O estrépito da chave rodando na fechadura parece o alarme para que Miranda esteja voltando a sua realidade. Ela suspira com certo desanimo. O barulho de seu salto ecoa pela mansão escura e silenciosa de uma madrugada que parece infinita. E ao colocar o pé no primeiro degrau da escada, a luz fraca amarela surge ao lado, chamando a atenção da mulher para olhar para lá. Lá está Stephen, sentado, solitariamente olhando para a parede a sua frente como se não tivesse notado o chegar da editora. O copo de uísque é notado na mesinha ao lado do sofá, logo abaixo da luz do abajur.
— Stephen! — Miranda exclama estranhando. Mas, sabendo que haverá cobranças.
— Quem é ele, Miranda? — O homem por fim olha para a mulher. A seriedade em seu rosto evidência seu descontentamento.
— Do que você está falando? — Miranda sente o suco biliar em sua papila gustativa.
— Não me faça de idiota, tenha um pingo de dignidade, Miranda. — A voz dele se eleva um pouco e Miranda percebe a raiva em suas expressões.
— Eu estava em um jantar de negócios com Donnatela, depois o jantar se estendeu para uma social, Stephen, já é tarde... — Miranda é interrompida pelo susto que levou ao ouvir o barulho do copo esfarelando-se ao seu lado.
Ele jogou para acertar nela, ou para ele a intenção era realmente acertar o lado direito da Miranda rente ao seu ombro?
— Você está exalando a sexo. — Ele fala entre dente aproximando dela. Sua mão firme a máscula agarra seu braço com firmeza.
— Você está me machucando! — A voz da Miranda é um misto de raiva, surpresa e medo.
— Você não tem vergonha na cara de inventar essa desculpa ridícula?
— Solte-me! — Miranda ordena entre dentes.
— É algum modelo? Não tem como negar, está na sua cara, você está com olhos apaixonados. — Ele sorrir balançando a cabeça em negação. — Você é patética, velha, frígida e agora na crise de meia ideia decidiu assumir esse papel ridículo de ter um amante. Já deu algum apartamento a ele? Um carro conversível?
— Não tem homem nenhum, Stephen. Solte-me!
— Então prove que não tem ninguém. — Ele afunda seu rosto no vão do pescoço da Miranda. Ela tenta o empurrar. — Faz meses que não transamos porque você rejeita. — Ele reclama.
Stephen violentamente rasga a blusa de Miranda, fazendo os botões soarem no piso. Os olhos azuis arregalam-se surpresos. Ela imediatamente cobre seu busto. A intenção dele era fazer sexo com ela, mas, para sua surpresa ele ver algumas marcas de dentes e chupões nas carnes vantajosa dos seus seios. A ira é evidente na face do homem que encara aquilo como um afronte. O braço dele se eleva, a mão posiciona para um tapa.
— Vai me bate? — Sai da boca da Miranda enquanto sua expressão é em descrença.
Stephen olha para sua mão ainda no alto, olha para sua outra mão que ainda aperta firme a braço da editora. Ele parece que está assimilando o que está acontecendo. O homem lentamente balança a cabeça em negação. Consternado ele solta a mulher, leva a mão na cabeça afastando-se gradualmente dela.
Miranda por sua vez, sobe as escadas com rapidez, ela se tranca em seu quarto, encosta na porta, fecha os olhos severamente e as lágrimas caem em sua face. Ela nunca cogitou contracenar algo assim. Ela nunca cogitou trair, criar mentiras sobre isso, ela nunca cogitou tantas coisas. Ela está trêmula. Ela sente vontade de ligar para Andreah, mas não faz. Ela não quer envolver a garota nesse drama familiar.
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Quem visse Miranda assim; com seu terno Armani em risca de giz, com salto alto, maquiagem e toda imponente nem desconfia que ela esteja com seu braço roxo, e que na noite passada esteve em um grande e estressante conflito conjugal. Ela sabe como ninguém esconder suas emoções.
— Diga para Nigel organizar sua equipe, quero as fotos até o final da tarde. — Miranda ordena em pé de dentro da sua sala. — Jocelyn finalizou a apresentação? — Ela pergunta tranquila.
— O modelo atrasou Miranda, agora só amanhã pela manhã! — Emily fala nervosa.
— Será que estou trabalhando apenas com incompetentes? Avise-me se ninguém está disposto a trabalhar, para que eu troque a equipe. — Miranda é irônica. — Isso é tudo! — Ela profere sentando em sua cadeira, tocando suas têmporas.
O melódico sorriso inconfundível de Andreah chama a atenção de Miranda que automaticamente sorrir sem mostrar os dentes. Ela se arruma em sua cadeira e assiste a jovem adentrar.
— Estava passando por aqui e resolvi encostar. — Ainda da porta ela cria uma desculpa para que as assistentes escutem. — Atrapalho? — O rosto desconfiado de Andreah faz Miranda mostrar os dentes em um sorriso desacreditado e um balançar de cabeça em negação para a jovem que adentra.
Miranda inventa demanda para que as duas assistentes saiam, deixando elas realmente a sós. Emily finge que é normal Miranda permitir que as duas mesas fiquem sem assistência ao mesmo tempo.
— Eu digo que você não pode vir com frequência e em qualquer oportunidade você está aqui. — Miranda reclama levantando-se e indo em direção a jovem.
— É que eu acordei pensando muito em como foi ontem. — Andreah faz uma cara sem vergonha. — Você está bem? — Andreah muda o semblante ao ver o rosto da mulher ficar tenso. Miranda recorda do após chegar em casa.
Miranda aproxima da Andreah, olha para fora do escritório e sela seus lábios aos da jovem que envolve seu pescoço com seus braços. Miranda afirma um "estou" ainda com seus lábios colados aos da garota que sorrir.
— Agradeço por não ter seguido meu pedido de evitar a Runway em horário de expediente e ter vindo. — Miranda sussurra olhando para os olhos castanhos. Ela suspira.
As mãos da jovem entram para o blazer da editora, mas não entrelaça sua cintura. Elas sobem para o busto, e ao chegar aos ombros ela o faz cair. Os olhos da jovem avista o roxo no braço da Miranda, mesmo que ela tenha se saído rapidamente de Andreah e o arrumado novamente em seu corpo em uma velocidade considerada.
— O que foi isso, Miranda? — Andreah questiona séria e preocupada.
— Eu e Stephen tivemos uma discussão calorosa. — Miranda confessa.
— Ele te...
— Não! — Miranda interrompe imediatamente a jovem. — Ele apenas segurou com força. Não passou disso.
— Você está bem? — Andreah aproxima da mulher, beijando delicadamente seu rosto.
— Estou! — Miranda demonstra sua força, de maneira alguma ela quer deixar a jovem preocupada ou que se sinta culpada.
Seus olhos se conectam em uma intensidade que reconforta Miranda, seus lábios aproximam-se e movem vagarosamente em um beijo singelo.
— Não me atrapalhe mais. — Miranda profere após o beijo.
— Quinta eu não vou te oferecer café. — Andreah fala em uma falsa revolta pela dispensa de Miranda.
— Duvido muito! — Miranda sorrir se afastando da jovem e limpando sua boca. — Preciso trabalhar. — Miranda pigarreia como se tivesse tentando voltar ao seu habitual tom glacial que usa na Runway.
— Eu também! — A jovem informa indo em direção à mulher. — Arrivederci. — Travessa ela rouba um selinho de Miranda.
— Au revoir, Andreah! — Miranda balança a cabeça em negação.
O telefone da mesa da segunda assistente toca, Andreah alarga o sorriso e aproxima da mesa pegando o aparelho. Senta em sua cadeira, Miranda assiste Andreah atender ao telefone. "Escritório da Miranda Priestly, bom dia!". Andreah cobre o lado que captura sua voz com a mão, olha para Miranda e sorrir. — Patrick na linha. — Ela informa e Miranda sorrir largamente balançando a cabeça em negação. A jovem transfere a ligação e pacificamente caminha em direção ao elevador.
Miranda atende ao telefone com uma sensação reconfortante. Ela precisava dessa visita inconsequente da garota. Ela tem certeza que precisava.
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A dança dos sentimentos
ФанфикNÃO ACEITO ADAPTAÇÕES E INSPIRAÇÕES EM CIMA DESTA FANFIC! Andreah Sachs não conseguiu o manuscrito do HP, e não voltou para a Runway, mas o destino obriga a rotina da jovem se cruzar novamente ao de Miranda, e um café semanalmente oferecido cria um...