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Ficou um clima totalmente estranho depois do ocorrido, mas tentei não transparecer que isso estava me incomodando, coisa que estava sendo extremamente difícil. Cantamos os parabéns e logo depois o Davi correu até mim.

— Tê, quero tirar foto com você e Biel!

E eu não soube onde enfiar a cara, puta que pariu, pra que eu fui inventar de bancar a corajosa...

— tá, amor. Então vai chamar ele que eu vou esperar aqui. —Digo.

— não! Minha mãe não deixa eu andar pela festa sozinho! —Diz e eu reviro os olhos. Agora pronto... uma nojenta daquela.

— ok, vamo lá caçar ele.

Pego na mão do Davi e guio ele pelos lugares da festa a procura do Gabriel, que só de pensar nele me causa um grande arrepio. Avisto ele de longe e caminho até ele.

— você pede, tá? —Pergunto e ele assente. Chegamos perto dele e eu não consigo olhar diretamente em seus olhos. Igual a ele.

— Biel, eu quero tirar a nossa foto juntos agora, pode ser? —Davi pergunta e eu ignoro tudo o que tô sentindo. O carinho que o Davi tem pelo Gabriel é surreal.

— claro que pode, garotão. Bora lá. —Gabriel diz e eu caminho de volta ao lugar que iríamos tirar a foto.

Davi pede pra ficar no ombro de Martinelli e é claro que ele aceita. Fico do lado deles dois, faço uma pose e lanço um sorriso simpático para o fotógrafo. Em um instante olho para eles dois e sinto o fotógrafo tirando a foto.

Não tô sentindo uma boa impressão dessas fotos... Gabriel coloca Davi no chão e ele olha pra nós sorrindo.

— eu amo vocês! —Fala e eu sorrio.

— também amo você, garoto. —Gabriel diz.

— com licença, vou caçar a Laura. —Digo.

Acho ela sentada em uma das cadeiras ali, sozinha, no celular, bem conectada, deve estar fazendo algo bem mais útil do que eu.

— o que tá fazendo aí? —Pergunto e ela toma um susto. Uai.

— mexendo no celular, tá cega? —Pergunta.

— idiota.

— idiota é você. E outra, você ficou meio estranha, ou melhor, você tá meio estranha. Aconteceu algo? —Pergunta e eu tenho raiva por ela me conhecer tão bem.

— não, Lau. Tô normal.

— você sabe mentir. Mas as coisas que te afetam profundamente... você não consegue, de jeito nenhum. Quer saber, vou chamar o Gabriel pra te animar.

— não! —Dou quase um grito e ela arregala os olhos.

— eu... eu briguei com ele.

— sério? Posso saber o motivo?

— não, não... é besteira.

— pra você tá assim, não é besteira não, hein. Mas vou respeitar seu momento. Agora vou ali pegar meu pedaço do bolo. —Diz e sai.

Fico pensando em como eu fui deixar isso aocntecer, eu namoro, ele provavelmente tem um lance com uma menina qualquer aí, coisa que prefiro não ficar sabendo, só espero que fique por só eu e ele sabendo disso. E se ele contar pra alguém, que seja de confiança extrema, como o Fábio Vieira.

Eu já tive depressão um vez, quando meus pais me separaram. E a psicóloga disse que era porque eu pensava demais, e quando alguém perguntava o que tava acontecendo, eu omitia. E segundo ela, isso me fazia um mal danado. E eu concordei, e concordo com ela.

— no que tanto pensa, minha princesa? —Meu pai senta ao meu lado me tirando dos meus pensamentos.

— em fiz uma das maiores burradas que já fiz na vida, pai. —Digo e uma vontade imensa de chorar me invade.

— pode chorar, meu amor. Sempre com você, lembra? —Meu pai diz fazendo eu assentir e me lembrar de quando eu era criança, e adolescente...

Finalmente algumas lágrimas caem. Não consegui segurar... pra mim isso era horrível, não fazia parte da minha personalidade. Meu pai, minha mãe, a Laura, todos saberiam que eu nunca faria isso. E por que fiz isso, justo com Gabriel?

— quer me contar o que aconteceu? —Fala me fazendo relaxar em seus ombros. Mais lágrimas insistem em cair. Me preparo para contar ao meu pai, e penso se é o certo a se fazer. Mas me lembro das palavras da psicóloga, e me recordo muito mais melhor da vez em que algo difícil estava acontecendo comigo, e contei para minha mãe, e de como eu me senti melhor depois.

— eu traí o Miguel.

Olho para meu pai e ele está com os olhos levemente arregalados.

— filha, com quem? Calma, não se sinta mal, isso não faz parte de sua personalidade, essa pessoa com certeza causa um grande efeito sobre você. Não vou passar pano. Mas você se arrepende? —Ele fala. E a última frase me faz pensar, eu me arrependo?

— o ruim é isso, pai. Não se se me arrependo. —Digo e dessa vez ele me olha. Desencosto de seu ombro e olha para ele também. — foi com o Gabriel Martinelli.

— tá de brincadeira!? É sério, filha? —Pergunta e percebo que quer sorrir. Ah não.

— sim, pai. Não adianta querer sorrir. Não muda o fato de eu ainda namorar e ter ficado com outra pessoa.

— eu te entendo, meu amor. E te conheço o suficiente para saber que irá se remoer com isso os próximos das, mas não fique assim, Maitê! Eu te peço com o maior amore carinho que tenho por você. O tempo mostrará o certo. Eu te prometo, o tempo mostrará o seu futuro, e não irá se arrepender. Eu te amo, Tê. Fica calma.

E essas palavras fazem com que eu desabe mais ainda. Apoio minhas mãos em minhas coxas e escondo o rosto com as mãos, chorando.

— não chore, Maitê. Vai ficar tudo bem. —Diz e eu levanto a cabeça em direção as pessoas que estavam conversando e se divertindo. Olho para Gabriel e ele acaba que olhando para mim também, ele percebe que estou chorando, mas desvio o olhar.

— pai, você é meu herói. E eu nunca vou saber como te agradecer pode tudo que fizestes por mim. Eu amo muito você. —Digo o abraçando. Ele que tem o abraço casa.

— com licença... filha, vamos para casa. —Minha mãe chega fazendo eu e meu pai nos separarmos.

— tchau, pai. Obrigada por tudo.

— de boa, meu amor. Tamo junto. —Diz e eu sorrio com a informalidade.

— vivendo todos os dias com "adolescentes" é isso que aprende. —Minha mãe diz a ele e ele dá uma risada.

— eu escolhi isso, e é incrível.

Sorrio vendo a pequena interação entro os dois. Que saudade disso. Nos despedimos e vou caminhando com a minha mãe para fora da festa. Dou um leve abraço em Davi e saio completamente do lugar, com a Laura e minha mãe.

— eu sabia que tava havendo algo com você. Estava contando para o nosso pai o que houve, né? —Laura pergunta ao entrarmos no carro.

— não enche.

E fico em silêncio o caminho inteiro, com apenas elas duas conversando.

Coisa certa. - Gabriel Martinelli. Onde histórias criam vida. Descubra agora