não é sua hora de morrer, Biazinha, você não tem tempo para morrer. Infelizmente, você não conseguiu salvar a Mah... assim como de certa forma não tem como me salvar assim...Biazinha:
— O que você quer dizer? Eu deveria desistir de você? Da Mah?Adrian:
— Não exatamente... você foi abençoada com seus poderes...Biazinha:
— Abençoada? Tá mais pra amaldiçoada...Adrian:
— Não, não mesmo... Você tem habilidades incríveis, você não está limitada a só rebobinar o tempo... você pode viajar através dele, dias, meses, anos... você só tem que querer, Ana.
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OUTRO LADO: LÁGRIMAS DO TEMPO
FanficAcompanhe uma história alternativa de Mesmo Lado. Biazinha, recém aceita na Sesi Academy, faz uma nova amizade inesperada e ainda descobre que pode rebobinar o tempo ao salvar seu novo melhor amigo, Adrian. Porém as coisas mudam quando ela descobre...